Eu cresci ouvindo que eu devia ser forte. Mulheres fortes cuidam de si mesmas. Sozinhas.
Eu
entrei no mundo e já fui recebida por uma lista de atitudes que todos
esperam de mim, e que, se eu não as cumprisse, me trancariam em mim
mesma porque há algo de errado comigo.
Uma
delas é ser forte, mas não é qualquer tipo de força. É ter a força de
ser passiva. Eu deveria sentir o que quer que sentisse, ouvir o que quer
que fosse, e me manter calada. Mulheres fortes lidam com as coisas
sozinhas.
E
assim foi. No começo, eu sabia cuidar de mim. Vivi anos com a companhia
mais negativa que se poderia ter, com aquela que te tira de si, que te
deixa irreconhecível. Vivi tudo sozinha, e saí de lá sozinha também. Mas
mulheres fortes devem cuidar de si mesmas.
Eu
me livrei dela. Do sentimento sufocante. E me tornei vazia:
maravilhosamente feliz por fora, mas sufocando tudo dentro de mim. Até
que eu me perdi de novo.
Eu
não vou mais ser vazia. Eu quero existir. Quero poder sentir e emanar
meus sentimentos. Quero poder pedir ajuda. Quero chorar quando sentir
vontade. E quero que as pessoas entendam. Que olhem, não com pena ou
estranhamento, mas com normalidade.
Não
há nada mais intrinsecamente humano que a consciência do sentimento. O
problema é que criou-se o estigma de que não deveríamos sentir. É maluco
aquele que ousou olhar para dentro de si e trazer para fora o que
encontrou.
Eu
não vou mais ser vazia. Vou me conhecer tão bem que posso sentir o que
for, sem jamais ter vergonha de mim. Vou dizer ao mundo, ao meu mundo,
tudo o que sinto. E vou existir da maneira mais leve que se pode
existir: sendo sincera. Vou parar de me sufocar.
Só há uma forma de se lidar com os sentimentos: sentindo.
Sylvia Plath