Mônica do Legião
terça-feira, 24 de maio de 2016
Entrei no metro tarde da noite, poucas pessoas estavam recostadas nos bancos. Procurei o lugar mais distante, vinha sendo forte desde que saí da sua casa. Me sentei, fiz cara de choro, pensei na última meia hora e nada, nenhuma lágrima, nenhum sentimento. Me esforcei mais, lembrei dos momentos bons, dos risos, das horas em que apenas estar na sua presença bastava para estar feliz e nenhuma lágrima. Começo a me sentir mal, quando ouvi o "Acabou" senti vontade de chorar, pensei em mil maneiras de suicídio, não queria me afastar. Mas, do caminho da porta do seu prédio até esse banco duro tudo mudou. Talvez tenha sido as lembranças dos momentos ruins que vieram automaticamente para estancar o vazio que suas palavras causaram. Ligações perdidas no seu celular no meio da madrugada, mensagens soltas no tempo, o número interminável de baladas que fui atrás de você, os inúmeros bares que conheci nesses seis anos, a quantidade exorbitante de garotas que você amou nas entrelinhas, o medo que seus gritos me causavam, as comemorações que você esqueceu, os sorrisos que eu perdi, as olheiras que ganhei, a felicidade que se perdeu, o amor que se acabou. Um sorriso surgiu em meus lábios, um sorriso tímido que aos poucos se tornou uma gargalhada. Todos olharam para mim e eu me senti a pessoa mais feliz do mundo porque agora eu existo. Deixei de ser sua sombra, parei de viver sua vida, carregar os seus erros, sentir sua raiva, temer sua presença e assumi o controle da minha vida. Quando saí da sua casa me culpava pelo fim, pensava que minha incapacidade te cansou. Quando cheguei em casa juntei tudo que me ligava à você e joguei em uma caixa de papelão. Agora escrevo essa carta, que talvez você nunca leia, para juntar os pedaços, me levantar, olhar para frente e recuperar tudo o que perdi. Tendo a achar que o "Acabou" foi a melhor parte do nosso relacionamento. Obrigado.
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Esse texto conseguiu, em poucas linhas, mostrar os estágios após um fim de relacionamento em que não havia mais felicidade. Com términos, as pessoas costumam levar muito tempo para entender que pode ter sido o melhor a ser feito para ambos. Gostei! Quando à estrela, pude ver a perenidade e profundidade pelo caráter atemporal e pelas reflexões contidas ali. Também vi que ultrapassou os limites do cotidiano. Senti falta de outras pontas como a de evitar os definidores primários e a visão mais ampla da realidade.
ResponderExcluirConcordo 100% com o que a Amelie disse. Gostei do fato de você trazer esse lado de que muitas vezes o término de um relacionamento acaba melhorando a vida de pessoas que poderiam estar infelizes. Na minha opinião, ultrapassou o cotidiano, porém senti que faltou evitar os definidores primários. De qualquer forma, achei um texto muito agradável de se ler e me agradou a maneira que você gerou uma quebra de expectativa, porque parece que ela estaria triste com o fim do relacionamento e logo depois mostra o como aquilo representou um alívio para ela.
ResponderExcluirGostei muito da maneira que o texto se desenvolveu. Realmente, como já foi dito, ultrapassou o cotidiano muito bem, nos trazendo para dentro de um término de namoro e nos mostrando como a menina estava se sentindo. Também garantiu perenidade (já que términos e superações são assuntos antigos e eternos) e profundidade (conseguimos sentir o que a personagem está sentindo!). Parabéns!
ResponderExcluirTodo mundo já falou isso, mas vou repetir de qualquer jeito: foi bem que legal que você tenha abordado o ponto positivo do término do relacionamento. Ao mesmo tempo, você conseguiu ser realista ao mostrar que não foi logo de primeira que a pessoa se sentiu bem com o rompimento e tals, porque de fato (quase) ninguém fica feliz depois de terminar um namoro. Não sei se o texto tem perenidade, mas como também já falaram, ele com certeza ultrapassou o cotidiano pela abordagem inusitada *-*
ResponderExcluirOlá amiga Mônica!
ResponderExcluirLi seu texto e pensei "UAU". Normalmente em textos de términos de relacionamento encontramos aquelas frases clichês repletas de um sofrimento que chega a dar dó. Mas no seu texto foi tão diferente... Surpreendente e inusitado, parabéns! Sendo assim ele ja possui a ultrapassagem do cotidiano, acredito que é perene também e nos dá uma visão ampla da realidade. Parabéns pelo trabalho incrível!
Beijos perfumados de sua querida Maria Antonieta.