terça-feira, 24 de maio de 2016

Nem tudo será perfeito. Nem todas as brigas serão simples como brigar pela toalha molhada esquecida sobre a cama.  Nem todas as discussões serão por uma foto curtida em uma rede social. Existirão momentos realmente difíceis em que pensaremos se realmente vale a pena continuar nisso, ou desistir de tudo. Momentos onde discutiremos, gritaremos, perderemos a razão e causaremos um grande silêncio na relação.  Serão após esses momentos, quando o orgulho já tiver tomado conta de nós, que sentiremos falta um do outro. E após alguns minutos de silêncio, vamos nos olhar com um semblante de arrependimento e enfim repousaremos nossos corpos um no outro. Haverá dias ensolarados para nós. Dias onde acordaremos de manhã cedo, prepararemos um café da manhã ao som de Jack Johnson e trocaremos beijos demorados celebrando mais um dia juntos. Iremos caminhar pela orla da Praia e depois prometo que terei paciência enquanto estiver sentada na areia olhando você surfar, e ainda que irei vibrar a cada tubo de backside completo.  Haverá dias em que iremos simplesmente preferir o “clichê” dos relacionamentos. Dias que preferiremos  ficar em casa juntos, aquecendo um ao outro enquanto assistimos algum filme. E não pense que por isso seremos o tipo de casal que vemos na televisão. Pois provavelmente vamos discutir por causa da pipoca, ou por causa da escolha do filme, já que com grande possibilidade escolherei um filme bem água com açúcar para nós dois.  E ao irmos em alguma livraria, eu lhe prometo que não irei fazer escândalos ao achar algum livro que estava procurando a tempos, ou quando encontrar livros novos de algum autor favorito. Durante a noite, iremos finalmente poder olhar o céu juntos, e lembraremos ainda de quantas noites passamos a quilômetros de distância separados, sonhando com esse momento. E ao deitarmos deixaremos que o silêncio fale por nós, estaremos com os rostos colados, sentindo o calor da respiração do outro e quando nos dermos conta teremos adormecido. Nos outros dias, imaginaremos como serão nossos filhos.  Iremos nos divertir tentando adivinhar com quem eles irão parecer, se terão o meu sorriso, ou se terão os seus olhos. Ainda iremos discutir ao criar uma lista de possíveis nomes, quando ouvirmos o outro dizer que os  futuros filhos terão o nome de algum personagem de livro, ou de algum surfista famoso.  Mas até isso tudo acontecer teremos muito tempo pela frente. Teremos muitas discussões, teremos muitas brigas, muitas reconciliações, muitas noites separados pela distância e muitas histórias para planejar. E tudo isso eu imaginava mentalmente enquanto escutava você me fazer o pedido. Enquanto esperava o momento em que te olhei nos olhos e lhe disse sim. Mas essa história é melhor deixar para contar em uma próxima carta, até porque você com certeza vai querer me ouvir contar muitas outras histórias sobre nós dois. 

 Maria Antonieta 

3 comentários:

  1. Gostei muito! É uma crônica muito fácil de se identificar e garante perenidade. Alguém de muitos anos atrás, ou lá no futuro, pode ler essa crônica e se sentir da mesma maneira. Relacionamentos não são sempre fáceis. Você, com certeza, ultrapassou o limite dos acontecimentos cotidianos, rompeu o lead e escreveu o texto de maneira bem profunda. Também houve uma visão ampla da realidade, já que descreve vários momentos e a maneira que os dois se sentem. O final foi bem emocionante! Senti falta apenas da potencialização dos recursos jornalísticos e do exercício da cidadania.

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  2. A forma como é possível atingir a fundo o psicológico da personagem, afirma a profundidade presente no texto. A narrativa traz os fatos tão detalhados do cotidiano do casal que permitem que o leitor se reconheça na história, atendendo a questão da perenidade. Os relatos também possuem um vínculo forte com uma realidade abrangente, ao passo que consideram a existência dos momentos bons e ruins de um relacionamento. Concordo com a Helena que o texto traz um final cativante e também nos instiga a querer saber a continuação das histórias! Parabéns pelo trabalho!

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  3. Lindo!! Amei a carta, pois a forma da narrativa bem descrita e com recursos de intimidade, aproxima muito o leitor da história. Quanto às pontas da estrela, observei o rompimento dos limites do acontecimento, da novidade; visão ampla da realidade; total rompimento com as amarras do LEAD e, finalmente, perenidade. Parabéns.

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