Pedro, um jovem como muitos do Brasil, vive em mais uma família vista como um exemplo da “família tradicional brasileira”. Seus pais, casados há muito tempo, vivem em uma aparente relação estável, quem os vê pensam que eles são um grande exemplo de casal perfeito. A família de Pedro é bastante religiosa, frequentam a igreja com uma grande frequência, igreja esta com traços bastante conservadores assim como a família de Pedro. Ao longo de seu crescimento, Pedro aprendeu que ser feliz é formar sua família com uma esposa e filhos além de sempre estarem servindo a igreja. Seus pais sempre o protegem bastante evitando muito o contato com outras esferas da sociedade. Porém, Pedro queria ser mais livre e independente e durante sua adolescência, Pedro começou a sair com uns amigos e tudo parecia ir muito bem. Pedro sempre voltava feliz de suas saídas, sorridente e bastante empolgado mas ao mesmo tempo, apreensivo, um de seus amigos despertou um sentimento diferente nele, um sentimento que ele nunca tinha sentido. Pedro estava apaixonado por esse amigo mas ele se lembrou de todos os ensinamentos que o aprendeu, que isto era algo errado e que ele estava cometendo um pecado apenas por amar.
Pedro não quis levar a sério este sentimento, porém, certo dia acabou não resistindo e acabou tendo uma noite romântica com esse amigo em sua casa. Infelizmente Pedro acabou sendo descoberto por seu pai que o retrucou com bastante violência, chegando a agredir o seu filho. Pedro acabou entendendo que ele estava sendo um grande pecador e se sentiu muito culpado,desde então, passou a não sair mais com os seus amigos, algo que o fazia muito feliz, e passou a frequentar mais a igreja, em sua faculdade, conheceu uma menina que com o passar dos tempos acabou se tornando a sua esposa com quem teve duas filhas.
Agora Pedro estava no padrão de felicidade o qual foi ensinado, tinha uma esposa, duas filhas e frequentava bastante a igreja. Mas será mesmo que ele estava feliz? Pedro tinha tudo que falava que ele deveria ter para ser feliz, mas faltava uma coisa, a felicidade. Certo dia, Pedro estava brincando com suas filhas, nesse momento ele se divertiu bastante e passou uma forte reflexão por ele, ele estava sendo feliz de verdade nesse pequeno instante e se lembrou de tudo que ele vivia nos tempos os quais saía com os amigos. A partir desta reflexão, Pedro passou a ler e estudar bastante vários aspectos sociais além da igreja e se tocou que a religião não é um estatuto que controla toda a sociedade e que as igrejas, muitas vezes, não estão passando necessariamente a mensagem de Deus para pessoas mas sim passando uma visão de mundo que um grupo específico acredita e como este grupo foi historicamente privilegiado socialmente ele detém o poder da informação e de passar uma mensagem com uma aparente veracidade incontestável. Os pastores são vistos como mensageiros de Deus, mas quem disse que eles são?
Foram muitos questionamentos, mas o estopim para Pedro foi quando ele descobriu que seu pai tinha traído sua mãe e viu o “casamento perfeito” ficar muito abalado. Pedro então pensou “Como pode eu ser um pecador apenas por amar e o meu pai ser um santo sendo que o mesmo agride o seu filho e machuca mentalmente a sua esposa?” A partir desse momento Pedro decidiu apenas ser feliz, ele percebeu que o mais importante da vida é ser feliz com ele mesmo e que não tem nada de errado em ser feliz, a felicidade nunca pode ser um problema para alguém e que todas as formas de amor genuínos são lindos. Ter uma fé também é lindo, todas as formas de fé são muito bem vindas, porém ninguém nunca pode ditar a sua fé para outra pessoa.
Após uma conversa com sua esposa, Pedro decidiu se separar e seguir atrás de sua felicidade. Hoje Pedro se encontra muito feliz com a sua família, com suas duas filhas e o seu marido, os dois paizões de suas filhas.
- Jô Tenório
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