sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Por que Queiroz depositou 89 mil reais na conta de Michelle Bolsonaro?

 Dia desses, ouvi seu Fabrício comentando no balcão da padaria que não via mal algum em alguns

depósitos na conta da senhora primeira-dama, algumas pessoas tem sorte na vida, e essas coisas a

gente só aceita. Falou isso tomando um copo de suco de laranja, levantou e foi embora.

“Ô, seu Fabrício, volta pra prestar conta!”

Juro que eu também não veria problema. Fosse eu um dos dois.

Ou seu Fabrício, ou dona Michelle.

O problema é que eu sou os outros 209 milhões que estão pagando a conta. De seu Fabrício inclusive.

Não dei sorte. Quando nasci, um anjo torto, desses que vivem na sombra disse: Vai, Joana! ser

gauche na vida.

De se refletir, afinal.

Quem nunca teve a sorte dos 27? Ou ainda dos 89?

Quem nunca teve a sorte de uma boca cheia de porrada? De uma conta cheia de bufunfa?

Mero acaso. Alguns cheques. Alguns múltiplos de mil... Evidenciando o total descompromisso com o

Estado demoniocrático de Direito atual.

Mundo mundo vasto mundo,

se eu ao menos me chamasse Michelle...

“Ô dona Joana, e aí, vai pagar a do seu Fabrício hoje?”.


                                                                                                                Joana da Rua.

8 comentários:

  1. Amei a abordagem e a referência a Drummond me fez sorrir. Parabéns!

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  2. Gostei muito desse lembrete que somos nós meros mortais que pagamos a conta, muito inteligente a estratégia.

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  3. Nós pagamos uma conta que nem sabemos do que se trata. Muito triste.

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  4. Gostei de como introduziu o texto com situações cotidianas e construiu uma narrativa. Uma crônica bem construída e que abordou o assunto do tema proposto.

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  5. Achei ótima a construção da narrativa, as ironias e as referencias deixaram o texto bem divertido e ao mesmo tempo reflexivo. Parabéns!!

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  6. Gostei da construção. O início colocando a história num lugar cotidiano e as referências. Adorei o "demonicrático"

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  7. Gostei da simplicidade que começou o seu texto e como foi evoluindo para várias críticas e ironias. Muito bem construído, Joana!!

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