Não me interessa.
Alto lá! Não venham me xingar de bolsonarista. Aliás, Bolsonaro é o maior beneficiário de
uma forma burra de se tocar o debate político no Brasil, que é a Espetacularização da
Corrupção. Nessa década de 10 esse processo tomou contornos cinematográficos: criaram-se
super-heróis, vilões, Ligas da Justiça dentro do Ministério Público, despertaram paixões na
sociedade e, em última análise, jogaram o país no buraco. E não é nenhuma surpresa que
Bolsonaro seja presidente hoje, o Fascismo é o maior surfista da onda do moralismo barato.
E não pensem que esse processo é natural, não! Ele é muito bem criado quando uma parte do
judiciário e da imprensa resolve abandonar boas práticas e jogar pra galera. Exatamente
juristas e jornalistas, quando querem, possuem uma sintonia tal qual Bruno Henrique e
Gabigol (da era Jesus, é claro). E isso aqui não é uma ode ao “Cala a boca!”, que é apenas
mais uma tosquice dos muitos ridículos que o governo Bolsonaro faz para jogar o nome do
Brasil na lama, além disso, a repórter insultada (sempre uma mulher!) certamente nada tem a
ver com linhas editoriais que vem de cima.
É muito simples. Faz-se uma denúncia, anuncia no jornal, ordena-se uma buscapreensão, vai
polícia, vai fotógrafo, prende uns cachorros grandes que ninguém gosta, denuncia outro, bota
pra depor, manda polícia trazer pra depor, vai mais fotógrafo, manchete bombástica, especial
no Fantástico, no Jornal Nacional, cria-se uma marca, uma experiência, juiz e procurador
viram outdoor. A opinião pública vai à loucura, o ego de muita gente infla, vira um rolo-
compressor, passa por cima da reputação de quem tiver na frente. Quem sobra em pé? Quem
não tinha o menor envolvimento no poder real, mesmo tendo uns esquemas muito mal
encarados em Rio das Pedras.
A Lava-Jato, depois de anos de inúmeras operações com nome bíblico, recuperou R$ 900
milhões aos cofres públicos, só o orçamento do MEC em 2019, no auge do corte de gastos,
foi R$ 92 BILHÕES.
Entenderam, meus amigos?
Não me interessa.
Plínio Haroldo Cisne
Acho que não entendi todas as referências, mas te vejo como alguém exausto das mesmas histórias se repetindo, Plínio. E após tantos escândalos, a gente só quer abstrair um pouco e focar no que realmente é importante. Acho que vou mostrar esta crônica para o meu pai, flamenguista e eleitor do Bozo, talvez ele possa repensar que a descrença na política não precisa levá-lo a apoiar alguém que não tem o menor compromisso com o povo.
ResponderExcluirSe mostrar, por favor conte o que ele falou haha
ExcluirMas não quero me abstrair, pelo contrário, eu gosto de política. O que eu acho é que a opiniao publica muitas vezes fica vidrada em assuntos que tem uma carga moral e narrativa forte, mas que em relacao a todo o resto é completamente superficial.
ExcluirTerminei a crônica do jeito que comecei, sem nem ter uma ideia do por que do título. Se a sua intenção foi focar só na sua descrença, tudo bem, conseguiu.
ResponderExcluirnão entendi o termo "descrença", eu nao duvido da culpa dos dois, pelo contrário.
ExcluirRealmente frustrante ver esse ciclo se repetir tantas vezes, só serve pra gente abrir os olhos e ficar mais atento com quem a gente digita na urna.Ótima crônica, parabéns.
ResponderExcluirNota-se, claramente, que a era de ambos os Jesus fica pra trás muitas vezes
Muito triste essa história toda. Infelizmente, o teatro populacional vence mais uma vez. O "Super Moro" já meteu o pé, mas com certeza virou página para histórias em quadrinho futuras. Infelizmente, o show tem que, e sempre vai continuar.
ResponderExcluirSergio Moro é um dos personagens mais nocivos da política brasileira
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu vejo essa espetacularização e coisas não sendo levado a sério desde o momento eleitoral. A eleição nunca é tomada com seriedade! É uma enxurrada de candidados com nomes engraçados e abordagens divertidas que viram meme e fazem a gente rir naquele período. Mas depois são 4 anos amargando corrupção e descompromisso por aqueles que, na brincadeira, chegaram ao poder eleito num cargo que ele nem sabe a função!
ResponderExcluirSó não entendi a sua frase final "Não me interessa.". O que exatamente não te interessa? A pergunta dos 89 mil? A espetacularização?
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