Festa foda ou foda de festa?
A noite de sexta parecia não ter fim.
Em meio a todo álcool e funk que permeava aquele lugar, encontrava-se dois
jovens de idades próximas e interesses semelhantes. O que buscavam não era o
amor. E nem nada do que este tem a oferecer, estavam atrás, na verdade, do
prazer da juventude.
Ela, com seus cabelos enrolados
presos num coque alto, corpo que brilhava de acordo com as luzes do bar, copo
de gin na mão. Ele e sua bermuda de moletom, tatuagem no braço esquerdo,
levando sua fiel companheira, a cerveja. Ao som de Lud, seus corpos se
encontravam. O dj parecia entrar em sincronia com o que estava acontecendo
entre os dois.
O ar embriagado que os envolvia fazia
com que tudo desaparecesse ao redor. A mão dele desfez o coque dela. O gin e a
cerveja já tinham se misturado. O olhar de desejo dela que engolia a boca dele
e fazia a respiração ficar ofegante. Seus sorrisos maliciosos se encontravam no
meio de um longo beijo.
Era como se já não houvesse espaço o
suficiente naquela pista para seus desejos. E a única alternativa que duas
cabeças -movidas a álcool e tesão-
conseguiram pensar era no banheiro. Feminino ou masculino? O que estivesse sem
ninguém, era a única exigência. Lá foram eles, cambaleando. Ela na frente e ele
com a mão em sua cintura. O trinco da porta estava quebrado. Merda. Tiveram que
usar seus corpos para segurá-la.
Os beijos agora vinham acompanhados
de arranhões. A boca dele percorria pela nuca dela e encontrava aí seu ponto
fraco. Arrepio. Ela, ainda desnorteada, descobria nele mais uma tatuagem, uma
serpente marcada em seu abdômen. Passou os dedos levemente sentindo a pele
quente do rapaz. Não demorou muito para que se descuidassem da porta e caíssem
para a bancada da pia. Quase que num ato desastrado, abrindo a torneira e
deixando ali um fio d’água escorrer. Na mesma proporção em que a mão dele
explora o corpo dela.
Algumas peças de roupa pelo chão.
Porta entreaberta. As pernas dela tremiam e seus gemidos eram abafados pelo som
da música estridente. Não sabiam se havia passado alguns minutos ou poucas
horas. Apenas que tinham aproveitado cada segundo da tensão sexual que surgira
na pista da boate. A música parou. Recolheram seus pertences e se despediram
assim.. sem número, sem nome, já que havia sido somente uma foda de festa.
Oblíqua Matoso
caramba muito bom!!! você escreve muito bem, sabe o momento certo de colocar os detalhes certos
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSimples e eficaz. As descrições ajudaram a criar uma visualidade não apenas para a cena, mas para tudo o que acontecia ao redor dos personagens. Acho que seu texto tem um ótimo ritmo e segue bem a proposta apresentada na aula. Você conseguiu escrever uma cena que não fosse meramente descritiva, nem romantizada demais. Parabéns pelo texto! ;)
ResponderExcluirExcelente texto, atendeu bem a proposta da semana!!! As metáforas foram bem articuladas e o andamento do texto ficou bem legal também, transmitiu bem como geralmente as coisas acontecem em festas.
ResponderExcluirA narrativa do texto é muito cativante e conseguiu me fazer sentir a adrenalina que os protagonistas provavelmente também sentiam. Parabéns!
ResponderExcluirMuito bom seu texto. A conexão que você fez entre os personagens me chamou muita atenção, além das descrições e expressões das cenas mais quentes entre os dois. Destaco também a tensão que deixou em mim e acredito que em alguns outros leitores da porta do banheiro se abrir, ou mesmo de alguém entrar no banheiro, fiquei nervoso aqui. Parabéns também pela criatividade no título, excelente trabalho! Abraços
ResponderExcluirsimples e direto. Boas descrições, a estrutura do texto realmente passa o clima do ambiente, o texto é passado como flashes numa mente de pós festa. Parabéns!
ResponderExcluirBoa capacidade em descrever as cenas e em criar a história. Gostei bastante!
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