Todo ano o mesmo dia amanhece, comum para o resto mas sempre com um peso para mim. As más lembranças voltam a aparecer e com elas uma nova oportunidade de se afundar mais ou superar o buraco já profundo. Para quem já se decepcionou, lamentar é uma besteira assim como acreditar, criar expectativa é pré requisito para a decepção. Como um evento anual, o time sempre volta para as mesmas competições e o torcedor sempre volta a acreditar, essa rotineira disputa é um caminho para a normalização do trauma, a superação do buraco tornando se calejado.
Freud explica a teoria do Trauma em dois tempos e, realmente, na minha vida o trauma volta todo ano em dois tempos de quarenta e cinco minutos com onze pessoas que destinam a finalidade da minha emoção. Agradeço por ser algo vivo e por isso em constante mudança, se todo ano acabasse da mesma forma eu ficaria calejado. Essas mutações do fim, em conjunto com a paixão, que me fazem voltar todo ano a estaca 0 e enfrentar o caminho para o prazer, mesmo que momentâneo. Lendo de fora parece algo meio burro a se fazer, mas já desenvolvi o prazer somente em disputar, criar esperança e se decepcionar. Faz parte do esporte, é algo cíclico com duas opções no final, comemorar ou lamentar, decidido em dois tempos de quarenta e cinco. Esse ano o trauma permanece mas talvez ano que vem eu supere. Sempre a mesma coisa, voltamos a estaca 0 e preparados para viver o trauma.
- Antonio Alberto
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