sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Cultura.


Assim que adentro no evento, vejo cultura. Ouço a canção Oyá tocar de fundo naquele local. Também vejo pessoas, algumas dispostas a ensinar, outras a aprender. Um espaço diversificado. 

Alunos assistem três palestrantes ministrarem sobre letramento racial. Com intuito de transmitir conhecimento de culturas tão fortes na cultura brasileira. Consequentemente, também fez com que os presentes reflitam sobre problemáticas, que muitas das vezes, passam despercebidas aos olhos da sociedade.

Emociona os de cor, toca na pele e na alma. Pelas vivências e por acharem identificação naquilo que foi dito em uma palestra tão rica de pontos de vistas.

Indaga os que não são. Mas ao mesmo tempo, faz com que eles reconheçam e racionalizem sobre um assunto tão delicado que ainda há de ser bastante tratado para a busca da desconstrução.

“O preconceito é o resultado da falta de conhecimento das pessoas.” Então, busque aprendizado.


Steff.

Eles querem comer caviar

     Acordou de um lado da cidade seu João. Eram quatro da manhã, mas precisava pegar as conduções que o levariam até o serviço. Arrumou-se às pressas, pois já estava atrasado. Enquanto mastigava o pão duro de dias atrás pensou em como o pobre já acorda atrasado. Engoliu o café ralo e correu até o ponto de ônibus. Não podia chegar atrasado, precisava do dinheiro para sobreviver. Deu sinal, subiu no ônibus superlotado e suspirou. Todavia, mantinha-se esperançoso, já que, o pastor havia lhe falado que quem é temente a Deus é recompensado. Cochilou em pé enquanto seu primeiro ônibus do dia sacolejava.

    Do outro lado da cidade, na Zona Sul, roncava feito um porco gordo pronto para o abate, Senhor João, dono daquele mercado de rede. A empregada preparava seu café enquanto o velho dormia. Ele era metódico e rígido, seus empregados tremiam em sua presença. Havia herdado os negócios do seu pai e, além do mercado, possuía algumas lojas. Entretanto, acreditava fielmente na meritocracia e costumava dizer que viva num país de vagabundos, por isso ninguém prosperava. Às oito acordou, tomou o café, após reclamar de tudo que a empregada havia feito desde cedo, e seguiu seu caminho para o mercado.

     Em desespero, seu João percebeu que atrasaria. Dormiu e perdeu o ponto que deveria ter descido e agora, com dinheiro contado, teria que andar para alcançar a outra condução. Não era culpa dele, afinal, dormira pouco e carregava peso. Mas, sabia que Senhor João não aceitaria desculpas. Ele deveria ter chegado ao mercado às seis, porém, já eram sete. Com um aperto no peito, algumas moedas no bolso e o estômago já embrulhado de fome encaminhou-se ao seu destino.

    Senhor João chegou ao mercado e logo encontrou um de seus funcionários. Não sabia o seu nome e o julgava como um grande incompetente.

    -Bom dia, Senhor João. Sei que hoje o Senhor pediu que eu chegasse às seis, mas acabei perdendo o ônibus e...

    - Não importa, será descontado do salário. Bom dia, estou ocupado. – O dono do mercado logo tratou de o interromper.

    - Tudo bem. – seu João abaixou a cabeça e seguiu para o trabalho. Foi carregar carnes que não poderia comer e organizar produtos que não teria dinheiro para comprar.

    Enquanto isso, de seu escritório, com as pernas para cima Senhor João compartilhava uma publicação em suas redes sociais. A postagem dizia “Nem esquerda e nem direita, mas para frente. O Brasil precisa do progresso.” Vale mencionar, que era época de eleições e o velho sabia muito bem para que direção seguir e em quem votaria. Seguiria a direção do progresso que apenas poucos poderiam enxergar. Continuaria no caminho que faria a elite explorar e chamar os explorados de incompetentes por não conseguirem cumprir uma demanda desumana. Queria manter privilégios, queria que seus funcionários continuassem a comer pão velho, carregar carnes e produtos que não podiam comprar. E isso tudo, porque ele queria comer caviar.

                                                                                               Por Vênus. 

 

 Já pararam pra pensar em como a vida é uma coisa tão frágil?

Em um dia se tem a chance de ser feliz e de transmitir felicidade para aqueles que amamos, em outro só a tristeza prevalece.
A tristeza de saber que alguém com uma energia tão boa e que com a capacidade de transformar coisas que eram pra ser ruins em descontração partiu.
São esses eventos traumáticos que sempre nos faz valorizar a nossa vida, afinal, ela é frágil e é só uma.

#RiPSN

Uata

A não civilização.

 Dualidade, Polarização e Divisão.Essas três palavras definem muito bem nossa atual realidade. Famílias se dividindo,amizades sendo perdidas,pais e filhos brigando. Até onde a política pode influenciar as relações?

Nunca me fiz essa pergunta, porque nunca vi uma polarização política tão grande e sendo sincera porque também nunca levei política tão ao pé da letra. Nas eleições de 2018 por exemplo, estava no fundamental e minha turma adorava discutir política no Facebook(por mais que a maioria não entendesse muito sobre o assunto) mas a questão é, nós discutíamos por horas nos comentários de algum post e no dia seguinte estávamos todos rindo como se não tivéssemos nos ofendidos horrores no dia anterior. Óbvio que eu não simpatizava tanto com alguma pessoas devido a certas opiniões, mas eu me esforçava para respeitar. Mas hoje em dia,não há mais isso,não há esse esforço em respeitar os outros,ou pelo menos a tentativa de dialogar de uma maneira civilizada. Pessoas estão matando umas às outras por terem opiniões divergentes. Voltamos a pre civilização? Ou nunca fomos de fato civilizados? 

Por Lou Clark.

 Estão me acusando de destruir minha família. Mas o que eu fiz? Amei.

Amei uma pessoa.

Amei uma mulher.

Não consigo entender o que tem de errado nisso. Como o amor pode ser o mesmo que destruição? Como um sentimento tão bonito e puro é visto como um sinal de problema?

Como?

Eu não sei o que fiz pra essas pessoas que tanto pregam a liberdade e o amor. Quando eu finalmente sigo o caminho da liberdade pregada por eles, sou condenada. Quando eu aceito o amor invadindo meu coração, sou condenada.

O que seria essa tal liberdade, então? Parece tão contraditório.

Eu só sei que não aguento mais viver essa "liberdade" de vocês. Essa liberdade de concordância, porque se não for assim é um desrespeito. Eu não aguento mais me esconder atrás de uma família que não me ama, e sim ama o que idealizaram. Eu não aguento mais ouvir conversas hipócritas onde dizem que é errado duas mulheres juntas, mas o meu tio traindo a esposa é apenas uma "fraqueza de homem".

Eu não sei que amor é esse que vocês tanto acreditam, mas não é esse que eu quero pra mim. Se eu precisar seguir sozinha, eu sigo. 

E o medo de vocês de que a família seja destruida vai se tornar realidade, mas dentro de mim.


Por: Iris Granson


 Lá estávamos, pouco depois das 14 horas do dia 25 de outubro quando descobrimos que ocorreria um evento naquele mesmo lugar em que assistíamos aula. Uma parte da turma do curso de Jornalismo de 2022.2 da UFF estava presente, outros chegaram um pouco depois.

O evento era uma oficina de crítica midiática e letramento racial, organizada por uma professora do IACS que tem sua pesquisa voltada para esses assuntos. Ao longo da oficina, coisas foram vindo na minha cabeça, coisas que já presenciei e ouvi, mas um fato recente me foi puxado na memória.

Não muito tempo atrás, ouvi uma pessoa contando sobre algo que aconteceu na família dela. A caçula voltou da escola dizendo que “queria ser branca”. Aquilo foi um choque para todos da família porque era só uma criancinha fugindo de quem ela é. Como alguém tão pequena e, ao mesmo tempo, tão grande por ser tão feliz consigo e com os outros, de repente, não está feliz com quem ela é? Foi um tempo, esforço e muita conversa, mas essa ideia logo deixou a mente dela. Mas foi um esforço geral, não só dentro de casa, mas a todo momento. Sempre lembrando a ela o quão linda ela é, sempre mostrando o quão forte ela pode ser. Livros, bonecas, brinquedos, tudo que ela pudesse se espelhar. 

Embora não tenha sido voltado diretamente para este tópico, pensei logo nas crianças, que, muitas vezes, acabamos deixando de lado. Crianças negras, indígenas, de periferia, aquelas mais vulneráveis e que precisam de proteção. Como fazer para que elas não sejam tão afetadas por todo o preconceito entranhado no povo brasileiro? É um questionamento que venho me fazendo desde aquele dia.


Vincenzo Carlo DellaVoce Rizzo Mancini


 Então eu vi a notícia de novo. Eu li, reli, e nem me choquei. Como alguém consegue ser tão ruim assim? Tratar uma pessoa de um jeito agressivo e com tanta raiva? 

  O pior, há vídeos, provas em todo canto da Internet e lá está a mulher e seu filho: soltos, livres para destilar ódio por onde forem. 
  Isso pode não me chocar, pois como o mundo está, ele sempre foi. E um presidente como esse que temos, só faz com que as pessoas se sintam mais a vontade para serem assim. Mas me assusta, pois isso é real e ninguém faz nada, como não fazem nada? Como ignorar um criminoso parado na frente da porta do vizinho com uma faca?
  A sociedade é assim. Eu queria falar louca, mas é ruim. Podre. Eles sabem o que fazem, eles defendem os deles, sempre. O racismo nunca é crime para eles. 
  Uma mulher como aquelas estar solta, ser apenas advertida é uma desesperança na humanidade gigantesca. E isso só por que a vítima é famosa. Imagina se não fosse. São tempos tenebrosos. As coisas precisam mudar. 
  
  Jude flor

História de uma luta

 Já pararam para pensar que sempre que temos uma pessoa com deficiência em uma campanha publicitária é porque aquela campanha fala sobre deficiências? Pois bem, essa é a realidade que vivemos. Ou quando temos uma modelo negra em uma propaganda que na maioria das vezes é de anúncios voltados para as pessoas negras? A luta contra o preconceito e a favor da inclusão começam quando são feitas no cotidiano. 

  Vamos pensar nos filmes. Quantas princesas da Disney não-brancas temos? 5. Quantas negras? 1. Quantas com deficiências? Nenhuma. Temos aí o bingo da falta de inclusão. Com a maioria dos personagens brancos, as crianças não-brancas sofrem para ter representatividade e fica difícil se identificar com alguém que não tem nada a ver com você. Tendo a maioria das princesas, que algumas pessoas tiram como sinônimo de beleza, brancas, ainda temos um padrão de beleza errado instaurado. 
  Em 2022 foi anunciado um live action do filme ‘A pequena sereia’ com uma Ariel negra! Sensacional, né? Parece que nem todo mundo acha isso. Depois do anúncio da atriz negra como a princesa, fui olhar os comentários do post e choveram comentários racistas disfarçados de ‘preocupação’ com a fidelidade do filme com o desenho. Quando saiu o primeiro trailer, os comentários só aumentaram. Essa é a prova que precisamos avançar muito na luta anti racista e que temos muito a aprender. 
  Queremos sim ver mais princesas negras, asiáticas, indígenas, com deficiências, de todos os jeitos e cores!
Torcemos, então, que as pessoas entendam a profundidade da luta e que a gente possa ver cada vez mais anúncios comuns, de produtos e eventos cotidianos mas com representatividade! 

Daenerys Targaryen

 Será?


 Matheus teve que provar que a bicicleta era dele, mas será que o casal branco que o acusou precisava provar que a bicicleta era deles? E até quando um jovem negro pode parar na mão da PM e morrer por nada? Ser asfixiado, estrangulado, preso em um camburão pra acabar morto. 

 Enquanto pessoas apoiarem o movimento "bandido bom é bandido morto" e matarem pessoas inocentes pela sua cor, qual a motivação? 

 Será que o que aconteceu com Roberto Jefferson, teria acontecido com uma pessoa preta?

 São Matheus, Amélias, Marielles, Genivaldos, Georges, que são covardemente assassinados e ridicularizados todos os dias. Será que isso vai mudar? 

- Jo March.

 Voltando da faculdade abro meu twitter e me deparo com a notícia sobre a morte da jornalista Susana Naspolini. 

Aquilo me tocou de uma maneira que eu mesma nem esperava. Talvez seja porque eu a assistia nas minhas tardes, ou porque saiba que ela tenha deixado uma filha. Talvez tenha me colocado no lugar da menina, já que um dos maiores medos da minha vida é perder alguém que eu amo. 

Eu só sei que aquilo mexeu comigo. 

No fundo, todos sabemos que não tem escapatória, mas não tem nada que me deixe mais angustiada do que saber que essa é a única certeza de nossas vidas- o fim dela. 

Mas isso é um fato, e uma das coisas que me move nesse efêmero tempo é a vontade. Vontade de conhecer lugares, conhecer pessoas, descobrir paixões, aprender coisas novas e realizar todos os meus sonhos. Acho que na verdade esse é o intuito da vida, fazer o necessário para sentir-se realizado.


Por Mona Lisa 

O Poder e a Guerra

 Fui ver as notícias de hoje e percebi que tinha quase me esquecido que ainda está acontecendo uma guerra na Ucrânia, e assim fico pensando, que sensação estranha deve ser a de estar dentro de uma guerra. Viver com medo, não saber como vai ser o dia de amanhã, perder casa, amigos, família e ver seu país desmoronando aos poucos, não deve haver sensação pior que essa. Imagina você ter que fugir do seu país, por causa de um maluco que cismou de atacar sua casa, é algo que eu não consigo entender, o que será que passa na cabeça dessas pessoas, não tem coração, será que a sede de poder é tão grande a ponto deles simplesmente não conseguirem ter o mínimo de sensibilidade e perceber que estão acabando com a vida de milhares de pessoas, enfim, são perguntas que eu queria saber responder. Tirando dessas hipóteses do será, acho que essas pessoas se corrompem pelo poder, a sensação de estar ali deve ser uma das melhores de se sentir, acho que depois de um tempo, elas se sentem obrigados a fazer o que for preciso para sua causa, para continuavam ali, no caso do Hitler, Mussolini e do próprio Putin, essa ideia de fazer o país forte e grande novamente, de sempre tentar se provar melhor, de exercer soberania sobre outras nações, acho que eles acreditam que estão fazendo o certo e que todo caos, morte e destruição causada, são um mal necessário, enfim, completamente malucos de poder, talvez até psicopatas, não sei. Espero que pessoas desse tipo e com esse pensamento autoritário e xenófobo desapareçam da política e dos cargos de poder o quanto antes. Sei que pode parecer loucura mas tenho medo do que possa acontecer nos próximos anos, o futuro me parece incerto, torço sempre para o melhor, mas nunca se sabe, ainda temos muitos malucos no mundo.


Rotten Tomatoes 

Dia 30 votem 13

"Em depoimento, Roberto Jefferson diz ter dado 50 tiros contra a PF"

 50 tiros disparados por um homem branco e ex-deputado. Será que se um negro disparasse 50 tiros contra policiais, seria a mesma coisa? Obviamente e infelizmente não. A forma como nós, cidadãos como um todo, olhamos para a situação do ex-deputado é muito diferente da forma como olharíamos caso um negro tivesse disparado tiros contra policiasi. Talvez, naverdade, 1 tiro de um cidadão negro causaria muito mais revolta e escandalo do que 50 tiros do ex-deputado. Pior ainda,a forma como a polícia trataria o caso na hora, talvez fosse muito diferente também. E isso revolta, ou pelo menos deveria revoltar toda a população. Porém, uma boa porção da população segue com tal preconceito e foge dessa reflexão dizendo ser "mimimi". Enquanto isso, tem pessoas negras e sem cargos na política, que morrem diariamente sem sequer terem disparado um tiro na vida. Quando iremos mudar como seres humanos? Essa é a pergunta e a reflexão que deveríamos fazer.

Escrito pelo Cria de Madrid

Eu te amo, Copa do Mundo

 O maior evento esportivo está para começar. Domingo, dia 20 de novembro de 2022. A

Copa do Mundo chegou. Nenhuma outra competição articula tantos sentimentos,

emoções e paixões quanto a Copa do mundo. O charme dela é diferente, engloba muito

mais que futebol, mas também, choques de diferentes culturas, religiões e políticas.

São inúmeras histórias que ocorrem e marcam a competição. Van Persie e o “Holandês

Voador”; Pelé, com apenas 17 anos, marcando na final e conquistando a Copa de 1958;

Beckenbauer jogando uma semifinal com o ombro deslocado; a histórica campanha da

Costa Rica no chamado “grupo da morte”, em 2014. Enfim, nenhuma Copa é igual à

anterior, ou a qualquer outra. Em cada edição há uma infinidade de eventos e

acontecimentos únicos, os quais tornam a competição em algo tão especial.

Histórias ocorrem dentro e fora de campo. No Brasil não poderia ser diferente. No país

do futebol, a Copa do Mundo tem um significado ainda maior. É algo que não se

explica, se sente. As desculpas para “ matar” aula ou trabalho; resenhas nas mesas

redondas de bar; churrasquinho na laje e, obviamente, o jogo rolando na TV. Paixão que

vem de berço, está no DNA da maioria dos brasileiros.

É um período mágico e surreal. Parece que a Copa só traz positividade e alegria. É tão

bom que passa rápido. A parte triste é esperar mais 4 anos para a próxima, porém isso

vai mudar. Não concordo com a mudança de 4 para 2 anos de espera. Apesar disso, faz

parte do espetáculo, pois assim criamos mais expectativa e, também, faz parte da

tradição. Melhor dizendo, em time que está ganhando não se mexe.

Após a Copa do Mundo, histórias serão contadas dentro e fora das 4 linhas. O país

campeão vai se vangloriar, mas até mesmo esse vai sofrer com a angústia. A angústia do

fim. A volta à normalidade é tediosa. Porém, passam-se 4 anos e tudo isso se repete.

Repete-se de uma forma única e exclusiva de cada edição. Confuso? Não, é apenas a

Copa do Mundo.


Autoria de Dirceu da Cruz e Sousa

Marcha

 Essa semana foi naturalmente tensa. Quantos eventos nos rodeiam? Para começar, o principal, o segundo turno da eleição eleitoral que por si só já é o pleito mais importante desde a redemocratização – levando como critério as votações recordes nos candidatos. Para os amantes do futebol, há uma final continental entre dois rubro-negros brasileiros no próximo sábado. Para quem se interessa por mundo, vejam só, Liz Truss renunciou recentemente depois de apenas 45 dias e o Reino Unido tem um novo premiê, Rishi Sunak. Sem falar em hardnews. Que semana tumultuada! E ainda nem acabou.

 

Decidi me posicionar fora destes assuntos que elenquei. Quero falar sobre algo diferente que me chama a atenção e me imputa a possibilidade de gerar uma narrativa interessante. Pois bem. Depois da Holanda, Uruguai, Malta, Canadá, Nova Iorque – única cidade citada porque os Estados Unidos têm um funcionamento diferente – e outros lugares, foi a vez da Alemanha iniciar um projeto para a legalização do uso recreativo da maconha.

 

Veja bem, enquanto em alguns países, como no nosso amado Brasil, se discute factoides eleitorais, falsas informações e discussões que têm como objetivo vil o retrocesso social, moral e ideológico, em uma nação, que já experimentou ser a mais odiada do planeta há oito décadas, há uma discussão absurdamente progressista em costumes. Acho muito relevante e exemplar!

 

Não quero dar aula de História para ninguém. Mas, além das atrocidades humanas cometidas, há um quesito econômico nas guerras do século passado. Não à toa, Alemanha e Itália haviam sido as últimas nações europeias a fazer a transição para a unificação do Estado, mais ainda, foram impactadas pela grande atuação da Igreja Católica na Modernidade. Uma cadeia de fatos e acontecimentos depois, ilustra bem o papel econômico que eles buscavam.

 

E aí vem o meu ponto: a Alemanha é um país que tem uma capacidade de recuperação completamente diferenciada. De sua unificação tardia para um levante que resulta na Primeira Guerra, do tombo nesta para a organização de suas tropas – e o terror nazista - que culminou na Segunda Guerra, depois seguem os anos até a década de 90 com a queda do muro de Berlim até sua reunificação, para no século XXI comandar a União Europeia após a crise de 2008. Que histórico de tombos e levantes. E isso tudo falo de um espectro econômico.

 

Outra coisa que me ajuda com o meu ponto. A Alemanha tem maioria de sua população cristã. Herança histórica que seja, o puritanismo e o catolicismo representam mais da metade de sua população. Apesar disso, o laicismo lá é real – sem crucifixos no seu Congresso – e respeita a separação entre Estado e Religião, se aparentando como fuga desse julgamento falsamente moralista que tentam impetrar para não se debater políticas sociais necessárias e importantes para o bem-estar da população.

 

Imagine você. Te mandam para 1939, na Alemanha nazista de Hitler, para contar que 80 anos depois, apenas 80, a Alemanha vai estudar a liberação da maconha. O que te aconteceria? Eu não gosto nem de pensar. Talvez pensar isso só me deixasse com mais raiva ao saber que há pessoas de carne e osso como eu que diziam que o nazismo é de esquerda. Obra dos bolsominions.

 

Eu não consigo expressar tão mais ferozmente o quanto acho que uma política de descriminalização e legalização das drogas como a cannabis é tão mais necessária no Brasil do que na Alemanha. Aqui, essa institucionalização poderia, não somente, quebrar a roda que gira hoje e favorece o narcotráfico, que tanto sobem BOPEs no morro para combater. Ou seria para assassinar pobres majoritariamente pretos?

 

A descriminalização e legalização aqui só faria o deputado que detém influência sobre fronteiras perder seu dinheiro sujo, só faria justificativas moralistas como subir favelas para frear as vendas se extinguirem. E isso não favorece quem manda.

 

E tem pobre que compra esse discurso. Não só. Grande parte o compra. É ser Lama e torcer para a Bota que o pisa, achando que é Bota. Consciência de classe, consciência de classe...

 

Talvez seja a primeira escrita minha que eu não tenha tematizado com o Inferno. Será? Pare para pensar quantos Infernos possíveis foram contados até agora. O Inferno da Alemanha do século XX, o Inferno do Brasil de Bolsonaro, o Inferno econômico do Reino Unido, o Inferno rubro-negro que tenta ser campeão, o Inferno que é viver nas comunidades periféricas (principalmente as do Rio de Janeiro). Nada é por acaso.

 

E a marcha continua.


por Dante Alighieri II

O que seria a vida ?

 Lamento profundamente ter que escrever aqui sobre a morte de alguém tão querido, uma pessoa a qual resplandecia alegria e humor na TV brasileira, que através da arte do jornalismo brigava por uma sociedade igualitária, e lutava a fim de defender os direitos das minorias sociais. Uma mulher que representava a luta feminina em busca de alcançar seu espaço nessa sociedade, como mulher independente e forte que pode sim destacar-se em um meio que até pouco tempo atrás só tinha homens. O falecimento de Susana Naspolini, após tanto resistir ao câncer, me fez refletir e, assim, repensar sobre o que é realmente viver … dessa forma, escrevi um simples poema sobre " O que seria a vida ? ", o qual irei transcrevê-lo abaixo: 


O que seria a vida ? 

A vida é uma mistura de emoções 

mistura a qual não pode ser definida      

Que mexe com o nosso interior 


o que seria a vida sem a felicidade? 

o que seria a vida sem obstáculos?

Quem seríamos nós sem um propósito?

 

A vida é divina simplesmente por ser vida

a vida não pode ser definida

assim como o amor não pode ser definido 

só pode ser sentido 


A vida é para ser vivida em sua essência   

Como se não houvesse amanhã 

Só temos uma vida 

vamos viver então em sua essência divina



Logo, compreendi que ao longo da vida teremos momentos de dor, angústia e até mesmo lamento, contudo, a vida continua a ser bela e maravilhosa por nos proporcionar essa diversidade de sentimentos. E a simplicidade e felicidade por vivenciar pequenos momentos de alegria, muitas vezes, vale mais do que uma vida de riqueza material, porém, sem jamais encontrar o prazer e a paz interior dentro do seu ser. 


Autor: Joseph Baptista

O Brasil vale a pena


Levando em consideração os eventos nacionais recentes, o estereótipo do povo brasileiro amigável, que joga futebol e samba todo dia chega a fazer falta. É preferível ser lembrado pela caipirinha e pelo clima tropical do que por uma polícia que recebe aos risos um ex-deputado que atirou de fuzil e jogou granadas contra a mesma, enquanto mata e tortura negros e pobres inocentes nas favelas. É um ato de coragem e paciência lutar por um Brasil justo contra os próprios brasileiros, mas, como disse Cármen Lúcia, “O Brasil vale a pena”. 

Mas a questão é, vale a pena pra quem? Pra quem já desistiu dele faz tempo? Pros heróis nacionais que moram em Paris? É difícil respeitar a democracia quando a oposição é contra ela. O facismo disfarçado de liberdade de expressão revela personalidades reprimidas a muito tempo, libertando monstros que já tinham sido vencidos. O retrocesso cansa, é difícil repetir o óbvio e não ser compreendido. É inútil argumentar quando tudo é verdade, menos se for verdade. Quanto mais provas você apresentar, mais contra eles serão.

A verdade é que o Brasil vale a pena, mas os brasileiros não. O povo se mostrou o maior inimigo de si mesmo, de sua evolução e oportunidades. Afinal, qual é a graça de vencer se todos irão vencer juntos? Para estes, só importa o que está cercado por suas quatro paredes e é assim que deve continuar. O egocentrismo está na moda, e quem discordar leva tiro.  

Por Eleanor Rigby

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Caro alguém



Logo você,
Que mesmo vindo de origem humilde,
Às vezes soltava "Tem que privatizar mesmo",
Que tem que acabar com a tal balbúrdia,
E agora tem filho dentro da faculdade pública

Logo você,
Que tem filho homossexual e não sabe, 
Reproduz mentiras com assinaturas de mentes vazias
Não mede esforços em machucar com palavras
Surpresa, saiba que seu temido medo é realidade

Logo você,
Que era o maior exemplo para ser seguido,
Ou simplesmente o homem da família,
Não era aquele que eu pensava que conhecia
Fere a alma admitir que agora você é um deles

Caro você, 
Que um dia se liberte de todas essas amarras,
Que a minha esperança não seja só uma mera utopia,
Espero que todo esse pesadelo acabe um dia
Espero estar aqui para presenciar isso

Beca Rodrigues.

 Esse fim de semana minha família se reuiniu e meu tio, que é extremamente homofóbico, soltou uma piada do seu tipo na frente da minha vó e sua esposa, que obviamente ficaram sem graça. Fiquei me perguntando: ao que leva uma pessoa simplesmente odiar a outra por não ser igual a ela mesma? Acabei definindo que o conservadorismo ajuda nisso, pois a partir do momento que você é o padrão da sociedade (branco, rico, hétero, cis e etc) você é aceito e acolhido por iguais de físico e pensamento. Esse contexto faz com que se sintam superiores e rejeitem todo tipo de diferença mínima do próximo para se vangloriar e massagear o ego.

Réveillons



O Réveillon é a minha época do ano preferida. Tudo pode estar uma merda, mas há sempre o pensamento de irá melhorar. Amo a ansiedade para 00h, as mais deliciosas comidas, a reunião de familiares e amigos e, principalmente, o sentimento que todos compartilham. Independente da situação, sempre vamos comemorar o fim do ano velho e esperar que o novo seja o melhor de nossas vidas. É perfeito, a melhor ilusão que existe. E é claro que não há comemoração melhor do que fogos de artifício e muita bebedeira. Apesar de serem incríveis, como qualquer coisa no mundo, meus réveillons não são perfeitos. Geralmente eles começam a ter defeitos bem tarde da noite, quando meu tio está bêbado e perde o filtro. Ele é um baita homofóbico. Sua necessidade de se provar um machão e suas piadinhas em qualquer situação controversa me irritam. É inacreditável. Será que ele realmente pensa que é superior a alguém por causa de uma escolha sexual? Nunca levantei esse debate em prol do bem-estar do ano novo, mas eu realmente gostaria de saber. No fundo, acho que sua postura só serve pra massagear seu ego e, quem sabe, para esconder um interesse  por homens que nem ele descobriu ainda. 

Logo você...



Logo você, que pregava o cristianismo e amor, deu apoio à besta 666. Quem dera fosse

Aleister Crowley, mas não. Não precisou ir tão longe assim. Teu peito cheio de bondade

discorda do deserto que há em seus pensamentos. Você veio de baixo e sabe como são

as coisas para os mais pobres e minorias. Todavia, nada disso atravessa esse teu deserto.

Talvez a besta tenha feito uma lavagem cerebral. Ele vai contra tudo que você prega,

literalmente tudo. Ou talvez não. Talvez você finalmente se sente confortável em viver

em um Brasil onde “os racistas não são mais discretos”, como diz Djonga. Brasil onde

está legalizado ameaças, opressões, milícias, preconceitos etc.

Armar a população. Irônico. Você nunca gostou de arma, mas agora faz até o símbolo

com a mão. A besta deu picaretas e marretas para sua população romper a barreira do

recalque. Tudo aquilo que seus “minions” tinham para si, agora são expostos para o

mundo. E eles se orgulham disso. Do racismo, fascismo, machismo, ultranacionalismo e

outros infinitos e terríveis “ismos”.

Mas a verdade é que vocês têm medo. Infelizmente tive que te incluir nesse grupo

horrendo. Eliminar o diferente. Grande plano. Nunca vão concluí-lo, ainda bem. Mas sei

que todos de vocês, lá no fundo, têm admiração pelo diferente, ou até mesmo querem

ser o diferente. Entretanto, o padrão opressor não os confortam, logo acabam

“escolhendo” o lado errado. Não é tão simples assim, mas prefiro crer que sim.

Autoria de Dirceu da Cruz e Sousa

Um bom homem



Ele diz que odeia ladrão e que todos deveriam morrer. Eu digo que ter gato de energia em sua casa torna dele um ladrão também. Ele diz que não é a mesma coisa, que ele é trabalhador, que ele não é vagabundo.
Ele diz que ele respeita as mulheres. Eu digo a ele que ficar calado enquanto vê seu filho mais novo ameaçando a esposa de morte frequentemente não é respeitar as mulheres. Ele contesta que é diferente, que o filho dele só tem alguns problemas de comportamento, que é um menino de coração bom.
Ele diz que ama a família dele incondicionalmente. Eu digo que expulsar o filho mais novo de casa por ser gay e hoje em dia (vinte anos depois) apenas aturar o genro nas reuniões de família, não é amar incondicionalmente. Ele diz que não tem nada a ver, que Deus fez a mulher para o homem, e que se o filho dele fez a “escolha” de ser homossexual, ele nada pode fazer a respeito disso.
Ele é diferente. Ele não é ladrão, ele não é preconceituoso. Ele é homem de família, trabalhador, honesto, fiel a Deus. De acordo com ele, “o mundo é que está muito chato mesmo.”

Sanglard

Jumentos às moscas

 A situação são dois jumentos conversando. Jumentos mesmo, daqueles equinos que

carregam a carga operária de cinco dos homens industriais mais fortes. Aos mais jovens,

vale lembrar que a ofensa "jumento" fora dada muito depois da criação do animal, que veio

das mãos de Deus tal qual a gloriosa águia americana ou o corajoso rei leão. Embora

mal-tratados, esses pobres animaizinhos são servos da exploração, restritos ao

entretenimento comum, contidos pelos seus senhores, e especulados como "burros de

carga".

A tensa rotina de trabalho desses animais é organizada com um horário de almoço entre

dois períodos de trabalho contínuo, onde os jumentos se reúnem perto de uma bacia de

água parada. É aí, então, que um dia um jumento, com toda estampa de vencedor, senta

para descansar ao lado de outro jumento um tanto quanto reflexivo.

-Diga aí, jumento, como andas? - disse um dos jumentos

-Meio cansado. Meio... deprimido... - disse o outro

-Eu ando no auge, sabia? Hoje mesmo o senhor de cabelo preto me mandou ir até a

cidade vender cenouras e repolhos. Eram centenas de legumes. Vendi tudo em duas horas.

O senhor ficou tão orgulhoso, mas tão orgulhoso, que me deu duas maçãs. Quão

suculentas elas estavam, amigo jumento! - suspirou um sorriso e olhou para frente, onde via

ao horizonte, dúzias de outros jumentos com suas canecas na mão, bebendo daquela

insalubre água.

O outro jumento ouvia aquela história sem nenhum interesse, concordava com a cabeça e

com um sorriso de meia boca. Por respeito ao camarada operário, não levantou nenhuma

reflexão, por mais sadia que fosse, sobre o valor irrisório de uma tarefa que por aparência já

soava complicadíssima.

-No caminho - continuou o primeiro jumento - eu ainda tive que andar em uma estrada de

asfalto que me cortava o pé a cada passo, com o sol flamejante que subia do chão e caia

direto nos meus olhos. Eu estou sem as viseiras, né, você lembra... O senhor me disse que

não tenho direito nem de reembolso, mesmo que em caso de acidente de trabalho. Bem,

agora meus olhos doem, sinto que vou ter que ir no oculista pra ver essa mancha clara que

me apareceu na vista desde então. Minhas patas também ardem muito, surgiram algumas

queimaduras que não me deixam em paz. Mas valeu a pena, as maçãs estavam ótimas.

Estavam realmente ótimas... eu juro. - e emudeceu-se.

Os dois jumentos, por fim, encerraram a conversa, ambos introspectivos, ambos em

silêncio, contando as mordidas de carrapato por minuto que aconteciam em suas orelhas.

por Drauzio foi ao Mercado

Game over

  Quando pensamos em família, pensamos em amor, apoio e compreensão, na minha é diferente. O amor e a compreensão foram sendo deixados de lado à medida que o ódio tomou conta, através de atos e pensamentos de parte da família. Tornou-se comum ver pessoas se odiando a qualquer momento, mas em casa tornou-se comum por causa dela.  

Ela sempre foi assim, mas eu só percebi quando tinha idade suficiente e um líder apareceu para dominar e aflorar os pensamentos narcisistas dela. 

Nós nunca fomos ricos, mas também nunca fomos pobres, aquela classe média mais perto da baixa do que da alta. Mas, eu sempre percebi um preconceito da parte dela com a classe mais pobre, principalmente com os “favelados” - como ela chama -, sempre fazendo piadas e julgando a aparência e atitudes dessas pessoas, e sempre querendo se afastar o máximo delas. É cômico pensar que ela quer afastar um grupo que é tão semelhante ao dela, ao mesmo tempo que sabe que o grupo dos ricos não a acolheria. Mas em seu mundo utópico, mesmo não tendo o que os ricos conservadores valorizam, ela faz parte deles. Será que ela sabe o que essas pessoas pensam dela?

  Depois que o Jair Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil em 2018, essas características da minha tia afloraram cada vez mais, a cada discurso do homem, mais preconceito crescia nela. Lembro de quando estávamos no carro e eu coloquei para tocar uma música da Ariana Grande e na mesma hora ela, acompanhada de uma cara emburrada, falou: “Só ouve música de mulher, você é lésbica, por acaso? Não ouve música de homem nunca, que absurdo.”. E desligou o rádio. Esse não foi o único episódio de preconceito “velado” da parte dela. Ela faz questão de fazer comentários duros e preconceituosos como

“Ah, ele é branco, mas tem cabelo duro", “Isso aí é homem ou mulher, esse povo inventa cada atrocidade!” entre outros, e sempre que eu tento conversar com ela e ensiná-la, ela faz questão de virar os olhos e falar que eu sou chata e cheia de “mimimi”. 

  Percebo agora o quanto as semelhanças geram embates, pelo fato dela querer lutar contra aqueles que mais se parecem com ela e aceitar de bom grado os multimilionários que sabem dançar conforme a música, enganando todos à sua volta. E não para por aí, porque toda essa barbárie é justificada pela “cidadã de bem”: Em defesa da pátria, da inocência das crianças e dos valores da igreja. Logo ela, que sempre enalteceu tudo dos Estados Unidos, fazia piadas eróticas na frente dos filhos e já fez até relações sexuais na frente deles e nunca vai à missa. Totalmente hipócrita. Ela sempre teve esse desejo reprimido de controle e certa superioridade em relação aos outros, e hoje consegue ser ela mesma sem medo, destilando seu ódio por onde passa e causando receio em quem pensa diferente dela. Tenho sorte que o resto da família não compartilha as ideias dela, mantendo esse ódio em um ping-pong de uma raquete só, ela arremessa em mim, mas nunca é defendida ou apoiada. O jogo acabou.


Daenerys Targaryen


 É difícil conviver com as diferenças. Mas é ainda mais difícil quando faz parte do seu ciclo familiar. Claro, eu não moro com ela, mas se tem algo que me deixa extremamente incomodada é com o fato dela não conseguir demonstrar qualquer mínima expressão de felicidade quando algo é conquistado por alguém. E se for possível fazer as mesmas coisas, ir aos mesmos lugares, comprar os mesmos objetos, ela fará. Acho que deve ser difícil ter que lidar com o fato de que a menina que não tinha condições no passado, agora conseguiu conquistar muitas coisas.

Hoje em dia, preciso lidar com os posts de ódio no Instagram, sempre aplaudindo a intolerância e acreditando nas fake news. Mas acho que assim foi possível perceber a real face dessa pessoa, que consegue pular em cima de qualquer princípio para defender tudo o que é seu. E somente seu. Creio que venha de um certo egoísmo, até porque sabemos que essa forma de encarar o mundo faz com que a pessoa não suporte ver a conquista do outro, mesmo que o “outro” faça parte da sua família. 


Por Mona Lisa

Nota de Repudio

 É Impressionante como não consegue aturar uma pessoa pobre no mesmo lugar que você, a não ser que seja te servindo. 


É impressionante como não esconde o repudio por essas pessoas em hipótese alguma.


"Como pode o filho da minha empregada frequentar a mesma universidade que minha filha? Aquele não é o lugar dele", "Na última vez que fui ao aeroporto tava cheio de 'gentinha', esse povo tá perdendo a linha". 


Esse seu jeito mesquinho me enoja tanto. Você não suporta ver alguém ascender na vida como você ascendeu. Você não suporta ver alguém pobre no mesmo local que você se não for trabalhando. Se você fosse uma personalidade grega, certamente seria Narciso,isso porque acho que você morreria para ser o único no topo, criado exclusivamente por você e pra você.


Ninguém compreende em que momento o menino que encantava a todos se tornou essa pessoa vazia e amarga. Eu penso que você sempre teve esse espírito nojento impregnado em você, e o dinheiro que você conseguiu o alimentou de forma que seu corpo o libertou.


Mas eu quero te contar uma coisinha: você não é melhor só porque tem grana. Você não é soberano. Apesar de todo seu dinheiro, você continua sendo pobre - de espírito, de caráter, de mentalidade.


Esse texto é para que meu repudio por VOCÊ seja exposto.



Por: Iris Granson 



O eremita

   Há muitos anos não sentávamos juntos nessa mesa, meu caro amigo. Não me lembrava, de início, o motivo de eu achar nossos encontros tão divertidos. No entanto, ao começar nossa conversa, pós a performance dos seus, tão preciosos, protocolos sociais, inediatamente começo a me entreter com o assunto.

      Você, meu caro amigo, cresceu aos sons de Led Zeppelin, Beatles, Roger Waters e David Gilmour. Você, meu amigo querido, que viveu sua juventude com cabelos enormes e cacheados. Você, meu rico amigo, que sabe muito sobre cultura, arte e literatura, pois sua família abastada te educou, que só é da classe social eleveda por causa da universidade pública. VOCÊ, meu amigo, com toda uma trajetória de rebeldia, me chama hoje de vagabundo... E eu retribuo te chamando de careta.
       Não vou mentir, sinto falta de quando você não atuava perfeitamente na peça tradicionalista  "o que é ser uma pessoa séria e responsável" , em que todos os papéis são de palhaço. Quando se colocava na vanguarda da moralidade. 


-Morpheus 

Dama do Submundo


 

Atenderei ao tema dessa semana nomeando um pseudônimo para a pessoa de quem irei falar: Perséfone.

 

Ela é uma das pessoas mais próximas a mim. Me ajudou a moldar caráter, conhecer certa faceta que pudera do mundo, entender determinados pensamentos, bem como outros e outras na minha criação. Escolho falar dela por seu ego peculiar.

 

Primeiramente, que não se exime sua capacidade de altruísmo e vontade de ajudar outros. Sempre foi assim, e sempre aprendi que era. Mas, até isso era para a construção de seu ego, no meu modo de ver.

 

Sempre foi, na família de tantas dezenas de pessoas – contando diversos graus de parentesco –, a matriarca política. Esteve no auxílio do pensamento moldado ao conservadorismo que norteou o comportamento dos parentes menos afortunados de oportunidades de estudo. Diversas opiniões tão polêmicas nos dias atuais ajudaram a ser desenvolvidas por essa influência. Não à toa, o município do qual a família veio registrou mais de 70% dos votos em um falso Messias no último dia 2.

 

Perséfone é doce, amorosa, cuidadosa, uma das melhores pessoas que já conheci. É também uma das melhores pessoas egoísticas que já conheci. Ainda está presa a inúmeros preconceitos estruturais que cisma que não são preconceitos. É a típica pessoa que lhe falaria “mas eu tenho até amigos X, Y etc.”. E por mais que haja, de fato, uma acelerada evolução cultural num sentido nada mais que correto de afundamento de preconceitos enraizados, e que Perséfone tenha o coringa de dizer que não acompanhou o ritmo, acho necessário e primordial o apontamento desses erros na sociedade de hoje.

 

Eu amo Perséfone, e vou para sempre amar. Espero tê-la por mais anos e anos comigo. Mas, como disse em outra crônica, nada pode ser “irrelativizável”, nem mesmo o amor. Amo-a, conhecendo todos os seus defeitos que considero haver.

 

E aí vêm algumas lições. Ora, como posso reconhecer diversas falhas e defeitos e, ao mesmo tempo, orgulhar-me de como Perséfone ajudou em minha construção de sujeito? Pois bem, digo-lhe que a construção, a concepção é sobre o Sim e sobre o Não. É sobre entender o que está certo, e o que não está certo. E o que está certo para mim, e o que não está certo para mim. E, ainda, o que é o terceiro. Afinal, busco sempre falar aqui que não gosto dessa dualização de opções, dessa polarização... Que haja um espectro, com atitudes e consequências destas.

 

Perséfone me ajudou e ajuda como exemplo. Afinal, todos somos uns para os outros. Exemplos de coisas que concordo, exemplos de coisas que discordo. Cabe a mim filtrar. E cabe a todos esse mesmo exercício com suas Perséfones, ao meu ver.

 

Com certeza, o clímax dessa história não se encontraria no seu reflexo. Perséfone, assim como tantos outros que poderia aqui descrever, é complexa e contraditória. Afinal, é humana. Vai infernizar e ser infernizada, vai purgar, vai ascender. E tenha fé que vai. Não é essa a crença que não se pode explicar?

 

Aqui, optei por uma viagem geográfica pelo Mediterrâneo e usar de uma mitologia nativa de uma nação avizinhada para me ajudar nessa história. Que esteja posto que não escolhi tal personificação pela narrativa encontrada em Hades, mas por outro motivo. Afinal, todos sabemos onde mora.


por Dante Alighieri II

Um problema atual

 Quando foi proposto pelo professor o desenvolvimento de uma crônica com esse tema, passei algumas horas pensando em quem eu iria escrever, já que vejo hoje no Brasil várias personalidades com falas e atitudes que me levam a entender o narcisismo das pequenas coisas que Freud apontava, e que foi bem relacionado pelo professor em seu texto na revista época e em sua aula expositiva. Enfim, depois dessa análise, e de algumas pesquisas sobre o tema, acho que Nikolas Ferreira é a exemplificação de uma pessoa com essas características. Cresceu e fez sua base eleitoral as custas de Bolsonaro e do fenômeno do bolsonarismo, sua campanha girou em torno do ataque a população LGBTQIA+, e sempre obviamente se apoiando no discurso de ser a favor da família e dos bons costumes. Desse forma e com esse discurso, entendo a questão que o professor Pena relaciona em seu texto, um jovem que através de vídeos na Internet difundindo suas opiniões misóginas e preconceituosas, ganhou reconhecimento incentivado por um grupo que compartilha de tais pensamentos, no caso os bolsonaristas, o que infelizmente o trouxe a ser o deputado federal mais votado do Brasil. Acho que Nikolas tem desejos reprimidos e como explica Freud, usa das pequenas diferenças de grupos minoritários para oprimir não só os grupos, mas também reprimir seu desejo de ser o outro, acho que talvez para ele, fazer parte e se sentir superior em um grupo, preencha esse vazio que carrega e supra essa vontade que está em seu interior. Acho que pessoas como Nikolas ocupando cargos de poder é bastante perigoso, citando mais uma vez Freud, esse tipo de narcisismo é o que causa desentendimentos e discussões brandas mas também podem a longo prazo causar Guerras, como é o caso da Guerra civil americana ou o nazismo na Alemanha. Diante disso, temos que lutar para que tenhamos pessoas em cargos públicos para discutir e frear determinados discursos proferidos por pessoas como Nikolas e Bolsonaro. Espero que pensamentos e grupos com essas características possam perder força ao longo dos próximos anos, mas quando se analisa a história, sabemos que isso não é algo que costuma acontecer.


Rotten Tomatoes 

 Eles costumavam ser comuns, nada fora da curva, não muito agressivos. Mas ao encontrar um representante de todos os seus preconceitos, que aflorava neles a perversidade, o desamor e o desprezo pelo diferente, suas vidas mudaram, suas falas mudaram. 

  "Os cidadãos de bem, religiosos" mostram uma nova face, algo que talvez nem eles soubessem que era presente. Frases como "pobre adora uma praia", "esse povo da favela vem pra cá pra poluir a vista", "hoje em dia todo mundo é viado", começam a ser mais frequentes. 
  Não há mais pudor, não existe medo ou qualquer cuidado com o que pode ser ofensivo (e até criminoso). Eles vestem a camisa, a do preconceito, da intolerância, da ignorância, a camisa verde-amarela. O casal veste a mesma camisa de seu presidente, "Brasil acima de tudo" é repetido sem ao menos uma pequena reflexão, o que é o Brasil? Quem é o Brasil? 
  Para o escritor que vos fala, o Brasil não pode ser retratado apenas com moradores de Arraial do cabo indo fazer compras com seu carro popular. Mas os personagens dessa história não se importam com a visão de Brasil "esquerdista" e "canalha". E assim eles vivem e sobrevivem, julgando e condenando o diferente, se recusando a dividir seu ambiente, por que eles iriam tentar entender? Por que ter empatia? Por que colocar em risco o que tem? Por que ajudar? Por que permitir que pessoas "inferiores" estejam no mesmo patamar que eles?
  Esses indivíduos estão muito mais perto do que eles desprezam, e infinitamente mais distante da classe dominante. Mas preferem acreditar, até mesmo sonhar que um dia vão chegar e finalmente ter o poder de dominar, ao invés de se acostumar com a ideia de que lá não é o seu lugar.

Por Carol 

Espelho d’água

 Cresci em uma família complicada que tinha em suas entranhas preconceitos, comentários maldosos, brincadeiras humilhantes contra os outros. Procuravam se diferenciar das pessoas em coisas mínimas, se necessário  - núcleo familiar, dinheiro (a menos), cor de cabelo, penteado e, tendo vezes chegado à cor da pele mesmo que de forma velada . Quando me vi sendo agarrado pelas mesmas questões, fugi. E, quando fugi, me tornei o outro, que não era suficiente para estar ali. Até hoje eles não percebem que os comentários e as críticas são todas a eles.


vou dar uma festa na minha casa de campo que fulano não tem

mas que mal consegue manter

fulana é burra, nunca fez faculdade

isso depois de terminar a sua no dobro do tempo e porque o pai pagou

Poderia listar muito mais aqui, coisas até muito mais cretinas, nojentas, complicadas de lidar, de ouvir, mas isso não seria possível nem se fizesse uma coletânea enciclopédica com atualizações mensais.

Lembro-me de uma vez, era verão, época de férias e o tópico da conversa era como ., esposa de . era uma ótima pessoa, ela desdenhava do alheio “mas era de brincadeira, no que precisasse ela ajudava”. Quando . traiu ., ela passou a ser “aquela lá que tirava dinheiro dele, falava de todo mundo pelas costas e queria acabar com a vida de .” - falava de todo mundo pelas costas, diferente de mim que falo dela e de todo mundo.

Quando apareceu no cenário político contemporâneo uma figura que, se não fosse real, seria a mimese deles, achei que as coisas ficariam piores. Deus, pátria e família estariam acima de tudo e de todos. Me surpreendi quando ouvi comentários negativos sobre a tal figura que era um mal e iria contra ela e que não o representava. Quando disseram que era abominável as coisas que dizia e que alguém assim perseguiria tudo que fosse seu oposto - embora eles não fossem.

O que os levou a serem tão firmes contra esse mal? Culpa? Remorso? Identificação naquilo que foi dito mas, movidos pela ruína de Narciso, se puseram contra porque mesmo que falemos as mesmas coisas ele é mau? Não sei. Não sei se saberei algum dia. 

Nisso tudo, uma coisa eu percebi: somos todos infectados por essa ruína em algum(ns) momentos da vida. É como um espelho d’água. O deles só está poluído de mais pelo fel de seus próprios fígados e eles sem se importam em tratar.


Afinal, o do outro está pior.


Vincenzo Carlo DellaVoce Rizzo Mancini