As borboletas no estômago, na verdade, percorrem o corpo todo. Para alguns elas nem começam lá na barriga. Dizem que vêm de uma batida forte do coração que faz formigar os membros. Elas partem dali do meio e se espalham pelos pés, mãos e rostos. As famosas pernas bambas, mãos suadas e rosto vermelho. Parece que mexem com o sistema neurológico também porque, de repente, esqueço de respirar, de falar e, principalmente, de agir como eu tinha planejado mentalmente. Pior que elas nem avisam quando vão aparecer- mesmo que a gente tenha uma ideia – e seguem viagem pelo corpo até sumir. Ao menos era o que eu achava.
“Jovem
Me faltou ar, mas quero bis”
Talvez borboletas hibernem. Ficam ali escondidinhas uma boa parte do ano e reaparecem quando a gente se esbarra pelos corredores. Será que elas não aprendem com os erros?
“Eu vacilei na primeira regra do rolê
Fiquei doidão
Liguei pra você”
Eu deixei me entorpecer pelo bater de asas. Eu quis, elas não mandaram em nada. Mergulhei de novo nesse nosso turbilhão. Crescidos, com gente diferente e cenário diferente- não tão diferente assim, já que as paredes parecem ter ouvidos em todo lugar. E elas são seletivas também, só ouvem o que querem e quando querem. Têm livre interpretação para rechear a história como desejam e criar um enredo até mesmo para aquilo que era para ser só um epílogo.
“Me sinto jovem”
Pensando bem, as borboletas não estavam dormindo. Elas tinham mesmo ido embora. Vieram apenas fazer uma visita depois de tanto tempo. Matar a curiosidade. No meio de música, dança e bebida- que momento propício. Mas é assim, não tem lugar, dia ou hora. Previsivelmente imprevisível, são jovens. Somos jovens. Há um mar de possibilidades tremeluzindo à nossa frente e decidimos voltar atrás. Às vezes, serve para nos lembrar de continuarmos seguindo.
Toca o barco.
Toninho Rodrigues
Para quem quiser ler ouvindo a música, o que indico, é "Jovem" do Júlio Secchin :)
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