quinta-feira, 22 de agosto de 2019


“Em literatura, entretenimento é sedução pela palavra escrita.” Esse é um dos principais conceitos em que se baseia a coletânea “Geração Subzero”, organizada por Felipe Pena, jornalista, roteirista de TV, romancista e professor, e publicada em 2012. O livro reúne textos de vinte autores de ficção populares entre leitores não especializados com o principal objetivo de contar histórias, visando o entretenimento do leitor, algo que, de acordo com Pena, é desprezado pela crítica brasileira. Assim, a obra pretende criar um espaço no cenário literário do país para um tipo de literatura que seja popularizada a fim de formar um público leitor frequente.
Na introdução da obra, o jornalista discorre sobre a atual situação da literatura no Brasil, que não contemplaria a formação de leitores e sim academicismos, utilizando uma linguagem erudita que tornaria as obras inacessíveis para aqueles fora do círculo acadêmico. Desse modo, a partir da revalorização do entretenimento, ele planeja abrir espaços para autores que, com uma escrita simples e compreensível, priorizem seus enredos, popularizando a literatura. É importante ressaltar que Pena deixa claro que acessibilidade não equivaleria ao empobrecimento da narrativa, assim como obras que priorizam apenas experimentalismos linguísticos não perderiam sua qualidade.
Dessa maneira, “Geração Subzero” exerce um papel necessário na difusão da ideia de que entretenimento através da leitura não se configura como algo superficial e sem valor literário, mas sim como um instrumento capaz de introduzir o hábito de leitura em um meio onde a sua escassez é clara. Portanto, certamente é uma obra importante do ponto de vista teórico, já que expõe uma problemática extremamente relevante, apresenta uma tese contundente e sua possível solução. Além disso, é igualmente recomendável do ponto de vista do entretenimento, devido ao seu conteúdo diversificado, aprovado pela opinião popular e, principalmente, determinado a seduzir o leitor.
Souza Queiroz

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