sexta-feira, 4 de outubro de 2019


Festa foda ou foda de festa?

A noite de sexta parecia não ter fim. Em meio a todo álcool e funk que permeava aquele lugar, encontrava-se dois jovens de idades próximas e interesses semelhantes. O que buscavam não era o amor. E nem nada do que este tem a oferecer, estavam atrás, na verdade, do prazer da juventude.
Ela, com seus cabelos enrolados presos num coque alto, corpo que brilhava de acordo com as luzes do bar, copo de gin na mão. Ele e sua bermuda de moletom, tatuagem no braço esquerdo, levando sua fiel companheira, a cerveja. Ao som de Lud, seus corpos se encontravam. O dj parecia entrar em sincronia com o que estava acontecendo entre os dois.
O ar embriagado que os envolvia fazia com que tudo desaparecesse ao redor. A mão dele desfez o coque dela. O gin e a cerveja já tinham se misturado. O olhar de desejo dela que engolia a boca dele e fazia a respiração ficar ofegante. Seus sorrisos maliciosos se encontravam no meio de um longo beijo.
Era como se já não houvesse espaço o suficiente naquela pista para seus desejos. E a única alternativa que duas cabeças -movidas a álcool e tesão- conseguiram pensar era no banheiro. Feminino ou masculino? O que estivesse sem ninguém, era a única exigência. Lá foram eles, cambaleando. Ela na frente e ele com a mão em sua cintura. O trinco da porta estava quebrado. Merda. Tiveram que usar seus corpos para segurá-la.
Os beijos agora vinham acompanhados de arranhões. A boca dele percorria pela nuca dela e encontrava aí seu ponto fraco. Arrepio. Ela, ainda desnorteada, descobria nele mais uma tatuagem, uma serpente marcada em seu abdômen. Passou os dedos levemente sentindo a pele quente do rapaz. Não demorou muito para que se descuidassem da porta e caíssem para a bancada da pia. Quase que num ato desastrado, abrindo a torneira e deixando ali um fio d’água escorrer. Na mesma proporção em que a mão dele explora o corpo dela.
Algumas peças de roupa pelo chão. Porta entreaberta. As pernas dela tremiam e seus gemidos eram abafados pelo som da música estridente. Não sabiam se havia passado alguns minutos ou poucas horas. Apenas que tinham aproveitado cada segundo da tensão sexual que surgira na pista da boate. A música parou. Recolheram seus pertences e se despediram assim.. sem número, sem nome, já que havia sido somente uma foda de festa. 
Oblíqua Matoso

8 comentários:

  1. caramba muito bom!!! você escreve muito bem, sabe o momento certo de colocar os detalhes certos

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Simples e eficaz. As descrições ajudaram a criar uma visualidade não apenas para a cena, mas para tudo o que acontecia ao redor dos personagens. Acho que seu texto tem um ótimo ritmo e segue bem a proposta apresentada na aula. Você conseguiu escrever uma cena que não fosse meramente descritiva, nem romantizada demais. Parabéns pelo texto! ;)

    ResponderExcluir
  4. Excelente texto, atendeu bem a proposta da semana!!! As metáforas foram bem articuladas e o andamento do texto ficou bem legal também, transmitiu bem como geralmente as coisas acontecem em festas.

    ResponderExcluir
  5. A narrativa do texto é muito cativante e conseguiu me fazer sentir a adrenalina que os protagonistas provavelmente também sentiam. Parabéns!

    ResponderExcluir
  6. Muito bom seu texto. A conexão que você fez entre os personagens me chamou muita atenção, além das descrições e expressões das cenas mais quentes entre os dois. Destaco também a tensão que deixou em mim e acredito que em alguns outros leitores da porta do banheiro se abrir, ou mesmo de alguém entrar no banheiro, fiquei nervoso aqui. Parabéns também pela criatividade no título, excelente trabalho! Abraços

    ResponderExcluir
  7. simples e direto. Boas descrições, a estrutura do texto realmente passa o clima do ambiente, o texto é passado como flashes numa mente de pós festa. Parabéns!

    ResponderExcluir
  8. Boa capacidade em descrever as cenas e em criar a história. Gostei bastante!

    ResponderExcluir