Minhas piores escolhas foram fruto do meu olhar
deficitário do senso comum, no que se refere as minhas decisões e planejamentos
de vida. E a maioria dessas escolhas não pude me beneficiar.
A minha melhor escolha daquilo que achei correto,
talvez tenha sido um antagonismo daquilo que estava determinado ao senso
comum. Aconteceu completamente tudo
errado. Tudo.
Com meus seis aninhos de vida, confesso que fui um demoniozinho.
Uma criança bastante inquieta, ciente da minha agonia de ser um caçula e alvo
de questionamentos familiares.
Fui um diabinho fugido do inferno. Que atentou muito
meus avós, primos e tios; com a certeza que estava agindo como um santinho.
A gente, desde os mais remotos tempos de moleque, acha
que o bonito é fazer muita merda, e tome porrada para aprender. E o que achamos
certo é que todos irão bater palmas a toda gracinha, as mais fúteis que
conseguimos fazer para agradar e ser aplaudido. Mas o tempo passa, e os valores
que antes nossos pais nos ensinaram continuam valendo, será mesmo? Quem poderá afirmar?
Passam os anos e ao chegarmos ao amadurecimento, vemos
que a “banda não toca como achamos que devia”. Nossa polícia, o superego, nos
controla a todo instante, nos algema e retira de nós a primitiva vontade de transgredir
de ir contra a maré, e essa maré é tremendamente covarde. Desproporcional a
todas as nossas vontades incrustadas no nosso inconsciente.
Agimos conforme a polícia, os políticos e toda a ordem
social estabelecida. Assassinamos os nossos melhores desejos em detrimento de
uma resposta convincente, aceitável em nome desse senso, que não é comum, nem
popular. É hipócrita.
Imaginar que a
nossa vontade seja a mesma de todos, sem questionamento é simplesmente aceitar
o comum o normal. Não me convenço disso.
Nessa ordem mundial, sem o rascunho do “não-ser” nos
torna escravos de nosso pequeno mundo interior. Em nome dessa ordem racional,
moral e ética quebrei a cara. Os anos me mostraram isso.
Quem somos nós para agir de acordo com essa maioria
absurdamente escrava de uma opinião que se encaixe no agrado de todos?
Seres humanos são seres incrivelmente inteligentes e
criam seus costumes através do tempo, desconstroem mitos, criam tabus e buscam suas
possibilidades de erro a zero.
Perpetua-se na sociedade o bem e o bom como “metapragmática”
do certo e nunca do errado.
Nossos desejos, errados ou certos são julgados por uma
academia sem mestres, um tribunal sem juízes em nome da coletividade, em nome
da maioria.
Minhas escolhas em nome dessa consciência coletiva,
escravizou meus atos ao longo dos anos e me fizeram crer que o tempo, inexorável
em sua magnitude, me desse outro respostas a essas ações na qual me tornei cúmplice.
Atingi metas de acordo meu próprio pensamento.
Esse senso comum que me persegue, desde a infância,
mostra um panorama irreal de minhas experiências passadas. Um comportamento
abstrato, uma reação ufanista de que um dia haverá de surgir o “mau senso” e
dar equilíbrio a toda e qualquer interpretação da maioria e oxalá se possa crer
que a certeza do melhor julgamento seja a minoria burra.
Julinho Adelaide
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