Quando
criança sonhei em ser presidente do Brasil. Afirmava a mim mesma que eu entraria
para a história por revolucionar esse país. Me desiludi rapidamente. O medo de
ser contaminada é maior que tudo, admito. A opinião pública me fez acreditar
que eu só seria mais uma na fila do pão da corrupção. Mas olhei no espelho e pedi
que eu não desistisse ali. Pedi que minha considerável honestidade não se
perdesse no meio do caminho. E foi me olhando no reflexo turvo que me descobri
jornalista.
Escolher
fazer jornalismo é um ato de coragem. É preciso preparo psicológico (e eu não to
falando sobre o salário). O jornalismo me faz questionar tudo. Me faz
questionar a frase que acabei de digitar. Me faz ser esse paradoxo ambulante.
Ser jornalista é ter que abandonar as nossas maiores crenças e escutar um pouco
de tudo o que a gente nunca quis escutar. É perder a fome no almoço de família
quando os discursos generalistas e preconceituosos são despejados sobre a mesa.
É se moldar, se incomodar, se preocupar. É abdicar de tudo o que o senso comum
representa e se dedicar à justiça.
Tenho
muito medo de não ser precisa. Medo de me deixar levar pelo frenesi e não ser
imparcial o suficiente. Medo de ser uma aspirante a jornalista que escreve textos
engajados com a militância no Facebook e no dia seguinte questiona o conhecimento
futebolístico de uma mulher. Tenho medo de ser hipócrita. Eu quero ser justa e
corajosa. Essa é a minha utopia.
Lady Murphy
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