quinta-feira, 28 de março de 2019

A caixa certa

Ana sabia desde pequena. No seu quarto ano de vida, escalando árvores, ela decidiu que sua
carreira não envolveria esforço físico. Aos cinco, engoliu um número e se desencantou com eles. Aos
seis, com o irmão mais novo do primeiro namoradinho de escola, ela percebeu que não tinha paciência
para crianças. Aos sete, percebeu que nem para namoradinhos. Aos oito, para a escola. Ao nove, viu
que fora feita para a verdade. Seu compromisso era fazer diferença. Seu amor era a mídia. Decidiu
enquanto escrevia o jornalzinho do bairro. Decidiu que viveria para aquilo e que seria apaixonada até
o dia que não existisse mais. No dia da proclamação, entrou na plataforma com olhos nostálgicos e
promissores. Se diluiu em uma caixa marcada refletindo todos os seus sonhos, aspirações e uma
decisão sólida.
O jornalismo era seu futuro.
~
Jorge observou com atenção. Pela primeira vez em todos os seus vinte anos. Desceu a página,
certeiro como o  de um dado de sete lados. Escolheu a opção que começava com a primeira
letra de seu nome. Sem nem pensar três vezes.
Hm…
Jornalismo…
Deve servir.
E proclamou com a marcação na caixa.
Festa Intensa

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