quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Apesar de cotidianamente reproduzida, a premissa de que “não se julga um livro pela capa”, de modo denotativo, é muitas vezes ignorada, já que muitas pessoas são induzidas a comprar um livro só por causa de um nome que desperta o interesse. O título de Felipe Pena –Geração Subzero- brinca com o título do livro de Nelson Oliveira –Geração Zero Zero- que reúne os mais importantes nomes da literatura brasileira contemporânea , enquanto Felipe Pena reúne autores que tenham como principal objetivo um conceito como ele mesmo diz “demonizado pela crítica”: o entretenimento. 
O livro tem como proposta apresentar autores com trabalhos de qualidade mas desvalorizados por não utilizarem uma linguagem erudita ou por não terem como foco um público leitor elitista e acadêmico. Há uma variedade de escritores que desejam agradar à crítica e impressionar outros com o mesmo estilo de escrita, ficando imersos em um panorama em que só eles se entendem, se leem e se elogiam. Pena faz uma crítica a tal modo de escrita na crônica “A invenção do cânone”, presente na introdução do livro, mostrando que algumas pessoas são induzidas a gostar de algo só porque esse foi elogiado por fontes conhecidas, porque se aproximam do que já foi anteriormente considerado bom, ou até mesmo porque são caros e geram um sentimento de pertencimento a uma elite intelectual.
Como o próprio organizador do texto deixa claro, o livro não é uma antologia, apenas reúne escritores que foram escolhidos a partir de alguns critérios explicados no enredo, mas que em geral com a condição de que  todos tinham que pelo menos focar no prazer que a leitura pode gerar se for tratada como forma de entretenimento. Desse modo, o livro reúne crônicas com temas diversificados que por si só são a personificação do que a  literatura elitista, rotulista e segregacionista brasileira critica e repudia.
METAMORFOSE AMBULANTE

2 comentários:

  1. As crônicas não são personificações. São, no máximo, representações, não?

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  2. Apesar de alguns exageros e falta de vírgulas, é um bom texto.

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