O amor é cego
Ele não teve dificuldade para abrir a porta,
ele a pegou pelo braço delicadamente e a guiou para dentro do novo cômodo, ela
tateou ate suas mãos entrarem em contato com a maciez dos lençóis. Quando ouviu
os passos de seu possível amante sentiu que deveria ter aceitado a taça de
vinho antes oferecida, ela o desejava intensamente desde o primeiro momento que
sentiu seu rosto com as mãos experientes. O medo a consumia de dentro para
fora, mas logo deu lugar ao “fogo que
arde sem se ver” quando as mãos de Augusto deslizaram de seus ombros
desnudos até abaixo dos pulsos, ela o sentiu afastar os cachos de seu cabelo do
pescoço para plantar ali um beijo que deixou um arrepio percorrer seu corpo.
“Amo seu cabelo” Augusto sussurrou em seu
ouvido. Ela fez uma anotação mental para se lembrar de agradecer à Rosa por ter
arrumado seus cachos. Eles finalmente estavam de frente e Márcia sentiu que ele
a olhava, para retribuir esse ato ela passeou com os dedos pelo seu peito já
nu, pelo que pode sentir, até lhe tocar a face e sentiu suas covinhas se
acenderem e as bochechas se afofarem. De repente seus lábios foram invadidos
pelo gosto do pérgola, aquele beijo quente era tão cheio de significados, mas a
mente de Márcia já havia se consumido de paixão para pensar em qualquer um
deles, ela sentiu ser levantada e afastou os joelhos para agarrar o homem que
mais desejou na vida.
Pousaram na cama sem desgrudar seus lábios
por nenhum segundo. O contato se perdeu finalmente quando Augusto a despiu do
belo vestido branco rendado que lhe dava tanta excitação. Ela não usava sutiã,
então quando os olhos dele encontraram aquele espetáculo sua reação instantânea
foi levar sua língua até aquele seio tão bem feito e sugar gemidos prazerosos
daquela doce e incomparável mulher. Márcia instintivamente buscou os cabelos de
seu homem para puxa-los enquanto se deliciava com aquele frenesi de prazer. Ela
sentiu um dedo sorrateiramente se arrastar até a calcinha cuja cor ela não
sabia e acariciar sua área mais sensível, ela emitiu um som que o fez olhar
para o rosado em suas bochechas, as sobrancelhas franzidas e o beiço inferior
que estava entre os dentes. Aquela imagem o fez pensar se ela... “se pudesse ouvir o olhar, E se um olhar lhe
bastasse, Pra saber que a estão a amar”. Ela o levou ao auge quando
pronunciou seu nome com uma voz úmida e suave, quase como um suspiro.
Ele recolheu seu dedo úmido, ela se remexeu
em protesto, mas logo se acalmou quando percebeu estar totalmente livre de sua
roupa de baixo, sentiu o vento frio de outono perpassar seu rosto e presumiu
que a janela estivesse aberta, mas o calor que dominava seu corpo era maior que
o do próprio centro da terra. Beijos suculentos espalharam-se por seu corpo até
o lóbulo de sua orelha então ouviu com clareza “você me deixa louco, vou fazer
o mesmo por você!”. Então ondas de prazer foram emanadas por toda sua extensão como
as que são geradas ao atirar uma pedra no rio e alastram-se pela superfície. Tê-lo
dentro dela era algo que nunca havia sentido antes, e pela primeira vez não
almejou seu sentido perdido. Naquele momento ela podia ver mais que qualquer
um, além de qualquer horizonte, sua alma se transcendia a outro nível. E por
fim, o ápice do incêndio foi atingindo, com chamas que alcançariam até mesmo o
olimpo e causariam inveja até mesmo em Afrodite.
Eles aninharam seus corpos e entrelaçaram as
pernas mantendo as testas unidas e sentindo a corrente elétrica diminuir e dar
lugar a uma harmonia melódica e silenciosa, quase como se pudessem ouvir ou o
rouxinol ou a cotovia, mas nenhum deles se preocupava em partir. Naquele
momento eram eternos.
Margo Blue
Texto muito bom!!! As metáforas conseguem exprimir muito bem o que as personagens estão sentindo, achei muito legal a citação de um dos versos Camões. Interessante também que tanto a personagem feminina, como a masculina são narrador-personagem.
ResponderExcluirAchei o ótimo o novo sentido que você criou para o título do texto. Uma frase já conhecida, mas agora usada por você de forma literal. A inclusão é sem dúvida um dos méritos de seu texto, além das metáforas já comentadas pelo Metamorfose Ambulante. Você também conseguiu descrever de forma eficaz e clara o que a cena representava para cada personagem. Acho que o maior problema é a pontuação. Tente fazer uma revisão ao final da escrita, verificando a fluidez e ritmo do texto. Mas isso não excluí os pontos positivos de sua crônica! ;)
ResponderExcluirConseguiu expressar bem a forma que o sentido da visão foi, num momento de prazer, substituído pelos sentimentos da personagem, com uso de metáforas. As citações de Camões e Fernando Pessoa também se encaixaram bem na proposta do texto
ResponderExcluirAs referências e o uso das metáforas foram usadas como um efeito no texto. Parabéns.
ResponderExcluirA forma detalhista com que você descreveu a cena me fez conseguir senti-la de verdade, assim como os personagens. As citações também se comunicaram muito bem a proposta do texto e agregaram na sua descrição. Concordo com P.J. Souza, seria bom uma revisão na pontuação. Algumas frases do seu texto ficaram muito longas atrapalhando um pouco o ritmo da leitura. Mas independente disso, o texto está ótimo. Parabéns!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá, Margo. Gostaria de elogiar a sua capacidade de descrever as cenas de maneira tão fiel que consegue nos fazer imaginar completamente cada ação delas. Adorei também a citação do poema de Camões logo no primeiro parágrafo e o fato de você ter usado uma linguagem bem mais romantizada para falar do sexo e, ainda assim, não tornar o texto tão clichê. Apenas gostaria de chamar a atenção ao fato do uso exacerbado do pronome pessoal, especificamente a 3a pessoa do singular, não sei se foi usado dessa forma com algum propósito, se foi não consegui entender muito bem. No mais, ótimo texto.
ResponderExcluirGosto como usa muito bem as palavras e como descreve os detalhes me fazendo parecer muito mais real.
ResponderExcluirParabéns pelos detalhes que fizeram toda a diferença no texto.Soube usar muito bem as palavras para descrever as cenas.
ResponderExcluirCada detalhe descrito por você fez com que eu me sentisse na cena, sua escrita foi muito bem feita e me fez conseguir imaginar cada cenario construído por ti. Parabéns !
ResponderExcluir