Família. Nosso primeiro contato com a sociedade e muitas das vezes o pior que poderíamos ter. Cresci assistindo desenhos, filmes e séries onde famílias felizes comiam na mesa e as figuras paternas reforçavam o amor e admiração pelos filhos. Mas depois, depois de um tempo, descobri que essa arte não copiava a vida, descobri que fora da ficção as figuras paternas não veem a necessidade de uma presença mais constante, justificando tal ausência com “excesso de trabalho” ou simplesmente “cansaço”.
Acredito que depois de um tempo eu entendi o que me assombrava, após o nascimento do meu irmão na verdade. Antes atribuía a “falta” ao meu pai, depois entendi que a falta que sustentava essa distância, não estava no trabalho e nem no cansaço, estava em mim ou nas expectativas que ele criou sobre mim. Meu irmão trouxe uma lucidez que talvez eu não fosse conquistar sozinho. Eu o vi se tornar a personificação dos sonhos do meu pai. E eu? me tornava a ruptura, eu era a falha do masculino, masculino esse admirado e constantemente destacado por ele, nos que o tinha.
O medo de frustar, decepcionar ou romper com as expectativas de alguém novamente, me fez assumir a passividade, a anulação dos meus sentimentos em cuidado ao do outro. Por muitos anos assumi uma figura não minha, por muitos anos fingi ser, fingi vestir. Eu consegui agradar…a ele.
e nessa, eu me perdi.
Hoje, deixo de me anular para viver expectativas não minhas. Hoje, anulo expectativas não minhas.
- Agenor de Miranda
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