Resenha da Introdução do Livro: “Geração Subzero”.
O livro organizado por Felipe Pena: “Geração
Subzero” é um conjunto de contos escritos por autores conhecidos pelo público,
mas ignorados pela crítica literária, como a própria capa da obra expõe. Mas as
perguntas sobre as motivações do organizador para realizar tal trabalho e os
argumentos acerca da proposta estão devidamente respondidas e organizadas no
capítulo de introdução.
A
primeira subdivisão do capítulo tem como objetivo explicitar e desenvolver o
conceito por trás da ideia de gerou o livro. Trata-se do pressuposto que a
literatura brasileira contemporânea não estimula ou favorece a leitura. Os
autores, simplesmente buscam favorecer seus egos e comprovar determinada
“genialidade” perante uma crítica erudita sem dialogar com o público geral. Ou
seja, criam obras que trabalham uma retórica rebuscada e de difícil compreensão
sem se importar com o leitor em si. Tudo isso por conta de acadêmicos e crítico
que defendem um cânone único e indiscutível do que é “a literatura”. Nesse
sentido, como exposto pelo organizador, o objetivo de “Geração Subzero” é abrir
caminho para um outro tipo de literatura. Aquela cuja proposta inclua um
conceito já massacrado pela panelinha intelectual: o entretenimento.
A
segunda subdivisão é sobre o processo de seleção dos autores e critérios para
escolha dos contos. Em primeiro lugar, o autor deveria ter uma obra publicada
em “gêneros” menosprezados pela crítica. Depois, seu nome “deveria constar” em
discussões de leitores que não fossem especializados em literatura, ou afins. Em
terceiro lugar, deveriam seguir os preceitos do “Manifesto Silvestre” que
seguia a lógica dessa “outra literatura” a ser trabalhada no livro. E por fim,
a organização seguiu a proposta da diversidade, evitando repetições de lógicas
narrativas e temas. Um “processo seletivo” coerente com o conceito explicado
anteriormente.
A
terceira subdivisão contou com a exposição do Manifesto Silvestre em si. Muito
dele foi citado direta e indiretamente, ao longo da introdução. Trata-se de uma
parte do discurso de Isaac Singer durante a premiação do Nobel, no qual ele
defendeu a responsabilidade dos contadores de histórias em entreter.
Praticamente a mesma proposta descrita na exposição do conceito para a obra em
questão. De forma inusitada, a última subdivisão da introdução é uma crônica
curta que cria uma metáfora entre os assuntos retratados anteriormente,
envolvendo cânones, crítica, leitores e os “conceitos de literatura”.
O breve capítulo introdutório consegue
desenvolver de forma clara e organizada, todos os parâmetros usados por Felipe
Pena em sua tarefa se organizar a obra e também o que pretende alcançar e quais
ideias defender no livro em questão. É praticamente uma metalinguagem: trata-se
de um livro que defende a formação de novos leitores, ao passo que os incentiva
a conferir os contos reunidos no volume.
P.J. Souza
Nenhum comentário:
Postar um comentário