sexta-feira, 15 de julho de 2022

O CIRCO DOS HORRORES



Fiquei bem confusa sobre como deveria iniciar essa crônica, não porque eu não saiba o que escrever e sim por estar aflita com a multiplicidade de sentimentos ao me deparar com a ignorância, o fascismo, o bolsonarismo. O bolsonarismo mata, humilha, aprisiona, destrói lares, rouba o pão da mesa, o leite do copo. Taurus 40 não encheu a barriga de ninguém, ao invés disso assolou uma família. Eu gostaria de dizer que me compadeço de pessoas ignorantes, mas não faço, a minha empatia e tolerância pelo fascismo é zero, não lamento o revide, apenas lamento que os projéteis não tenham sido eficazes para eliminar um verme bolsonarista. 


Me pergunto agora por qual razão as coisas precisam ser dessa forma, se Deus existe porque permite essas atrocidades? Tenho desprezo pelo conceito de céu e inferno, porque já me sinto vivendo em um inferno, um poço de lava e destruição onde o enxofre tem o odor de um projétil desferido. Click. E tudo se acabou, as cortinas se fecharam para alguém, sem aplausos, sem beijo de namorada, sem prêmio na linha de chegada. É neste circo de horrores que eu acordo todos os dias, com um palhaço vestindo uma faixa presidencial e brincando com a vida das pessoas, fazendo graça, imitando pessoas asfixiadas. Não vou fazer crônica para ficar bonito pra ninguém, não quero fazer poesia falando da morte de uma pessoa por causa do Bolsonarismo, não tem que ser assim. 


Escrevo com raiva porque estou cansada dessa merda e não queria precisar ter que fazer uma crônica sobre isso, não devia ser assim. Hoje alguém não assistirá os primeiros passos da filha, uma menina perdeu o direito de conhecer o pai, uma esposa vai se virar para dar conta da família e os filhos lidarão com o fato de que nunca mais terão um pai. O Bolsonarismo sufoca, empobrece, enlouquece. Fico confortada por estar sã e deprimida por todos os dias perder alguém. Todo dia perco alguém para a fome, o racismo, a homofobia, o machismo, a intolerância religiosa e agora política. Ontem foi o Marcelo, será que amanhã serei eu? Sinto medo pelo futuro que nos aguarda, espero do fundo do coração que o bom senso triunfe sobre o conservadorismo e o cidadão de bem.

Por Lilith


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