quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Resenha da Introdução do Livro: “Geração Subzero”.

 O livro organizado por Felipe Pena: “Geração Subzero” é um conjunto de contos escritos por autores conhecidos pelo público, mas ignorados pela crítica literária, como a própria capa da obra expõe. Mas as perguntas sobre as motivações do organizador para realizar tal trabalho e os argumentos acerca da proposta estão devidamente respondidas e organizadas no capítulo de introdução.
A primeira subdivisão do capítulo tem como objetivo explicitar e desenvolver o conceito por trás da ideia de gerou o livro. Trata-se do pressuposto que a literatura brasileira contemporânea não estimula ou favorece a leitura. Os autores, simplesmente buscam favorecer seus egos e comprovar determinada “genialidade” perante uma crítica erudita sem dialogar com o público geral. Ou seja, criam obras que trabalham uma retórica rebuscada e de difícil compreensão sem se importar com o leitor em si. Tudo isso por conta de acadêmicos e crítico que defendem um cânone único e indiscutível do que é “a literatura”. Nesse sentido, como exposto pelo organizador, o objetivo de “Geração Subzero” é abrir caminho para um outro tipo de literatura. Aquela cuja proposta inclua um conceito já massacrado pela panelinha intelectual: o entretenimento.
A segunda subdivisão é sobre o processo de seleção dos autores e critérios para escolha dos contos. Em primeiro lugar, o autor deveria ter uma obra publicada em “gêneros” menosprezados pela crítica. Depois, seu nome “deveria constar” em discussões de leitores que não fossem especializados em literatura, ou afins. Em terceiro lugar, deveriam seguir os preceitos do “Manifesto Silvestre” que seguia a lógica dessa “outra literatura” a ser trabalhada no livro. E por fim, a organização seguiu a proposta da diversidade, evitando repetições de lógicas narrativas e temas. Um “processo seletivo” coerente com o conceito explicado anteriormente.
A terceira subdivisão contou com a exposição do Manifesto Silvestre em si. Muito dele foi citado direta e indiretamente, ao longo da introdução. Trata-se de uma parte do discurso de Isaac Singer durante a premiação do Nobel, no qual ele defendeu a responsabilidade dos contadores de histórias em entreter. Praticamente a mesma proposta descrita na exposição do conceito para a obra em questão. De forma inusitada, a última subdivisão da introdução é uma crônica curta que cria uma metáfora entre os assuntos retratados anteriormente, envolvendo cânones, crítica, leitores e os “conceitos de literatura”.
O breve capítulo introdutório consegue desenvolver de forma clara e organizada, todos os parâmetros usados por Felipe Pena em sua tarefa se organizar a obra e também o que pretende alcançar e quais ideias defender no livro em questão. É praticamente uma metalinguagem: trata-se de um livro que defende a formação de novos leitores, ao passo que os incentiva a conferir os contos reunidos no volume. 
P.J. Souza

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