Desde que somos crianças, é normal perguntarmos o por quê de tudo. São cerca de 300 perguntas por dia, mostrando que o instinto de curiosidade realmente nasce com a gente. Ao longo do tempo, esse número de questionamentos vai diminuindo, até mesmo por conta da quantidade de conhecimentos que vamos adquirindo no decorrer de nossas vidas. No entanto, se o número de perguntas definisse a idade de uma pessoa, eu teria o orgulho (ou não) de dizer que ainda sou uma criança.
Aliás, hoje vivo o auge da minha infância, nesse sentido. Meu curso me obriga a ser um questionador nato, já que a profissão que desejo seguir tem como princípio base a indagação. E eu amo isso, poucas coisas me fazem melhor do que me mostrar interessado em ouvir histórias alheias e poder fazer com que as pessoas compartilhem elas comigo. Mas não é só isso que questiono. Antes fosse.
Talvez poucas pessoas saibam o verdadeiro inferninho que é a mente de uma pessoa que não se satisfaz com a verdade que lhe é apresentada. Pode ser por isso que eu seja tão apaixonado por tudo que cerca as famosas teorias da conspiração. Nada melhor do que achar que tem algo por trás daquilo que é mostrado e tido como verdade absoluta. É um turbilhão de emoções e pensamentos. Minto. São poucas as emoções. É sempre a busca da razão, sem intuições.
Queria eu ser aquela pessoa intuitiva, que age da maneira que as suas sinapses nervosas a fazem agir. Incomoda achar que cada atitude sua deve ter um motivo, cada pensamento, cada fala, cada movimento. Pensar demais nem sempre é tão bom quanto se pode cogitar. Pelo contrário. Como eu queria que eu fosse um brinquedo elétrico, que tivesse um botão On/Off, o qual eu pudesse me desligar quando quisesse descansar. Tirar um momento de paz.
Já que não sou um robô, me faço valer de métodos não muito convencionais para que eu possa tentar atingir 1/10 desse sonho impossível. Não faz bem a minha saúde, mas o que faz? Viver não faz bem à saúde, então que se aproveite a vida da maneira que mais vá lhe agradar. E ainda que o pensamento excessivo e o questionamento constante me atormentem, ele também me faz ser quem eu sou. Me atribui características que por muito acreditei serem únicas, mas que, com muita felicidade, descobri estarem presentes não só em mim.
E, eis que em meio a tantos questionamentos, surgiu uma nova dúvida vinda de fora: no final das contas, sou grato ou não por ser dessa maneira? Embora eu seja um poço de indecisões, em relação a isso tenho uma resposta que dou com 100% de convicção: Sim, Sim, mil vezes Sim! Infeliz eu seria se fosse um Bob Esponja e absorvesse tudo que chega até a minha pessoa. Afinal, uma vida não questionada não merece ser vivida.
Kevin Dezap