Sem palavras
3,
4, 5 da manhã. O ronco do meu pai parece debochar da minha incapacidade de dormir.
Mas eu não ligo. O que vivo agora é mais urgente, me reviro na cama, enfio a
cara no travesseiro involuntariamente tentando conter o meu riso. Hoje só
preciso e quero repassar na minha cabeça cada toque e movimento do que vivemos mais
cedo, que sei que não da para esquecer, mas tenho que revivê-los em mente antes
que qualquer mísera oportunidade deles caírem no esquecimento surja.
Você
tem um jeito tão seu de fazer coisas banais se transformarem num espetáculo... Fui
te ver usando meu vestido branco meio surrado, que você diz que ficar lindo na
minha pele morena.
Quando
eu cheguei no seu apartamento, você me saboreou, me comeu com os olhos e fez
minhas pernas bambearem só por emitir aquele sorriso de orelha a orelha seguido
de uma passada de língua pelos lábios, igual quando estamos famintos e vemos
comida.
Você
tem paladar. Você não tem pressa, mas eu tenho e tenho muita. Você me deita no
sofá e eu me abro para você. Você levanta o meu vestido, quando vi a calcinha
já estava no chão. Mas você não tem pressa, pousa o rosto entre as minhas
cochas, e ignorando a urgência com que te preciso, analisa o meu umbigo, da uma
risada olhando dentro dos meus olhos e diz que ele é muito bonitinho e propício
para se botar um piercing. Não tenho nem forças para te responder, aliás, você
me deixa assim, sem palavras.
Me
abro ainda mais para você esperando talvez por um consolo, ou quem sabe uma
punição pelo vácuo em que te deixei. Sinto seus dentes sendo cravados em minha
pele, e então seus lábios em meus lábios, você me beijando como se isso fosse a
única coisa a se importar no mundo, e beijando tão fundo que até minha alma se
sentiu desejada. Mas eu quero sempre mais, sou assim mesmo, insaciável.
E
como nas lutas de artes de marciais em questão de segundos já estamos no chão,
na verdade, estou em cima de você. Sendo
sua, me dando de presente à você, o Natal está chegando né? Nesse momento somos
um só lugar, um só desejo, um só prazer, uma só dor.
Meu
Deus, é o melhor lugar do mundo, sinto gratidão por estar viva, seu corpo no
meu, minha pele na sua. Rio e mar, desaguamos um no outro. E no fim, quando eu
volto a ser só minha e você só seu, você nem precisa perguntar se foi bom,
porque meu corpo já te respondeu isso minutos antes.
E
agora já são 6h da manhã, desisto do sono e resolvo me levantar. Vou ao
banheiro lavar o rosto e quando me olho no espelho rio sozinha quando percebo
que perdi uma noite de sono para reviver mentalmente aquele nosso momento. Será
que você também pensou em mim esta noite? Não sei...
Irônico
como você me faz sentir tão singular num dia e tão plural no outro...
Singular
e plural são flexões gramaticais
para indicativo de número de substantivos e adjetivos, mas como deixei claro
antes, não há substantivo, adjetivo, palavra que me faça descrever como você me
faz sentir. É que depende do dia. O jeito que você me trata é tão irregular
quantas regras gramaticais do nosso português. Mas para o meu prazer (ou
pavor), você sempre volta e me deixa sem palavras.
Metamorfose Ambulante
Quero aproveitar esta oportunidade para agradecer ao Dr. Padman. por me ajudar a recuperar meu amante depois que ele me deixou alguns meses atrás. Enviei amigos e meus irmãos para implorar por mim, mas ele recusou que tudo acabasse entre nós dois, mas quando conheci o Dr. Padman. ele me disse para relaxar que tudo vai ficar bem e realmente depois de apenas dois dias eu recuperei meu homem. muito obrigado Dr. Padman. aqui está o e-mail desse grande homem, se você precisar da ajuda dele, pode entrar em contato com padmanlovespell@yahoo.com
ResponderExcluirAmei seu texto, apesar de simples tem uma visão bastante pessoal e sensível em relação ao que foi vivido pela personagem, muito bem escrito, parabéns.
ResponderExcluircaraca, que real! você conseguiu dosar muito bem o sentimentalismo com o sexo. essa foi uma das minhas favoritas até agora. parabéns.
ResponderExcluirDá pra ver a emoção que você põe no texto, sem pecar por excesso de sentimentalismo. Texto muito bem equilibrado, amei!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu amei! Muito envolvente o texto e a forma como você descreve o momento, inclusive a maneira como começa no presente com você tentando dormir, mas se desenrola na descrição de sua lembrança, o que nos faz sentir como se estivéssemos ali. Me atentaria somente à alguns erros de pontuação e ortografia como "cochas" e não "coxas".
ResponderExcluirO texto é envolvente demais e sua brincadeira com o uso do português torna a crônica gostosa de ler no último parágrafo.
ResponderExcluirGostei muito! A relação com o português, as metáforas utilizadas e a emoção que você conseguiu passar fazem deste um texto muito envolvente. Muito bem escrito, adorei o modo como a história e o sentimento vão se desenvolvendo e progredindo naturalmente. Parabéns!
ResponderExcluirGostei de como fez o titulo da cronica ter um sentido mais profundo dentro da narrativa, até fechando o texto com as mesmas palavras. curti essa sua escolha estetica, parabens.
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