Dia desses, ouvi seu Fabrício comentando no balcão da padaria que não via mal algum em alguns
depósitos na conta da senhora primeira-dama, algumas pessoas tem sorte na vida, e essas coisas a
gente só aceita. Falou isso tomando um copo de suco de laranja, levantou e foi embora.
“Ô, seu Fabrício, volta pra prestar conta!”
Juro que eu também não veria problema. Fosse eu um dos dois.
Ou seu Fabrício, ou dona Michelle.
O problema é que eu sou os outros 209 milhões que estão pagando a conta. De seu Fabrício inclusive.
Não dei sorte. Quando nasci, um anjo torto, desses que vivem na sombra disse: Vai, Joana! ser
gauche na vida.
De se refletir, afinal.
Quem nunca teve a sorte dos 27? Ou ainda dos 89?
Quem nunca teve a sorte de uma boca cheia de porrada? De uma conta cheia de bufunfa?
Mero acaso. Alguns cheques. Alguns múltiplos de mil... Evidenciando o total descompromisso com o
Estado demoniocrático de Direito atual.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu ao menos me chamasse Michelle...
“Ô dona Joana, e aí, vai pagar a do seu Fabrício hoje?”.
Joana da Rua.
Amei a abordagem e a referência a Drummond me fez sorrir. Parabéns!
ResponderExcluirGostei muito desse lembrete que somos nós meros mortais que pagamos a conta, muito inteligente a estratégia.
ResponderExcluirNós pagamos uma conta que nem sabemos do que se trata. Muito triste.
ResponderExcluirGostei de como introduziu o texto com situações cotidianas e construiu uma narrativa. Uma crônica bem construída e que abordou o assunto do tema proposto.
ResponderExcluirAchei ótima a construção da narrativa, as ironias e as referencias deixaram o texto bem divertido e ao mesmo tempo reflexivo. Parabéns!!
ResponderExcluirGostei da construção. O início colocando a história num lugar cotidiano e as referências. Adorei o "demonicrático"
ResponderExcluirGostei da simplicidade que começou o seu texto e como foi evoluindo para várias críticas e ironias. Muito bem construído, Joana!!
ResponderExcluirTexto simples e divertido de ler!
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