A
sua morada é uma caixa. Você pode viver sob o teto de uma casa ou de um
apartamento, mas de um jeito ou de outro eles são caixas. Inclusive, se você
não tiver nenhum dos dois e sua cama estiver na calçada da rua, você ainda
assim vive em uma caixa. Viver é enquadrar-se -- e se por acaso o seu formato
for diferente desse e não couber dentro da caixa, terá de arranjar uma maneira
de caber, ou então eles te enviarão para uma nova caixa: a dos que não se
encaixam.
Estar
dentro da caixa é seguir as normas do senso comum. É pensar da forma como a
maioria pensa e querer ter aquilo que a maioria deseja. É ser homem e não poder
chorar nunca, ou é ser mulher e chorar com muita facilidade; é querer formar
uma grande família, com duas crianças e um cachorro, já pensando nos netos do
futuro; é trabalhar a vida inteira para juntar um dinheiro enquanto faz vários
planos de gastá-lo, apesar de que apenas seus herdeiros chegarão a isso. E além
de tudo isso, é passar a vida inteira criticando o senso comum e sua generalização,
mas continuar praticando-o ao longo de todos os dias.
Não
existe nada de errado em querer estar equiparado ao restante das pessoas. O
problema é quando, ao tentarmos nos encaixar a todo momento, acabamos
desencaixando-nos de nós mesmos. Os talentos, a criatividade e o sonhos acabam
sendo deixados de lado e nossos olhos se fecham para muitas realidades
diferentes e maravilhosas as quais poderíamos estar vivendo pelo medo de sermos
julgado como a ovelha negra que se destaca do rebanho branco. Por isso, seja
sempre quem você precisa ser e não se preocupe em permanecer dentro do quadrado
a todo momento. A sua morada é uma caixa, mas existem muitas outras formas
geométricas por aí dispostas a serem preenchidas. Quem sabe você possa ser o
seu novo inquilino?
Hermes, o mensageiro
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