Quando pequena vivia por aí, solitária observando a natureza a minha volta. Vendo casais se formando e famílias se criando, cheguei a acreditar que nunca encontraria outra de mim, que nunca teria uma companhia.
Um belo dia, algo estranho me aconteceu. Senti uma necessidade enorme de alguma coisa que não entendia, segui apenas meus instintos. E quando percebi encontrava-me em uma claustrofóbica espécie de cabana mas que mesmo assim parecia o lugar certo pra mim.
Sou de acreditar em sentimentos e por isso me aconcheguei por ali. No entanto, acho que caí no sono e quando acordei me senti diferente. Alguma coisa havia mudado e eu não sabia o que era. Precisava sair dali, me estiquei e de repente me vi mais alta do que sempre fui.
Parecia estar nas alturas, todos que conhecia pareciam menores. Tudo a minha volta estava agora sobre outra perspectiva, estava mesmo diferente. Andei sem rumo por horas, até me deparar com uma linda paisagem, cheia de criaturas que eu desconhecia, mas que eram lindas de se observar, elas voavam perto das flores. Subiam e desciam, rodopiavam, era lindo de se ver. Fui chegando mais perto e notei um riacho logo ali, ao passar perto quase não acreditei no que vi.
Eu era agora uma daquelas criaturas! Não sei como e nem porque isso me ocorreu mas ao constatar isso senti uma alegria tão grande que achei que fosse explodir. Voei alto, sobrevoei as flores, ah como era bom voar! Descobri minha família, fiz amigos iguais a mim, me encontrei enquanto vagava por aí. Simplesmente aconteceu e acho que essa foi a grande transformação. Passei a me sentir parte de um todo, feliz por não ser a única de mim e satisfeita por aquilo que me foi dado. Eu tinha recebido, ou melhor me dado, o melhor presente de todos, minha liberdade e o amor pelo meu novo eu, me encontrei quando havia achado que tinha me perdido! Mas não para por aí.
Avistei chegando, todo desengonçado, outro de nós. Achei-o diferente, interessante, mas não me movi. Ele chegou dando cambalhotas no ar, ainda aprendendo a usar de suas recém adquiridas asas. Ah que asas! Mas acho que se olhar bem, se parecem bastante com as minhas. São lindas. Ao me ver sorriu e me disse oi, acho que fui nas estrelas e voltei. Mas não sei se já estava lá a mais tempo.
O novato era engraçado, e gentil. Fazia de todos criaturas melhores só por estar ali, em poucos dias me ensinou o que eu não sabia que faltava em mim. Me ensinou a ser mais carinhosa com todos a minha volta, do jeito que ele era com todos. Me ensinou a nunca desistir simplesmente por não desistir de aprender suas novas habilidades. E me ensinou a sorrir mesmo quando caímos.
Não sei exatamente como aconteceu (o que não é novidade em minha vida) mas já sentia por ele algum tipo de sentimento, porém distinguí-lo tão prematuramente seria tolice.
Acho que viver se tornou mais divertido e mais colorido com sua presença. Meu novo eu, ele e todos os nossos irmãos novos fazíamos um lindo grupo. Me senti mais completa que nunca e pronta para descobrir o mundo, não mais sozinha e sim muito bem acompanhada.
Não direi agora se somos ou não um casal, pois isso poderia ser ilusão. Mas posso garantir que o que mora em nosso peito é real e cresce a cada dia. Acho que isso já é o suficiente para crescermos juntamente e descobrirmos juntos do que se trata tudo isso.
Melissa C.
Gostei do texto. É uma pessoa que sempre se sentiu de fora e finalmente consegue achar o seu lugar, com pessoas que lhe fazem bem. Sobre a estrela de sete pontas, creio esse texto garantiu perenidade e profundidade aos fatos relatados, ultrapassou os limites do cotidiano com certeza e evitou os definidores primários. Porém não vi muito o exercício da cidadania.
ResponderExcluirAdorei sua criatividade e a maneira que você escreveu seu texto. Acho que os pontos mais marcantes foram a ultrapassagem do cotidiano e uma visão ampla da realidade. Mas o tempo também é perene, profundo e poético. Acho que só não exerce a cidadania - como já citado - e não utiliza os recursos jornalísticos. De qualquer forma, parabéns!
ResponderExcluirGostei da criatividade. Diferente das colegas que já comentaram, eu notei o exercício de cidadania no seu texto, a partir do momento em que o novato ensina a menina a ser mais carinhosa, nunca desistir dos sonhos, sorrir mesmo quando cair, enfim, é solidário. Além disso, é perene, rompe com a corrente do LEAD e ultrapassa o cotidiano. Parabéns.
ResponderExcluirOlá amiga Melissa!
ResponderExcluirSeu texto foi tão criativo, parabéns! Acredito que ele é claramente perene, rompe com as amarras do lead, ultrapassa o cotidiano mas fiquei meio na dúvida se exerce cidadania. Mesmo assim, parabéns pelo ótimo trabalho!
Beijos perfumados de sua querida Maria Antonieta.