olho-me no espelho. não acho que eu reconheça qualquer coisa que vejo. vejo fraturas de muitos amores.
pedaços de mim que se foram com outras pessoas, deixando aqui apenas um amontoado
de coisas.
um amontoado de sentimentos sem sentido que eu não consigo compreender, me
deixando preso, preso naquele mesmo estado de espírito o qual eu sempre temi: o nada.
tantas coisas juntas acabam virando o nada, assim como todas as cores viram o branco.
eu tenho tanto que a imensidão vira o vazio, ausência.
vejo teu sorriso em todos os cantos do meu quarto. teus olhos? eles aparecem para mim
no escuro.
se eu fechar os olhos ainda posso sentir a maciez de sua derme ao meu lado, segurando
a minha mão, naquelas nossas noites de insônia. mas eu odeio fazer isso.
odeio.
quando eu abro os olhos você não está aqui.
e tudo o que eu queria mesmo era a sua presença.
mas só me restou a saudade.
ao menos tenho diversas memórias boas para me divertir enquanto penso em ti.
sinto falta do que poderíamos ter tido, assim como sinto falta do que tivemos.
e pensando em ti, esqueço de mim. esqueço de quem sou, quem fui e que algum dia
poderei ser algo a mais.
mas por agora está tudo bem.
esquecer de ti seria esquecer um pouco de mim também.
e enquanto essa dor ecoar em meu peito, sei que meu coração ainda será teu por inteiro.
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