Eros
Quando se é um ser humano
é necessário de vez em quando um anestésico para fugir da realidade, mas não
com ela. Começa com um suspiro, uma voz doce e ao mesmo tempo cortante
congelando tempo e espaço não importa quando nem onde. Os sonhos e delírios que
os românticos usavam para sua completa evasão do mundo nunca pareceram tão
reais. E dentro de uma via de trânsito, quando o vermelho brilha em um sinal,
as lembranças das noites nas quais pude embriagar meus lábios em seu corpo
chegam sempre sem avisar.
- Só uma noite! – Diz ela
ofegante com os braços sobre meus ombros.
- Só uma noite. –
Respondo sem desviar meus olhos dos dela.
Ela vira-se sutilmente
bem na minha frente, mas suas mãos tem vida própria. A direita segura forte
meus cabelos e leva-me ao seu pescoço enquanto a esquerda conduzia a minha mão
ao botão de sua calça. A única luz capaz de iluminar nosso escapismo do bar ao
lado encontrava-se no alto de um poste no beco onde estávamos que podia
iluminar um cartaz de aviso já gasto com o tempo em que estava escrito: “Para o
bem de todos, fume apenas fora do estabelecimento”. Para o bem de todos, eu
tirei toda sua roupa. Para o bem de todos, eu a deixei louca como nenhum homem
jamais deixou. Para o bem de todos aquilo não foi “só uma noite”...
Eu sei,
ela tem uma queda por mim pelo menos eu acho que sim, mas eu finjo que nem
ligo... (Beee)
O som da clássica MPB ao
rádio e o som das várias buzinas de motoristas insatisfeitos ecoavam aos meus
ouvidos para me fazer obedecer ao sinal verde e me despertar do caloroso
delírio. O jantar para o qual estava indo não seria mais um jantar pacato,
seria algo até mesmo um tanto interessante. A estrada era longa, pois um evento
como aquele não caberia em qualquer restaurante. Já podia sentir a euforia, uma
curva para esquerda, seguida de uma à direita e depois novamente outra à esquerda.
As curvas nas ruas eram tantas, quase como nos desenhos de seu corpo. Ah sim,
os contornos de seu corpo, levam-me novamente a mais uma bela lembrança.
- Só mais essa vez! –
Disse ela com os olhos fechados e deitada na cama com as duas mãos em minha
nuca. Os traços de seu rosto pareciam pedir no seu mais profundo íntimo que
aquela fosse realmente a última vez e que seu inconsciente não desse mais vazão
ao seu desejo recalcado.
- Só mais essa vez. –
Respondi instantaneamente sem titubear.
Ela com certeza não é a
mulher a qual se mata toda vontade de tomar num gole só e aquela dose num
quarto com luzes de neon e um espelho sobre nós não seria apenas uma saideira.
É como uma dança e é preciso saber os passos certos para acompanhar a música.
Eu não vou negar, tudo aquilo te deixa duro como concreto, mas não pode-se ir
rápido demais logo de cara, não. Depois da troca de beijos meus dedos no queixo
dela viram sua face para que minha boca chegue ao ouvido e eu possa sussurrar e
morder de leve sua orelha, à partir dali é um jogo de deslize dos meus lábios.
Começa bem atrás do lóbulo e vai descendo pelo pescoço, perpassando seus seios
e só então chega nos seus pequenos e grandes lábios para permanecer entre suas
pernas até fazer ela jorrar de desejo...
Não, eu
não vou bagunçar minha paz nem a dela e a do seu rapaz, mas viver é um perigo,
afinal somos ambos casados amamos nossos namorados isso não dá pra mentir...
(Toc toc)
- Senhor, posso manobrar
o seu carro?
A batida do atendente do
restaurante na janela de meu carro parou a música e impediu a continuação de
mais um delírio, eu tinha chegado a um cinco estrelas. E como eu disse aquele
não seria um jantar qualquer. Minha mensagem já havia chegado ao celular de
quem havia me convidado. E lá dentro eu já conseguia ver a mesa onde estavam
sentados.
- Jason, sempre atrasado.
Não sei como pensei que poderia ser diferente. – Falou um velho amigo em um tom
descontraído.
- Você me conhece,
Arthur. Não seria eu se fosse pontual. – Respondi com um sorriso no rosto.
- Acho que você se lembra
da Rúbia Klein, minha noiva. Não cheguei a te apresentar direito no último
churrasco.
E lá estava ela. Arthur
poderia até mesmo achar que não, mas eu a conhecia melhor do que ele poderia
imaginar. Nessa altura não conseguia tirar meus olhos daquela mulher de cabelos
ruivos, pele lisa com a boca fina e seu nariz reto e curto. Bem apertada num
vestido vermelho decotado calçando um stilletto preto ela levanta-se para me
cumprimentar.
- Oi! A Adrielle não vem?
– Perguntou ela meio desconcertada e ao mesmo tempo dissimulada.
- Ela não tá passando
muito bem, preferiu ficar em casa.
- Entendo!
- Bom, acho melhor nos
sentarmos e pedirmos logo a comida. – Comentou Arthur.
ACAME-SE agora mesmo, meu
amigo leitor. Se chegou até aqui pelo menos me dê uma chance de me explicar e
terminar esta crônica de forma decente. Não peço perdão, apenas compreensão. A
vida não é feita apenas de bem e mau, sempre haverá nuances, ela é mais
complicada do que imagina. Sou um simples ser humano como você, sempre amo
aquilo que desejo e desejo sempre aquilo que não tenho. E nesse jogo envolvendo
prazer e realidade, fica mais do que óbvio qual dos dois sempre escolhemos.
Nunca é fácil escondermos nossos conteúdos recalcados o tempo inteiro. No
máximo lutamos para nossos atos falhos se expressarem em nossas vidas o menos
possível, mas acredito que possamos concordar em pelo menos uma coisa, aquele
jantar é uma prova clara de nossa pulsão de morte, minha e dela.
Como eu queria rasgar
aquela roupa e coloca-la em cima da mesa derrubando todas as taças e pratos à
revelia de tudo e de todos. Relembrar nossas noites, fazê-la perder o ar e
escutá-la ofegante, sentir o seu cheiro e me perder nela em um movimento único
enquanto eu a transpasso de novo, de novo e de novo.
Não posso lhe contar como
irá acabar, nem mesmo eu sei. Não espero que termine em um verdadeiro caos ou
também em uma harmonia perfeita, espero apenas um equilíbrio entre todos os
passos dessa dança e em todas as notas dessa música enquanto ela durar. Até lá,
sigo cantando:
Então,
quando às vezes a gente se vê eu disfarço meu louco querer e ela finge que nem
imagina.
Don Draper
Quero aproveitar esta oportunidade para agradecer ao Dr. Padman. por me ajudar a recuperar meu amante depois que ele me deixou alguns meses atrás. Enviei amigos e meus irmãos para implorar por mim, mas ele recusou que tudo acabasse entre nós dois, mas quando conheci o Dr. Padman. ele me disse para relaxar que tudo vai ficar bem e realmente depois de apenas dois dias eu recuperei meu homem. muito obrigado Dr. Padman. aqui está o e-mail desse grande homem, se você precisar da ajuda dele, pode entrar em contato com padmanlovespell@yahoo.com
ResponderExcluirMeu Deus mano! Seu texto me prendeu com cada palavra, cada descrição, cada fala... o transporte entre as memorias e os acontecimentos no presente é muito bem feito, sem te deixar perdido, pelo contrario, da ainda mais clareza ao imaginar cada cena. Texto Excelente!!!
ResponderExcluirCada vez me encanto mais com seus textos...Dessa vez nao foi diferente,texto muito bem articulado ,impossível não se emocionar.Utilizou muito bem as metáforas!!
ResponderExcluirSem palavras... Não encontro nenhuma que pudesse descrever seu texto e o que senti lendo, a não ser: incrível! Incrível a forma como você escreve e descreve cada momento em que esteve com ela. A forma fácil como nos transporta para dentro do texto e nos mostra como você se sentiu e sente é incrível demais mesmo.
ResponderExcluir"A vida não é feita apenas de bem e mau, sempre haverá nuances, ela é mais complicada do que imagina. Sou um simples ser humano como você, sempre amo aquilo que desejo e desejo sempre aquilo que não tenho."... Perfeito!
Simplesmente PERFEITO! É de uma sensibilidade indescritível, trabalha bastante o tema principal, mas de uma forma que encanta. Parabéns!
ResponderExcluirAdorei de verdade o texto! Prende muito o leitor por conta do enredo inesperado da história e pelo uso bem colocado de metáforas. Legal também a interação feita com o leitor.
ResponderExcluirIncrível o seu texto. Consegui imaginar cada detalhe e a história é mesmo bem legal."Começa bem atrás do lóbulo e vai descendo pelo pescoço, perpassando seus seios e só então chega nos seus pequenos e grandes lábios para permanecer entre suas pernas até fazer ela jorrar de desejo..." Gostei da sutileza usada para falar de algo tão explícito.Parabéns!
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