terça-feira, 1 de novembro de 2016

Ocupado
Sempre me interessei por política. Cresci ouvindo meu pai, advogado, falar de direitos humanos, sociais, cidadãos. Também sempre estudei em escola pública, o que desde cedo ajudou a fomentar em mim esse sentido de coletividade, de coisa pública, mesmo. Pra mim era comum ouvir que o pessoal da pública não queria saber de nada, só baderna. Que a gente ficava feliz quando tinha greve por causa disso. Menos aula. Acontece que a gente fica feliz com greve sim. Fica feliz porque é o corpo docente mostrando que não abaixa a cabeça pro Estado opressor. Que sabe dos seus direitos e não vai calar-se por menos que isso. E aí chegou a nossa vez de mostrar que também sabe. 
Faz um tempo que a situação não anda bem pra educação. Lei da mordaça, reforma do Ensino Médio (longe de ser do jeito que a gente precisa), e aí a PEC 241. E os secundaristas resolveram que não dava mais pra aguentar calado. Na minha escola, nós fizemos uma assembléia com os alunos pra decidir como iríamos agir em função disso. Agora, tem uma semana que estamos entre os mais de 800 colégios ocupados. Isso pra mim é revolução. 
E no decorrer dessa uma semana a gente adquiriu um senso político, crítico e de cidadania que por 16 anos eu não obtive. A nossa relação com a escola se concretizou numa relação de pertencimento, mais que isso, de ser. Agora minha casa é a escola, eu formo a escola, eu sou a escola. E a gente segue levantando a nossa bandeira pela Educação nesse movimento dos estudantes, pelos estudantes. Pensando no futuro dos meus filhos, dos seus filhos, dos filhos da nação. 

Ocupado. Diz o cartaz que a gente pendurou do lado de fora da escola, pra quem quiser ver. E a gente ocupa porque o Estado parece ocupado demais com outros gastos pra se preocupar com a Educação. 

Rita

14 comentários:

  1. Pov bem utilizado por representar a visão de um aluno secundarista, atendedo à temática proposta e trazendo uma questão antropológica de luta estudantil contra o governo. Porém a maneira como foi escrito deixou a desejar, ao ler fiquei com impressão de mais do mesmo, não achei uma escrita cativante.

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    1. Concordo com você. O texto é até bom sim porém não prende o leitor... Acho que faltou mais sentimento na escolha das palavras.

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  2. O texto responde ao pedido, mas fiquei esperando mais. Está seguindo uma linha de pensamento bem provável pelo tema e para por aí. O POV do estudante é pouco detalhado e generalizador. Poderia ter algo desafiador, trabalhar adejetivos e uma linguagem que puxasse o leitor pro texto, além de utilizar caracteres psicologicos para uma melhor imagem de quem fala.

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  3. explorou bem o tema do ponto de vista do estudante, mas parece só mais um depoimento de estudante, como vários que vemos por ai

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    1. gostei do titulo de relacionar com o ultimo paragrafo, bem pensado

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  4. Achei clichê como foi dito acima, como um relato de um estudante mesmo. Poderia ter talvez desenvolvido melhor e ter trago uma surpresa no fim, quem sabe? Faltou mexer com o psicológico do leitor. De pontos positivos abordo a escrita bem fácil de ser lida e a forma de generalizar os estudantes como um todo, uma união em prol das ocupações, isso é bem importante.

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  5. Achei o último parágrafo muito bom.

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  6. O texto, de uma forma geral, não prende muito o leitor. No entanto, tratou do tema dentro do que foi proposto, seguiu a linha esperada. O mais interessante foi a produção de um texto circuito, em que no último parágrafo é feita menção ao título e um jogo de palavras.

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  7. Achei o último parágrafo excelente, fechando com maestria o texto. Gostei do jeito que vc colocou sentimentos de uma experiência pessoal com a ocupação

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  8. Adorei a criticidade ao relatar a realidade, o uso dos dois sentidos da palavra "ocupação" fecharam muito bem o texto. Acho que faltou algo que deixasse a crônica mais impactante, que não ficasse só na ideia de relato. Mas está ótimo, parabéns!

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  9. Retrata bastante a realidade da visão de quem está de fora deste processo. O texto em geral foi bem simples, mas a conexão do título com o ultimo parágrafo foi criativa.

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  10. Acho que o último parágrafo poderia ser a primeira frase da crônica e, a partir daí, desenvolver a história do personagem e explicar mais sobre como estava sendo a ocupação. De qlqr maneira, o texto foi bem escrito e o personagem bem criado, mas não consegui criar muita empatia por ele.

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  11. Um testo que retrata muito bem a realidade, gostei do texto, simples e prático.

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  12. Clodoviu viu e achou um texto bacana, mesmo que tenha sido mais um relato comum, é capaz de fazer o leitor pensar sobre o momento em que estamos pela maneira que vc conduziu o texto

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