Hoje fui ao cinema sozinha, pela primeira vez na vida. Talvez isso aconteceu por que escolhi, mas talvez não: poderia ter chamado uma das amigas que divide apartamento comigo. Viver em inconstâncias tem dessas, eu nunca me decido, sinto os opostos. Eu evito pensar muito porque pensar dói e acabo me encontrando nessas situações impensáveis. Quando fui ver, estava escolhendo o assento da sala de cinema. Escolhi um, mas reparei que tinha uma pessoa do meu lado, mudei de ideia e pedi o que era mais isolado da civilização expectadora. A atendente sorriu e disse: “eu também prefiro pular uma cadeira quando vou sozinha ao cinema”. Quis abraçá-la (e mais uma vez eu só desejei, pois realmente devia ter feito).
Enfim, eu notei com essa situação, que quando estou sozinha, eu observo muito mais. Observo o espaço, sua estrutura, suas paredes e cores. Observo as pessoas, seus movimentos e expressões. Observo o sistema, como as coisas funcionam. Observo o caminho que ando, aquele que deixo para trás e o que vejo a minha frente. Minha teoria sobre observar muito mais é que por me distrair muito facilmente com pessoas ao meu lado, eu esqueço o mundo, a realidade. Eu vivo com a pessoa aquele momento e acabo por não notar o meu entorno.
A experiência de hoje precisava ser vivida. Porque, através dela cheguei a conclusão de que sinto falta. Vi casais. Vi grupo de amigos. De todas as idades, orientações sexuais diferentes. E me vi, sozinha. Não sussurrei nenhum comentário sobre alguma cena do filme, não dei a mão ao amado, nem compartilhei risadas. Eu fiz tudo isso, comigo mesma, mas, não é igual. Eu, já não me basto mais.
- @lyss2743