sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Paisagemnós

Paisagem... É, quando surgiu esse tema eu confesso que pensei logo nas nuvens que vejo agora, no céu azul, nas aves que voam. No sol que brilha nesse momento, nas montanhas e no Cristo Redentor que está lá no topo. Talvez os prédios que embelezam a cidade ou os estádios de futebol que nos trazem um misto de sentimentos. Mas, e as pessoas? Sem as pessoas tudo seria vazio, sem cor. Como aqueles filmes de faroeste. Então podemos concordar que as pessoas também fazem parte dessa paisagem. Vejo alguns trabalhando no sinal, limpando vidros. Outros nos seus carros, ouvindo meu podcast, uma mina gata que sentou aqui do meu lado no ônibus. Vejo pessoas sorrindo, outras tristes. E isso tudo nos trás um misto de sentimentos, eu passando pelo centro vi um parceiro beijando uma mina é meu sentimento foi de felicidade. Soltei um "boa 06" por dentro. Por outro lado vi um homem sentado na cadeira de rodas acompanhado de sua esposa, ambos chorando. E aquilo me comoveu, me trouxe tristeza. É meu amigos, sem as pessoas, nada adiantaria o céu azul, as aves voando, o mar lindo, as plantas, os estádios. Pois iríamos ser solitários, tristes. Então, podemos colocar 50% da paisagem para nós. Vamos viver, amar, nos respeitar, fazemos parte dessa beleza natural, dessa linda paisagem.

DJ Rogerinho Do querô

O pôr do sol sempre foi meu espetáculo favorito

Esse é o lugar dos meus encontros. Todas as vezes que pude sentir a grama, dar lugar ao pôr, eu tive um encontro. Lembro do verão passado, você ainda lembra das nossas tardes? Dos nossos passeios, sentir o cheiro de sal e calor que transpira nas pessoas quando elas por dentro são verão, eu não esperava que todas as metáforas e comparações fizessem sentido, só gostava muito de sentir, aqui, o encontro. 
 É sobre como eu gosto daqui e em como esse lugar dá sentido a pessoa que me tornei, e acredite, quando digo que tudo é bonito é aqui. Tudo é infinito. Nos dias em que pesava ser eu, me encontrava aqui. Eu, ela, nós. Nossos olhos cansados se imploravam, e esse sempre foi nosso lugar. O sol começava a cair rasgando o azul de véu branquinho, e eu bordava sua boca na minha enquanto a natureza cantava coisas doces em nossos ouvidos.  
Talvez, eu tenha me esquecido de voltar. Mas, um dia, ainda marco esse reencontro.  

Lua Cortes

PELO OLHAR ALHEIO

Tu já parou pra pensar na vida das pessoas que já passaram por você?
Seja na rua, no trânsito da ponte, na barca, no estádio de futebol, no seu bairro ou até mesmo
naqueles rolês aleatórios que tu dá de maluco - e eu sei que tu dá - pelos cantos da cidade pra
não ficar em casa, tá ligado?
Se não, então eu que sou doidão mesmo.
Mas na moral, para pra imaginar o que se passa ou pode estar passando em cada vida perto de
você.
Aquela senhora no supermercado, onde provavelmente tá levando a janta pra casa.
Da moça apressada e tagarela do outro lado da calçada, pode ser pelo trampo dela, namoro que
tá tendo algum caô ou só por ela ser ansiosa pra caralho que nem eu.
Da mina saindo com os amigos da faculdade chorando, por perceber que nesses próximos anos
vai ser foda andar tranquilo e sem temer o fim da democracia que até esses dias já não tava lá
essas coisas.
Ou aquele moleque com os amigos, jogando bola na rua, gol de chinelo mesmo, com cada
menor ali, carregando o sonho de ser jogador de futebol.
Cada pessoa tem uma história, assim como você tem a tua.
Claro, tu não é obrigado a saber, mas se prestar um pouco mais de atenção pode ver que
qualquer um ali pode estar precisando apenas de um simples ato de gentileza, jogar conversa
fora, um consolo ou só mais um pra completar o time.
Não subestime a vida alheia.
Até por que, vai que uma delas seja quem você procura.
Fica a dica.

Almirante

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Um dia de chuva qualquer

Ontem a noite fazia calor, mas hoje, hoje chove. Chove daquela chuva fina, que quando
venta forte parece que nem molha, só machuca. Nosso herói se levanta cedo, ainda na
penumbra. O mundo está taciturno. Os pássaros não ousam cantar nem as ondas bater.
Pode-se ouvir apenas Zéfiro, anunciando a chegada de um novo tempo, o tempo de
desabrochar as flores e aos poucos transformar em cerne, aquilo que era alburno.
Mesmo derrotado pela noite passada, o herói marcha até o forte e sauda a bandeira. Suas
pálpebras estão pesadas e sua mente incapaz de proferir um simples bom dia. Ainda
assim, quando lhe perguntam se deseja servir a pátria, a resposta vem em alto e bom
tom:

-Não. “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé.”

O general de 10 estrelas que fica atrás da mesa com o cu na mão sorri e o libera. O
jovem está finalmente livre para ir de encontro ao seu destino. É então que, ao chegar na
Orla do Gragoatá pela primeira vez e sentir a luz do Astro Rei que rasga o céu
monótono lhe atingir, ele se dá conta. Ele já não é mais aquele herói e esse já não é mais
o seu show. Afinal, como poderia um homem que já não é mais ter seu próprio show?
Aquele medo, aquela ansiedade, já não era mais. Era agora esperança, era agora
vontade. Aquele que pensava ser Sol finalmente percebeu-se como Lua e hoje em dia
fica sempre a espera de sua estrela. Aquela estrela que não brilhára no primeiro dia,
sempre atrasada, como as manhãs durante as noites de insônia. Aquela estrela que
escondeu-se no brilho das outras, tímida e resguardada, como são os maiores tesouros.
Aquela estrela que guia o beduíno durante sua peregrinação pelo deserto, levando-o ao
oásis sem lhe pedir nada em troca, nada que não seus olhares e a sua companhia. É o
brilho dessa estrela que o nosso novo herói busca refletir.

Eric Cleptomaníaco

NAVIOS QUE LEVAM SÃO NAVIOS QUE TRAZEM

  É incrível como certas situações podem nos definir, podem descrever, sem uma
palavra sequer, uma parte de quem somos.
  Estou sentado na grama da orla da faculdade, na beira do mar, olhando alguns
navios atracarem e outros partirem. Essa cena se repete há muitos anos. Engraçado
perceber, por exemplo, que toda vez que chego à praia, passo os olhos pela linha do
horizonte procurando um vestígio seu, mesmo sabendo que não vou encontrar.
Escrevendo esse texto sobre você, escuto aquela música que cresci ouvindo no rádio do
seu carro, que cantamos até hoje como se fosse a primeira vez escutando juntos.
  Mais um navio entra na baía de Guanabara. Não sei se pode ser você, mas hoje
já me acostumei com a espera da sua volta. Hoje aprendi a lidar com suas partidas.
Agora eu sei guardar as novidades para depois. O entrar e o sair dos navios na baía
define uma parte de mim. Nos define. Toda vez que for para o lado de lá, do lado de cá
eu vou estar te esperando voltar. O mar que nos separa é o mesmo que te traz de volta.
  Olho o calendário no celular. Logo vou receber uma ligação sua avisando que
chegou. Quando eu atender vai ser a hora de contar tudo que guardei para depois. Que
bom que o depois sempre chega. Que bom que você sempre volta. Já posso ouvir sua
risada alta quando eu contar o que meu irmão aprontou no último final de semana. Já
consigo sentir o cheiro do seu feijão de domingo. Já consigo te escutar tocando violão
na sala logo cedo e acordando a casa toda. Já posso me permitir sentir sua falta.
  Que nossas despedidas sejam um eterno reencontro.

Edmundo Pevensie

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

A natureza une, a natureza ensina

Dizem que pontes representam a união. Porém, para um tempo no qual pontes cada vez
maiores vêm sendo construídas, nunca estivemos tão isolados uns dos outros. Não, não
estou falando do encontro físico, isso aí a globalização já se encarrega de fazer. Falo
aqui sobre a relação emocional, sobre a construção de laços interpessoais; voltamo-nos
tanto para os nossos sentimentos e preocupações que esquecemos o próximo. Não
conseguimos lembrar nem dos nossos vizinhos, olha que absurdo.
A partir disso, não posso deixar de refletir sobre a verdadeira harmonia, presente na
natureza. A orla do Gragoatá se transforma em uma grande tela, em que podemos
assistir ao show do pôr do sol tocando as sofridas águas da Baía de Guanabara. Ao lado,
a ponte de 14 km leva à cidade maravilhosa, todavia a maravilha já se encontra bem ao
meu redor. As aves que sobrevoam a região, os ventos que sopram as folhas verdes das
árvores, tudo em perfeita cooperação, deixam a experiência corrida de um universitário
um pouco mais prazerosa. Tais elementos naturais estão interligados intrinsicamente, se
completam. É isso que falta entre nós, seres humanos, olhamos muito para o nosso
umbigo, não pensamos no todo, entende? Estamos fisicamente próximos, como animais
enclausurados, mas nossas mentes estão em desarmonia, meu caro leitor.
Enfim, deveríamos aprender um pouco mais com o meio ambiente. Não foi à toa que o
poeta John Donne nos mostrou que “nenhum homem é uma ilha, completo em si
próprio; cada ser humano é uma parte do continente, uma parte de um todo”. A natureza
representa, na sua beleza, a manutenção da paz por intermédio da conciliação legítima e
plena entre seus componentes. Assim, logo quando notarmos tais ensinamentos, não
precisaremos de pontes maiores, apenas mais rígidas, firmes, pois a essa hora já
seremos, de fato, unidos, de fato, felizes.

Rômulo Zaragoza

domingo, 11 de novembro de 2018

Thoughts

A reação química que explica a evaporação de água da água do nosso corpo quando estamos debaixo daquele Sol de rachar a cuca. Gosto da sensação que qualquer sopro trás o orgasmo instantâneo, que dura aproximadamente 3 segundos.

Venho querendo sentir essas gramas que estão distantes de serem as mesmas que meus pés tocaram até então.Meus passos acompanham qualquer que seja o ritmo que meu aleatório me propõe para aquele momento.

Acho que Deus está dando uma de DJ e organizando minha playlist. Esse momento é muito perfeito para não envolver o divino.

Quem me dera essa baía não ter o apelido de Chernobyl… Muito mais feliz estaria se pudesse colocar meus pés nela. Mas a brisa não recua. Essa felicidade é constante e me sinto um poeta que procura viver para representar em sua arte todo o êxtase que é estar. E talvez eu de fato seja um artista.

A conexão com a natureza é de fazer o c* sair da bunda. Eu me sinto parte de algo.
Fecho os olhos. Me encontro.
Abro os olhos.
Viva!

Alaska Pett