Escrever é crer, porque se creio posso entender, ou creio entender, porque escrever é entender que não é preciso crer para saber. Ou algo parecido. Porque ser ou não ser talvez nem seja uma questão, já que aquele tal de Shapskere (acho que é assim que fala né?), por falar em Shapskere, jantei há pouco e o aipim que acompanhava as almôndegas estava uma delícia. Ah, o aipim... Não, calma, me lembro agora que o ano é 2018. Já faz 2 anos que a democracia foi golpeada. Sinto falta da falta de lógica e conteúdo. Hoje percebo como o ruim é relativo e o bom não existe. As anacronias da minha mente desenham um futuro em PB, essa Porra de Brasil sem cor; se o verde e o amarelo já se confundem com o vermelho, imaginem o preto e o amarelo e o vermelho, e é preto o novo laranja. Pois é, nada tem feito muito sentido ultimamente. Pois é, nos dias recentes que se passaram a universidade já não tinha tanta cor, os beijos gays já não eram tão molhados e o colorido da bandeira que aquela menina de cabelo rosa carregava já não chamava tanta atenção - as cabeças andam baixas. Talvez essa falta de coesão que tenho vivido seja um grande devaneio do irreal. Ouvi dizer que os sonhos são flashes disparados pelas sinapses enquanto dormimos e que não duram mais de 3 segundos. Não acreditei muito, mas achei a informação válida para o início de lapsos dialogosos e polêmicos que travo na minha busca por socialização. Não sou fã dos clichês mas creio que nem Freud explica a conjuntura brasileira. Enfim, voltando ao coiso de que falava antes. Digo, à coisa, o onírico tem se tornado bem mais real do que imaginaria. Os pesadelos têm perambulado pelos escuros de nossa pátria, enquanto mães saltam das paredes para pegar um copo d’água - e o escuro assusta. Por falar em escuro vai aqui uma interpretação desse imaginário. Pode ser que a arma seja a materialização do pau. Se até no apelido ele é objetificado, vai ver seu governo consista numa grande coisificação da impessoalidade vigente. Vai ver a coisificação do sexo seja o estupro. Vai ver Maria do Rosário seja um ’isso’. E por falar em estupro, talvez esse sequer seja o trauma que mais vá incomodar os canários mudos nos anos que seguem. A punheta assusta mais. Enfim, não sou ‘isso’, nem palpável - não me deixo consumir pelas superfícies de meus palácios. Tenho levado uma vida leve, sido pena. Aliás, o estresse com o imutável não vale a pena. E seria uma pena se não houvesse no caminho um Pena para fazer-nos flutuar no léxico. Crendo ter-me estendido por demasiado, escrevo para concluir que o Brasil tem se mostrado desses que prefere comprar uma bicicleta nova a trocar os freios. Talvez fosse melhor deixar essa merda bater. Vai que dava PT?
Zé Zepilim
No início eu realmente me perdi, mas a forma como foi dando sentido foi espetacular. Faz todo sentido. Ótimo texto!
ResponderExcluirDo caralho. Nao há adjetivo melhor pra descrever sua escrita. Se eu passar ponto a ponto tudo que acho bem sacado, não vou conseguir descer do meu ônibus. Um apanhado dos seus textos à altura do impacto que causaram durante nosso semestre. Do caralho
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