quinta-feira, 28 de março de 2019

Sem Título 3

Na vida tem coisas que parecem a ser predestinadas o destino parece brincar conosco não é mesmo, desde muitos jovens somos induzidos a escolher o que queremos para o nosso futuro e isso parece ser muito complexo, por que durante a vida se gosta e se quer viver de muitas coisas, porém nesse caso a escolha de se fazer jornalismo pelo menos para ela parece ter sido algo natural, uma coisa do destino desde muito criança quando ainda ela brincava de fazer um jornal com amigos para contar as notícias semanais que aconteciam no seu bairro. Desde esse instante já a levavam ao que você esta vivenciando hoje.

Isso já era algo predestinado desde o momento que seus pais escolheram o seu nome né Fátima ''Bernardes'' pelo menos era assim que seus amigos a chamavam isso já parecia um sinal como você disse na sala quem diria que este bendito nome lhe daria um empurrãozinho para o que vive hoje e torço para que seja e acredito que será uma jornalista tão boa e bem sucedida como ela é. O destino até o momento quis isso e por isso acredito nele por que nada é por acaso e acho que seus pais acertaram na hora da escolha do seu nome não é mesmo, isso só o tempo dirá...
Lele do Pistinha

A lâmpada é mais embaixo

    Você tem um pedido para fazer. Vai, se arrisca, faça e não seja clichê. Saúde? Riqueza? Virar um super herói? Morar em uma mansão? Ser um cantor famoso? O que mais você quer?
     O menino de Guapimirim nunca quis nada disso, ou melhor, ele não pensou nesses pedidos porque iria conquistar um por um após a tal da oportunidade. Ele queria algo específico, transformador, reluzente. Ele queria a chance de entrar na faculdade, na UFF, mais precisamente. Alguns questionaram que era muito longe, ninguém da família tinha feito universidade, falaram até que ele não seria capaz. Pena de quem não acredita no outro, não tem fé em si mesmo. E olha só, para surpresa de uns e normalidade de outros, o menino de Guapimirim está na federal. 
     Mas foi muito difícil chegar até aqui. Ele me disse. Foram horas e horas esperando o busão. Foram dias se esforçando para mostrar a ele mesmo que era capaz de passar em uma faculdade. Foram diversas leituras próprias para falar que a escola valeu a pena, enquanto todos os recursos eram precários. Foi cansativo. 
     Vinte e quatro horas se tornou pouco para botar tantas matérias em dia e ainda cuidar da irmã que acabou de sair do colo. O relógio bate, o tempo acelera e o menino de Guapimirim continua no mesmo lugar, ele só queria que alguem chegasse e falasse: Ei, relaxa, seu tempo está dentro de você. Mas eram todos muito ocupados e ele entendia- alguém tinha que botar comida na mesa. As espinhas se tornaram o reflexo da ansiedade de todo aquele tenso momento, só foi aprender que o nome desse quadro se chama “histeria” quando finalmente fazia o que queria na universidade que escolheu.
      E aí que a gente percebe que a lâmpada é do Aladim e a gente não pode usá-la. Esquece. A vida real é feita de suor e cansaço, até mesmo para um milagre você precisa ter fé - o que parece muito difícil no mundo de hoje. Mas ta tudo bem, o esforço é recompensado e a chuva forma arco-íris.

Você conseguiu, menino.
Gato de Botas

Rara liberdade

  Ao questionar a turma sobre a escolha do curso, era familiar para aquele professor o acolhimento de um jovem ou outro que decidira mudar sua formação. Também, não é para menos, já que esperar que um jovem aos dezoito anos tenha certeza do que é certo para seu futuro é de uma grande perversidade.
  Maria Luísa, todavia, não previa seus passos, a cada novo dia, uma nova história poderia ser contada por ela. Mas não era isso que a vida era ? Um leque de possibilidades. 
  O jornalismo era o seu novo amor. Quando decidira ler sobre ossos e sobre o corpo humano, não sabia que a fisioterapia poderia ser tão cruelmente chata. E assim, terminou sua breve relação,  seguindo adiante em busca de um novo sonho.
  Malu representava a coragem que muitos Joãos gostariam de ter. Ela seria de grande ajuda na hora de noticiar a escolha da profissão não condizente aos desejos de seus pais. 
  Sua liberdade também era admirada de longe, por muitas Anas, que ao trancarem o curso na faculdade para que assim ajudassem nas despesas da casa, viram seus sonhos virarem apenas isso: sonhos.
  Ela era a personificação do que um jovem deveria ser permitido a sentir. Em um mundo onde crianças já nascem com data de validade, bom, ela apenas vivia, sem ligar para as expectativas e para os planos cruelmente já traçados para ela por alguém. Malu era seu próprio destino, dando continuidade a procura de Clarice : a verdadeira liberdade.
By a Lady

A caixa certa

Ana sabia desde pequena. No seu quarto ano de vida, escalando árvores, ela decidiu que sua
carreira não envolveria esforço físico. Aos cinco, engoliu um número e se desencantou com eles. Aos
seis, com o irmão mais novo do primeiro namoradinho de escola, ela percebeu que não tinha paciência
para crianças. Aos sete, percebeu que nem para namoradinhos. Aos oito, para a escola. Ao nove, viu
que fora feita para a verdade. Seu compromisso era fazer diferença. Seu amor era a mídia. Decidiu
enquanto escrevia o jornalzinho do bairro. Decidiu que viveria para aquilo e que seria apaixonada até
o dia que não existisse mais. No dia da proclamação, entrou na plataforma com olhos nostálgicos e
promissores. Se diluiu em uma caixa marcada refletindo todos os seus sonhos, aspirações e uma
decisão sólida.
O jornalismo era seu futuro.
~
Jorge observou com atenção. Pela primeira vez em todos os seus vinte anos. Desceu a página,
certeiro como o  de um dado de sete lados. Escolheu a opção que começava com a primeira
letra de seu nome. Sem nem pensar três vezes.
Hm…
Jornalismo…
Deve servir.
E proclamou com a marcação na caixa.
Festa Intensa

Extra, extra!

Um velho barbudo, desses andarilhos, disse distante daqui no calendário e no mapa que uma estória pra ser estória precisa de tempo, de espaço e de personagens definidos. Um homem de barba cerrada e meia-idade - seja lá o que isso for - me disse outro dia que crônicas não resultam de teoremas. Essa, como todas, entrelaça ficção com a vida ordinária, e é a síntese do que aprendi: passa-se precisamente em um lugar por aí, sabe-se lá quando, cuja protagonista é aquela menina que eu sequer sei o nome.
“Extra, extra!”, dizia a manchete de toda edição de seu jornal. Quer dizer, daquelas folhas de papel A4, preenchidas por textos que estavam nem aí para a métrica insossa dos adultos, com um título gigante feito em WordArt. Brega e singelo ao mesmo tempo. Aliás, como o “extra, extra”, termo anacrônico que aquelas crianças deviam ter visto em algum filme da Sessão da Tarde. Impressionante como a imaginação sempre é também um processo de imitação. 
Entre mini-maratonas exasperadas pelo quarteirão atrás de saquinhos de São Cosme e Damião, ensaios escondidos de High School Musical na varanda, perdas de tampão dos dedões e beibleides e joelhos ralados, crianças genuínas que eram, a menina que não sei o nome e seus três amigos que eu sei muito menos retratavam e sobretudo teciam as micro-histórias do bairro na lente de aumento infantil: o obituário lamentava que o cachorro do Seu Serafim morreu aos 17, a seção de esportes comemorava a terceira vez seguida que as meninas ganhavam dos garotos da rua de cima na queimada e a Economia dava dicas valiosas sobre como poupar o dinheiro do recreio para gastar em figurinhas da Copa. 
O que não esperavam é que o jornal fosse acabar de forma tão precoce e trágica. Foi na edição especial de Natal que o caçula da equipe editorial recebeu uma apunhalada pelas costas e teve que lidar com o pior dos spoilers infantis: “Papai Noel é uma farsa”, dizia um colunista revoltado. E sabe como é, o Jornalismo tem dessas, é muito difícil lidar com os fatos.
Um deles, paradoxo do tempo, noticiava nas entrelinhas não o que tinha acontecido, não o que vinha acontecendo, mas o que irremediavelmente viria a ser: que um dia aquela menina ganharia nome, seria nossa colega, um dia nossa amiga, quiçá amor de alguém, e sua história provocaria uma catarse coletiva, estampando uma manchete afetiva do começo de nossa jornada: Extra! Extra! Sigam a menina e tornem-se o que sempre foram.
João Cadeado

Sem Título 2

Era de se esperar que mais de duas horas fosse um tempo considerável 
para realizar uma atividade. Em duas horas, o aluno de cinema assiste seu 
quinto longa-metragem do mês. Em duas horas, o professor tira uma soneca ou o mais próximo que terá de uma noite de sono. Nos dias atuais, tudo demora ou passa muito rápido, mas pode se dizer ser um consenso: três horas em uma viagem diária é tempo demais. Em pensar que ele acorda com o sol, ajeita roupa e a cara amassada como outrora se programou. E se repetiu tanto que já se move no piloto-automático até entrar no próprio carro. Nada muito luxuoso, mas algo que resista aos buracos que encontra no asfalto pelo 
caminho. Quantas discussões a gente se trava durante o trajeto casa-trabalho em uma ida. A volta é assunto para mais tarde. Ouvindo tanta fumaça no rádio, elaborando tantas revoltas por sempre tentar conceber a realidade material e ideológica do mundo. Interessante pensar que iria um dia encontrar meu professor do ensino médio e, logo em seguida, do cursinho, sentado na mesma sala que declamando os mesmos dilemas e as mesmas tensões. Coisas que pensei ser medo de gente grande, sabendo, muito embora, que adultos não sentem medo. Ele continua a dirigir por quatro cidades todos os dias, continua a apoiar a bolsa sobre mesa e a cumprimentar a todos nos seus melhores dias, para, então, finalmente dissertar sobre aqueles mesmos dilemas e tensões aos 
que se propuserem a ouvir. Ou seriam três horas de puro prazer como um 
combustível diário ou um momento de autocuidado. Como quem diz para 
deixar o sofrimento para depois e aceitar que 260 minutos ereto e atento já é exercício demais para um só corpo. Há quem diga ser uma forma positiva de se enxergar a vida. Entre copos meio cheios e meio vazios, estamos todos no mesmo barco.
Dominique Casanorte

Pensamentos

 Eu sinceramente não sei ao certo quantas pessoas se apresentaram naquela terça-feira,minha cabeça estava em tudo menos naquela sala,falaram sobre si, onde moravam, idade,e até o último livro que leram (coisa que acredito que muitos quebraram a cabeça pra lembrar)em quanto uma falava que veio de São Paulo eu checava a hora,outro dizia que fez biologia os meus pensamentos se concentravam na naquela serie que não terminei,passar  de um por um parecia uma eternidade, uns me atraiam o suficiente pra saber porque todos estavam rindo...até que quase no final das apresentações apareceu aquela em que todos lembram por conta do ato falho mas infelizmente não me recordo o nome e nem acho necessário citar, é aquela que disse cinema no lugar de jornal porque mesmo que a mãe dela chore e consiga controlá-la a não fazer cinema não pode controlar o inconsciente dela, desejos reprimidos que ela guarda pra si mas por um deslize solta, a pergunta que não quer calar é, será que ela vai resistir a esses quatro anos no jornal ou vai recorrer ao ato falho dela e ir para cinema? Eis a questão.
Gossip Girl

Sorvete de limão

    As mãos de Mari suavam. O estômago embrulhava na hora. A perna esquerda, sempre a esquerda, balançava incessantemente enquanto cruzada sobre a outra. De acordo com o Dr. Google - mestre, também, em psicanálise – esses eram sinais de histeria. Como se não fosse suficiente o diagnóstico, esse sintoma já era o segundo estágio da coisa toda. Conteúdo recalcado, formas de escape, neurose, histeria, psicose – indeterminação do real ou imaginário. Chega! Mari bloqueou a tela do celular.
      Não era possível que um menino lhe causasse tudo isso. Não podia ser. Mas não era qualquer menino, era João, namorado de Clara. Ah, Clara. Sua melhor amiga.  Mari  e Clara estudavam juntas desde o fundamental, mas só se deram conta da existência uma da outra quando, por acidente, trocaram interações no twitter em suas contas de fã clube da One Direction. A partir daí, descobriram morar na mesma cidade, frequentar a mesma escola e, imagina só, estudar na mesma sala. Desde então, eram como unha e carne, queijo com goiabada, pipoca salgada com leite condensado, e outras demais combinações perfeitas. E aí tinha o João. 
      Mari não conseguia parar de pensar em João. Ela já havia tentado de tudo, desde meditação até um daqueles testes do BuzzFeed que no final revelam uma dica valiosa sobre a sua vida. Depois que teve o sonho com o sorvete de limão, as coisas ficaram mais difíceis ainda. Seu psicanalista concluiu que o sorvete no sonho representava o amor da sua vida, cremoso e gelado. Primeiro, Mari achou graça, era como aquela figura de linguagem- personificação- só que ao contrário. Em seguida, a ficha caiu. Ela não poderia fazer isso com Clara e estragar uma vida toda de amizade.
     Mudar de sala era uma solução. Escreveria uma carta à direção dizendo que não se adaptou à turma e queria ir para outra. Ou então poderia passar o resto da vida usando a escada de incêndio do prédio para não correr o risco de esbarrar com João – que, sim, morava no mesmo prédio que ela. Trilhões de pensamentos ocupavam tanto sua cabeça que nem percebeu a pessoa ali parada. Mari levanta a cabeça. Clara esboça um sorriso divertido, não antes de dar uma lambida no seu sorvete de limão- o seu favorito. “Vamos?”
Toninho Rodrigues

Mente inquieta

Era uma quinta-feira chuvosa em que a jovem menina de 17 anos se perdia em seus pensamentos ansiosos. Parecia mais um dia qualquer, exaustivo e conturbado, como foram todos os dia do seu terceiro ano. Até que se deu conta que o tempo estava passando e, em meio a tantas possiblidades de caminhos, nada parecia atraí-la. A sua mãe a pressionara como nunca aquele dia e suas palavras ressoaram  diversas vezes na mente inquieta da menina. Pernas que balançavam neuroticamente, unhas que não paravam de ser ruídas por um instante sequer e toda essa neurose só podia ser reflexo de sua mente aflita. Em uma tentativa súbita de se salvar de seus próprios pensamentos destrutivos, a adolescente começa a arrumar suas coisas compulsivamente, sua obsessão por organização sempre se fazia presente nessas situações. Em meio a tanto desespero, ela encontra seu diário antigo e acaba se lembrando de seu sonho de infância, que até então havia sido esquecido por ser repreendido por sua mãe na época, Assim, nesse momento de nostalgia, a menina resolve seguir seu sonho de infância recalcado e finalmente seu caminho é escolhido: o Jornalismo e, com isso, sua mente enfim conseguiu sossegar, 
Felícia Rockfeller Fe

Sorte

 Mais uma parada.  
 Mais um número indeterminado de gente entrando no transporte.
 O lugar ao meu lado no ônibus não demora muito a ser preenchido, e o silêncio é rompido segundos depois. A garota pequena de cabelos cacheados que havia ocupado o espaço perguntou se aquele ônibus estava indo mesmo para Niterói, e eu disse que sim. Sem perceber, havia dado brecha pra menina desatar a falar 
 Descobri que estava indo para faculdade, seu primeiro dia, e, apesar da viagem de Rio Bonito para Niterói, estava ansiosa e deveras animada. Passou para jornalismo, e brincou dizendo que sua escolha foi motivada pela família a chamando pelo sobrenome de sua xará que já ocupou a bancada do Jornal Nacional.
 Fiquei sabendo de suas expectativas, dos seus veteranos, das aulas que estava animada para ter. Eu nem reparei que tinha a escutado falar por mais de uma hora quando ela disse que seu ponto era o próximo. Também não tive tempo de desejar boa sorte, pois ela levantou tão rápido quanto sentou-se ao meu lado. Entretanto eu tinha certeza que ela não precisava de sorte para ter um bom período, pois aquela menina tinha garra pra ela mesma fazer isso acontecer.
Nix

Histórias desconhecidas

Falar sobre que eu não conheço é difícil demais. Tentar descobrir ou apenas deduzir quem é ou como é alguém com um semana de convivência é um desafio. O que me fez escrever sobre ela foi sua paixão por jornalismo, que destacou ser sua opção desde criança. Talvez eu esteja escrevendo, então, por que eu nunca tive essa certeza e me admira muito esse amor pela profissão.
Eu vou admitir que não sei a sua história. Mas lembro bem de ouvi-la falando sobre o quanto demora para chegar na faculdade: mais uma demonstração do quanto ela quer estar aqui – mais um motivo para admiração.
Sobre a sua vida e a do resto dos alunos eu não me sinto a vontade de sair perguntando, mas durante o curso eu vou me acostumando. Porque eu não dispenso uma discussão para conhecer melhor vidas tão diferentes. Todo mundo gosta. Só não admitem. É bom.
Vou deduzir que ela é muito inteligente, mais do que o normal. Ela sai de casa. Demora 2 horas. Chega na faculdade. Assiste a aula. Sai da faculdade. Demora 2 horas. E segue uma rotina, nem um pouco memorizada e como todos ela reclama, se questiona se é realmente necessário e chora. Vive grandes aventuras de considerar ou não seu consciente dizendo pra desistir. Mas não, ela segue em frente. Isso porque ela entende que ali é o lugar dela. Mais uma admiração para a lista.
Mas enfim, espero que sejamos amigas ou amigos, e no futuro ela possa me contar a sua historia, completa ou incompleta, inteira ou por pedaços. Não porque eu quero saber, mas porque ela quer contar.
Austen dos Anjos

Mudança

Uma das coisas mais complexas no ser humano é a sua capacidade de mudar de ideia. Sua vida está de um jeito e você percebe que na verdade não é a vida que você quer. E começa a se questionar como um dia você achou que seria feliz assim. Começar do zero novamente assusta muita gente, seja pelo medo de não dar certo, de fazer escolhas erradas, de se ver numa situação completamente nova ou de ter que ouvir os outros falando “mas você era tão boa no que fazia” ou “acho que não vai dar certo”. Por isso há tantas pessoas infelizes no mundo.
Conheci uma pessoa que já poderia ter uma carreira em biomedicina, mas que mesmo assim decidiu voltar atrás e começar um curso que realmente achava que tinha a ver com ela. Com certeza, foi difícil para ela tomar essa decisão. Descobrir que tudo o que havia planejado não era o que de fato queria. É como planejar um casamento e na última hora perceber que não é com essa pessoa que você quer casar. Já está tudo pago, todos estão sabendo e tudo está certo para começar essa nova fase da vida, mas não é exatamente o que você queria. Como mudar tudo agora? 
Aposto que foi uma escolha difícil e que muitas vezes ela se sentiu sozinha, confusa, desesperada e perdida. E aposto que muitas vezes ela ainda se sente assim. Afinal, foi uma grande escolha e é inevitável ela pensar no que estaria fazendo agora se continuasse com a profissão anterior. Será que teria um bom emprego? Um bom salário? Esse “será que” é o que faz as pessoas terem medo de mudar de ideia. Ninguém sabe o que vai acontecer e isso assusta muito! Se ver um filme de suspense já é assustador por não ter ideia da próxima cena imagina quando se trata da sua própria vida. Mas ela teve essa coragem e eu admiro muito isso. Não é todo mundo que consegue mudar de ideia e de fato mudar de vida. 
Sharpay Evans

Uma tola sonhadora

Quando a gente é criança, os limites são inexistentes. Barreiras são feitas de isopor e obstáculos são de algodão. Acreditamos firmemente nas palavras de Walt Disney: "Se você pode sonhar, você pode fazer". Assim, pintamos o cenário com cores ainda não vistas e construímos o mundo que imaginamos. Fechamos nossos olhos e um  milhão de sonhos são desenhados em nossa cabeça. 
Para Júlia, cada manhã em sua cidade era diferente. Cada nascer do sol era a certeza de algo novo poderia acontecer. Ela saía de sua casa com um olhar curioso, perspicaz e profundo. Estava sempre atenta a tudo que acontecia e deixava comunicar notícias para as pessoas. Por isso, desde pequena Júlia desejava ser jornalista. 
Com este anseio vibrando em seu coração, Júlia decidiu se reunir com alguns amigos do bairro para produzirem um jornal local e assim causar uma diferença no lugar onde moravam. Eles se reuniam diariamente para escrever matérias sobre os novos acontecimentos de cada esquina. Nada fugia dos olhos daquela fervorosa escritora. Matérias sobre os cachorros abandonados do bairro, o aumento no preço de alguns alimentos nos mercados, assaltos que ocorriam, os problemas da mobilidade urbana em sua cidade. Júlia e seus amigos eram intensos, precisos e eficientes.
Então, chega um dia em que tudo começou a mudar. Chegou o momento de ingressar na Universidade. Uma nuvem de sentimentos cerca o coração dessa futura jornalista. Alegria pela conquista, medo do novo e de como tudo será, ansiedade para enfim cursar o que sonhou desde sua infância. Agora é uma etapa distinta em sua história. Júlia escrevia matérias sobre os episódios do seu bairro, mas em breve estará escrevendo sobre eventos ocorridos no mundo todo. 
Todos podemos aprender com ela. Talvez disseram a esta pequena sonhadora sobre a dificuldade de sua profissão ou mostraram a ela que seguir o jornalismo era tolice, mas a aspiração que pulsava dentro de seu coração era maior do que qualquer realidade apresentada. Júlia não deixou de sonhar e agora cada dia na Universidade Federal Fluminense será um passo para mais perto do seu sonho. 
Quando as noites não traziam as estrelas, ela fechava os olhos e enxergava as galáxias. Quando o outono levava as flores, ela já pensava na primavera. Quando os ruídos sussurravam em seus ouvidos, ela escrevia uma nova canção. Ela não desistiu. Ela não desistirá. Portanto, como já dito na canção de Justin Hurwitz no filme "La La Land": "Um viva aos loucos que sonham por mais malucos que possam parecer ser".
Joey Tribbiani

Conexão Rio-São Paulo-Si

É difícil escrever sobre quem vem de onde eu não venho. Quais serão os vazios que aquela paulistinha sente? Qual o tamanho das suas inseguranças? Quantas vezes, depois de tantas lágrimas, ela tentou se conformar com o fato de que aqui é a sua casa agora? Não digo "lar" porque ela ainda não é íntima desse espaço, quer voltar pro ninho. Mas aqui é onde ela precisa estar agora. Querendo colo e asa, o voo já partiu. E não adianta relutar: é a realidade. 
Na teoria (e de avião), São Paulo fica a uns 40 minutos daqui, mas não pra ela. Estar no Rio significa abrir mão de estar onde seus pés sempre puderam sair do chão e voltar quando fosse preciso, significa se apavorar sem ter a mãe por perto pra segurar na mão e levá-la  à aula. Estar aqui significa ser ela mesma de novo. É reinvenção. E o tempo de viagem já não é mais uma questão. QUEM EU SOU, OU MAIS: QUEM EU POSSO SER FORA DA MINHA TERRA— essa é a pergunta que balança a mente paulista no meio do ar um pouco mais puro de Niterói. É ela nas noites em que o cansaço bate, mas o sono não vem. É ela que, no espelho, a faz conversar consigo mesma. Sem obter nenhuma resposta.
O sotaque diferente,  o jeito de prender o cabelo, a maquiagem toda certinha: quem eu sou? A pele lisinha, o estilo das roupas, o sorriso que atrai até os desavisados: eu já sou? A dedicação, o esforço pra compensar o investimento da família, a frustração de não ter ninguém de sua origem por perto: eu preciso ser.
Mas é como querer algo que já se tem. Todo mundo sabe, todo mundo vê—meio despretensiosamente, é verdade— que a paulista é. Quando, fazendo jornalismo, deixa escapar que queria um emprego como contadora, ela é. Quando se sente sozinha no meio de tantos fluminenses (existe vida além da capital do Rio), ela é. Quando não é bolacha, sendo biscoito, ela é. E quando, com o coração em São Paulo, começa a ser resiliência no Rio, não há dúvidas: ela é.
Com amor, Heloísa Dandara

quarta-feira, 27 de março de 2019

Frenética

 Não muito certa de que dia era, ela abriu os olhos, se acostumando lentamente com a claridade e com os sons que invadiam o quarto. Carros de corrida pareceriam lesmas em comparação com o ritmo frenético com o qual os pensamentos invadiam sua mente. Mesmo meros segundos depois de acordar, lá estava, pairando sorrateiramente por todas as células de seu corpo. Ansiedade. Era como se dormir fosse a única forma de desligar sua mente, como se uma bateria infinita sustentasse seu cérebro.
 O transtorno de ansiedade fazia parte de sua vida a tempos, era verdade, mas naquela semana o seu velho e inoportuno companheiro parecia fazer questão de saudá-la a todos os monentos. Horas de viagem, e se você se atrasar? Será que você vai conseguir pegar o ônibus? Você faz ideia do dinheiro que  gasta todos os dias pra isso? Seu pai sempre reclama do quão exaustivo o trabalho está se tornando, você não deveria tornar isso pior. Fechou os olhos. Suspirando, levantou-se rapidamente da cama, tentando ignorar a voz irritante com quem tinha que dividir diariamente a parte sã de sua consciência. Aquele era seu sonho há anos, e ela nunca deixaria suas inseguranças e sua saúde mental abalada atrapalharem algo que finalmente estava se tornando realidade, nem que pra isso tivesse que se afogar em seus remédios. Talvez isso não seja uma má ideia. Mais algumas pílulas e você pode acabar com tudo isso... CHEGA DESSA MERDA! O silencioso grito de sanidade foi o suficiente para que ela escapasse da espiral de paranoias que a atormentavam, e assim ela começou o dia.
 Sim, toda aquela situação era nova, diferente, e aquilo mexia com sua cabeça. As coisas não estavam acontecendo exatamente do jeito que ela haiva planejado, e talvez novas apreensões estivessem se juntando às antigas, talvez algumas questões não estivessem se resolvendo de maneira tão simples como ela pensava. Apesar de tudo isso, ela sabia que precisava continuar. Assim, caminhou pelo quarto até chegar na frente do espelho, onde via o reflexo de seus olhos brilhantes, que escondiam todo um universo dentro deles. Suspirando mais uma vez, se encarou e sorriu para si mesma. Havia sobrevivido até ali, passado por tantas situações em que se sentiu sem saída que nem ao menos poderia contar. Ela passaria por isso, tinha certeza. Sabia que conseguiria, mesmo que a parte irritante de sua mente insistisse no contrário. Enfim, tomou coragem e foi fazer o que desejava há muito tempo: viver.
Leena Charpentier

Em busca dos seus sonhos


Na sala quatrocentos e um, estavam todos aqueles alunos afoitos e curiosos sobre como seria sua primeira aula de produção textual, eis que um professor curioso começa uma entrevista, e em uma de suas perguntas a mais curiosa, por que jornalismo?
Muitas respostas como: escolhi porque gosto de ler e escrever, escolhi porque não sabia o que escolher, escolhi porque não fui feliz na minha outra graduação, mas uma em questão chamou a atenção da classe.
Quando era criança brincava de repórter do jornal de sua rua, contando os fatos verídicos, ou não, de seus vizinhos, alagamentos, buracos e confusões. Aos 8 anos já tinha seu sonho concreto, seria jornalista.
Não sabe qual área irá atuar, só sabe que ali, naquela turma se inicia um dos melhores ciclos de sua vida, ali naquela faculdade ela não irá apenas estudar, mas sairá com muito aprendizado, e poderá até mesmo começar a realizar seu sonho em uma redação do jornal da faculdade.
Ela realiza um sonho de infância entrar em uma universidade federal, estudar com professores renomados e se inserir nesse mundo jornalístico, aquele sonho de levar apenas a realidade para essa sociedade tão engana, está prestes a se tornar realidade.
Temos aqui uma caloura jovem com sonhos, e esperamos que os próximos anos não sejam tão árduos, e que ela consiga chegar ao patamar de ser uma nova Gloria Maria, repórter renomada da grande Rede Globo de televisão.
Luz do Luar

Sonhos Reprimidos

Sempre achei problemático o fato de termos que escolher nossa futura profissão logo durante nosso terceiro ano do ensino médio. A pressão do vestibular começa e, quanto mais ele se aproxima, mais esse assunto vai se tornando recorrente. Somos muito novos e não nos dão o tempo necessário para nos descobrirmos, e, por medo ou insegurança, podemos acabar fazendo essa importante escolha baseada no desejo de terceiros, principalmente dos nossos pais. Esse é um assunto que Léo entende. Após cursar mais da metade do curso de engenharia, por se sentir confuso e pela vontade de seus pais, encontrou sua verdadeira paixão em um ramo totalmente diferente: o jornalismo. Muitos dizem que é loucura trocar um curso tão renomado por um que só decai no mercado de trabalho, especialmente por estar tão próximo do diploma. Já eu acho Léo muito corajoso. É preciso muita coragem para voltar atrás e fazer uma mudança tão brusca e repentina dessa forma. Eu o admiro. Queria que todas as pessoas tivessem essa coragem para dizer chega e irem atrás do que realmente querem, sem medo do que irão falar. Talvez assim teríamos profissionais mais qualificados e uma população mais realizada e feliz. Desde então, carrego comigo a importantíssima lição de que nunca é tarde demais para corrermos atrás dos nossos sonhos.
Mia Thermopolis

A verdade dela para mim...

Em uma manhã, acordei Ela. Ela, era diferente de mim, do meu eu de antes, aquele eu, que achei que conhecia e entendia bem. Não sei ao certo se era uma neurose, psicose, uma crise existencial ou o simples despertar dela em mim. Não sei afirmar se Ela sempre existiu, e eu a tranquei em uma bolha dentro do meu inconsciente. Conquanto, o que eu sei é que Ela veio para me transformar, me trazendo uma verdade que eu já havia visto de longe, em sonhos e pensamentos que vagavam distantes, mas nunca havia o enxergado, compreendido ora nem sequer experimentado. Agora, sinto a necessidade e o desejo de me conhecer e revelar, expondo Ela, mostrando uma real e intrínseca verdade, transparecendo a essência, contando as histórias reprimidas que ainda não foram contadas, assumindo sentimentos e responsabilidades previamente renegados e esquecidos. Para o futuro, eu quero mais dela, quero transbordar e ver refletir em mim essa verdade, transformando e evidenciando o que estava oculto pela repressão suprema e soberana das minhas razões passadas, que chegaram a dominar, trancar e diminuir a mim. Ainda não sei ao certo o que Ela vai me fazer conquistar, o caminho é imprevisível como as ideias que tenho sobre ele. Porém, a cada dia que acordo com Ela, é surpreendente, díspar, e isso me completa. Ela é tão ela e tão eu, e juntas estamos descobrindo e sendo cada vez mais, Nós.

Shakespeare Iludido

Caminhos Incertos.


Dezoito anos passaram depressa, confortáveis talvez, mas rápido. Eu imaginei, mas ainda parece irreal, o presente e as minhas escolhas... Estou na direção correta? Dormir com essa pergunta na cabeça ainda é amedrontador, mas intrigante. Minha paixão por literatura me mostrava um caminho, por qual motivo trilhei outro ainda é enevoado em minha mente, mas escolhi algo parecido, algo no qual eu poderei influenciar as pessoas de forma positiva, me comunicar, gosto disso. Finalmente tenho a chance de mudar o que me deixa indignada, a forma como o jornalismo é retratado atualmente, a forma como as notícias se distorcem pelo caminho, agora tenho a oportunidade de entender e quem sabe fazer algo sobre, eu quero mudança, quero fazer a diferença e quero lutar por isso. Letras, daqui oito semestres talvez, o meu agora consiste em escrever esse texto, mas do que eu posso reclamar afinal? O agora é tudo o que eu tenho, são as únicas cartas que tenho para jogar nessa rodada, talvez a próxima nem aconteça, quem sabe o que o destino decidirá na jogada dos dados finais? Então mesmo se for a escolha errada, espero que seja o melhor erro que eu já cometi.
Eleonor Dummont

Relógio

Tick tack. Desde o nascimento de uma criança, os pais pensam em seu futuro. Mal respirou já pensam em colégio, 15 anos, casamento, faculdade. E daí surge a tal pergunta: O que você quer ser quando crescer?
Respostas como "astronauta", "bailarina", "atriz", "médico", surgem. Poucos deles realmente se concretizam.
Tick tack. O tempo corre, as pessoas crescem e finalmente preciso responder a pergunta: O que eu quero ser quando crescer?
Sinceramente, não sei. Contudo, a resposta que realmente me interessa é a de quem foi a brilhante ideia de fazer com que jovens com menos de 20 anos escolham o que irão fazer pelo resto da vida.
"Não tem nenhum sonho?" Sonho? Bem... Quero ganhar dinheiro. Ter estabilidade, pelo menos.
"E quando era criança, o que queria ser? As vezes um desejo reprimido ajuda." Está brincando? Quem decide o que vai fazer desde a infância? Com oito anos eu comia areia, não dá para levar a sério. Queria ser famosa, independentemente de como.
Tick tack. Sisu está chegando ao fim, e ao menos preenchi os cursos. O coração bate acelerado há alguns dias. Minhas mãos suam toda vez que paro em frente ao computador. Uma súbita vontade de chorar me acomete. Esta é a minha única chance?
Fecho meus olhos e respiro fundo. Sempre há a opção de tentar de novo. Não vá pirar agora. Ansiedade pode exagerar.
Então penso: no que sou boa? Matemática, Deus me livre. Física nem pensar. Português... É, gosto de português. Escrita me encanta. Dou uma passada de olhada pelas grades de cursos variados e de repente, um me ilumina.

Jornalismo. É para pessoas bem comunicativas, né? Para tudo nessa vida há um jeito. De repente, me sinto mais leve por finalmente achar algo em que me encaixo. E se não for isso, tenho o peso tirado dos meus ombros por saber que posso tentar de novo. O relógio já não me assusta mais.
Capitu Oblíqua

Estamos ferrados

Uma série de TV tem por objetivo contar uma história, se comunicar e conectar com o público. Às vezes, mesmo a gente não percebendo, as séries exercem influência em nossas vidas e podem definir nosso futuro. Quem não é formado em medicina por causa de Grey's Anatomy? Quem não quis fazer cinema assistindo Dawson's Creek? Ou ser o advogado Harvey Specter de Suits? 
Tem casos em que o desejo supera a realidade, como o caso de um engenheiro químico de 27 anos, preso por produzir drogas ilícitas no estilo Breaking Bad. E tem gente que faz jornalismo por conta de Gilmore Girls. 
Em Gilmore Girls, Rory é uma menina com um futuro brilhante, mas a vida é dura com ela, transformando-a de prodígio a decepção. Quando ouvi a história da menina que foi influenciada pela série a seguir a carreira jornalística, tive dois pensamentos imediatos: “Não é possível que essa ela viu Gilmore Girls até a final” e “Não é que o ENEM estava certo, o usuário é influenciado pelo controle de dados”. Ora, para a Netflix recomendar essa série significa que o algoritmo funcionou. 
Mas, quando o desejo fala mais alto, precisamos segui-lo. Ninguém quer um conteúdo recalcado em seu inconsciente. Podemos ser donos do nosso próprio caminho. E, aparentemente, nosso caminho é ser Rory Gilmore: ferrados na vida. 
Jussara Sri Lanka

Ato Falho

Era mais uma tarde comum de terça-feira. Mas não àqueles jovens. Aquela tarde simbolizava o início de um novo na vida de cada um. Todos iniciavam sua vida acadêmica. Alguns, nunca pisaram numa universidade, outros, já tinham até mestrado. Tantas histórias a serem contadas, tantos sonhos a se realizarem. O que os levou àquele momento? Àquele curso de Jornalismo? Essa foi a pergunta que guiou todo o percurso da aula. Somos seres formados pelo pensamento, pelo consciente e pelo inconsciente, que nos leva a assumir atitudes e tomar decisões. Uma luta é travada a cada instante em nossa mente entre o prazer e a realidade, entre a emoção e a razão. Nossos instintos nos levam a determinados locais que nossa mente nos diz serem errados. E, então? O que fazer diante disso? Karina não soube definir. Seu interior travava uma luta cujo vencedor era desconhecido. Sua paixão era o Cinema, mas sua família temia seu desemprego. O prazer suplicava por algo que a realidade insistia em trazer ao chão. Optou por satisfazer sua família e cursar Jornalismo, embora o seu coração clame pela grande cineasta que sonha ser um dia. Então, entre tantas histórias contadas por colegas de classe, surge sua vez de contar seus motivos de estar ali. Explica todo o conflito que há em sua alma e, no seu inconsciente, está a tentativa constante de trazer a memória seu grande sonho e torná-lo real. Foi então, que num ato falho, seu grande prazer ultrapassou as barreiras que o prendiam e, ao concluir sua história, revelou: “E foi por isso que entrei em Cinema!” Ela mesma não notou seu erro, até que o professor a indagou sobre o curso de Jornalismo, o que a fez rapidamente corrigir sua fala. A turma caiu nos risos, mas em seu interior instaurou-se um conflito. Será que ela está realmente onde deveria estar? Será que não se precipitou ao entrar por influência externa? Talvez, questionou-se, aquele ato falho tenha revelado sua verdadeira identidade. Ela não sabia, mas estava disposta a descobrir.
Baby Shark

Troca Pedagógica

  A pacata porém árdua vida de um professor é algo profundamente recompensatório, ver o resultado dos meus alunos e como progrediram ao longo do nosso trabalho juntos me enche de orgulho e esperança. O ensino médio pode ser cansativo, mas com aulas dinâmicas e interessantes, eu consigo prender a atenção deles até mesmo com algo muitas vezes desvalorizado, como a sociologia.
  Matérias de humanas em geral estão sendo vistas como antagonistas do atual governo, o governo de poucos para poucos, onde o tirano fala o que quer e ainda assim é aclamado. Por isso decidi vir para o curso de jornalismo; Eu quero expor tudo que fede nesse país, mostrar para população, que muitas vezes se informa pelo Whatsapp, como é gratificante descobrir a verdade, ter senso crítico e debater ideias ao invés de personas.
  Mesmo sendo o mais velho aluno da turma, eu sinto que nunca é tarde para aprender, tendo que manejar meu tempo com aulas para dar, aulas para assistir e o mestrado para terminar, eu sinto que vai valer a pena ao passo que utilizo todo o conhecimento acumulado para alterar, nem que seja um pouco, o rumo dessa história atualmente apocalíptica.
  Ao ver as aulas de terça, me senti ansioso para o que está por vir. É, eu sei, sou bastante otimista. Até com a grande possibilidade que o mundo só piore, se cada um começar com a sua mudança interior, se dispondo à tal e aceitando erros, eventualmente teremos um futuro de diversidade, aceitação e plena democracia.
Viúva Negra

Sem Título

Numa turma de jornalismo se espera alunos cultos, que possuam uma curiosidade acima do normal. Por isso é frequente que esses jovens que ingressão amem de modo mais intenso o conhecimento. Na classe em que estava esse jovem escritor pude ver de todos os tipos. Biomédicos, Sociólogos e Psicanalistas. Mas o que chamou mais atenção foi uma pessoa apaixonada pelo cinema. Não é difícil entender por que, num filme estão inseridos todos os conhecimentos.
Assim como Roland Barthes achava que a literatura abarcava todas as ciências o cinema também. Quem nunca teve um calafrio com Hitchcock, ficou emocionado por Sergio Leone, riu com as gags de Chaplin. O cinema é tão educativo quanto um livro, e ainda é mais agiu e mais emocionante. Numa época em que o livro perdeu seu espaço, resta aprender com quem segura a câmera ao invés da caneta.
Nunca leu nada de Freud ou Jung, conheça ele através de Persona do Bergman. Talvez aquela jovem quisesse reencontrar sua fé, então não veria melhor fonte do que Carl Theodore Dreyer, e seus filmes poéticos e simbólicos. Assistir é aprender, e aprender é enriquecer, não de dinheiro que pena, mas de conteúdo, que vale quase tanto, quase.
Pois bem meu leitor acho que falei tanto que esqueci da nossa jovem, espero que vocês me perdoem por, é que com um assunto tão bom e tão rico se fica atordoado por sua riqueza. Será que aquela jovem será uma cineasta de sucesso. Eu não sei e talvez nunca saiba, provavelmente nem ela sabe se quer ser uma ainda, mas a arte não é o que se sabe, é sobre o que se imagina. E eu acho que qualquer um consegue imaginar um final pra essa história.
Zaratrusta Profeta de Ahura Mazda