Tem umas coisas que só olhando bem de perto para notar o quanto são enormes, gritantes, vastas. Eu poderia dizer que você é a personificação da amplitude. Extenso. Denso. Intenso. Para mim, um casal é movido por detalhes, detalhes esses que nem um fotógrafo aspirante a Salgado é capaz de captar e acho que é justamente isso que faz os duetos apaixonados serem tão singulares.
Seria alguém apto a reparar sua pinta do lado esquerdo do queixo que aumenta de tamanho conforme o movimento do seu maxilar? Ou o jeito que você ri quando se sente sob pressão? Como olha no relógio repetidas vezes quando está ansioso. Ou, quando vamos a praia do Leme, como mistura o mate com a limonada milimetricamente para que fique de acordo com o seu gosto. O jeitinho de abrir a porta para que não faça barulho. Como escova os dentes de costas para o espelho. A maneira de abotoar as camisas sociais – sempre tão amarrotadas. Ou o estalar dos dedos para se poupar de um nervosismo repentino.
Foi você que insistiu para que eu experimentasse açaí depois de uma prova de física cuja matéria eu te ensinei na noite anterior. E foi você que me levou ao show daquele sujeito num feriado chuvoso.... Não me lembro bem do artista, mas me recordo do resfriado que peguei. Com você, fiz uma viagem à Itaipava, sob tensão, pois a gasolina estava acabando. Não acabou e tive que escutar a respeito da minha neurose durante os dias que passamos lá. Com você, também, chorei por causa da bronca que levei de meu chefe e tive seu esmero sob forma de afago nos meus cabelos. Vi você ir de havaianas para um jantar de sua família enquanto eu usava um salto caro parcelado no cartão. Ouvi você dizer que fico linda sem maquiagem quando, na verdade, eu estava de corretivo e havia sofrido para usar o curvex. Você nem sabe o que é curvex. Lembro quando decorou alguns personagens da minha série favorita. Era Drew, não Drake, mas eu sorri consentindo com a cabeça porque eu sabia que você havia se esforçado.
Nada se compara ao que é – só – meu e seu e é exatamente isso que faz a Laura e Gustavo diferentes do Paulo e Júlia, da Luana e Raquel, do Daniel e Lorena, do Alexandre e Antônio ou da Débora e Marcelo. As coisas pequenas, na verdade, são gigantes e, pensando melhor, não nos torna singular. Nos torna plural.
Valentina
Bom, já que comentaste o meu texto primeiro, decidi comentar o seu antes de todo mundo. Me chamou muito a atenção, a forma como você descreve os detalhes, as pequenas coisas de um relacionamento. Que como sabemos, são elas que o constroem ou o destroem. Em relação à estrela de sete pontas, acredito que se encaixou em todas, menos na ultrapassagem dos acontecimentos cotidianos, mas essa já era a ideia da obra, relatar apenas as "pequenas" coisas de um relacionamento.
ResponderExcluirUm abraço do Régis Jr
Concordo com o Régis, esse é um texto muito bonito baseado nas coisas simples, o que pode tirar uma das pontas da estrela por não ultrapassar os acontecimentos cotidianos. Fora isso, consegue-se ver outras pontas como a perenidade e a profundidade dos fatos (foi o que mais foi feito nesse texto e adorei!) e o proporcionamento de visões amplas da realidade. Parabéns!
ResponderExcluirAchei amável a forma de representar pequenas atitudes cotidianas proporcionando sentimentos únicos e memoráveis. Também acredito que simples momentos tenham uma importância valiosa. Em primeiro momento, é possível perceber uma observação atenta, uma preocupação e cuidado com os detalhes, que podem ser fatores relacionados ao Jornalismo. Além disso, percebo a perenidade e a não superficialidade ao relatar os acontecimentos, de acordo com a Estrela de sete pontas. Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirQue texto mais lindo! Sério, aqueceu meu coração hahaha. Tão verdadeiro, e tão fácil de se identificar. Não preciso nem dizer que garantiu perenidade e muita profundidade. Você pegou acontecimentos do cotidiano, tão pequenos, e transformou em arte. Parabéns Valentina!
ResponderExcluirQue lindo! Muito amor por esse texto. Ele garante perenidade, pois os pequenos detalhes são super intensificados e fazem jus a sua proposta. Proporciona uma visão ampla da realidade e vejo potencialização dos recursos jornalísticos pelo cuidado que teve ao narrar e descrever características desses detalhes que compõem seu texto. Parabéns!
ResponderExcluirAdorei o texto e adorei a forma como você descreveu tudo. Como disse a Lia, fez jus à proposta do título, realmente foi o que eu esperei ao ler "Minúcias", algo bem detalhado. Acredito que seu texto rompe as correntes do LEAD e garante perenidade e (muita) profundidade aos relatos. Parabéns.
ResponderExcluirAchei muito fofo! Simples e lindinho demais, com certeza rompe as correntes do LEAD, é perene e apresenta profundidade, há também uma visão ampla da realidade. Parabéns pela crônica Valentina. - Melissa C
ResponderExcluirOlá amiga Valentina!
ResponderExcluirAdorei seu texto! Acredito que você rompeu as amarras do lead, consegui enxergar em seu texto uma perenidade e uma grande profundidade. Parabéns pelo excelente trabalho!
Beijos perfumados de sua querida Maria Antonieta.