sexta-feira, 21 de abril de 2023

Resposta a Sargento Santiago - Imutável


Imutável.

Eu estava sentada na mesa da cozinha. Meu irmão e minha mãe me olhavam com um certo

receio.

- Então, filha, o seu pai tá internado.

- Ele tá a dois dias, mas já tá estabilizado.

- O que aconteceu?

No dia seguinte, tive que levantar e pôr um sorriso no rosto. A festa estava paga e os parentes

tinham vindo de longe para participar. Mas enquanto todos comiam, eu reprimia os

pensamentos que me lembravam o quão péssima filha eu fui ao homem que, mesmo passando

mal de uma dor insuportável, ainda fazia o banner para aquela minha festa de 15 anos.

Pensava “e se ele tivesse morrido?” A verdade é que eu sempre fui uma filha negligente.

Nunca ligava pra ele e demorava para responder suas mensagens, Naquele momento, eu só

pensava que deveria ter ido mais a casa dele, deveria ter dito um verdadeiro “eu te amo”.

Mas a realidade é que, mesmo se eu voltasse no tempo, eu traçaria a mesma rota. Eu não

saberia o que sei hoje e nem sentiria o que sinto, e, portanto, não faria o que tento fazer.

Procuro compreender e perdoar a Cecília do passado, porque ela agia com os conhecimentos

e emoções que ela tinha. Então, Sargento Santiago, tente se perdoar também por não ter feito

aquela visita. Você não poderia saber que era a última.

E lembre-se que o tempo que passamos com nossos entes queridos sempre parecerá

insuficiente porque desejamos que seja eterno. Saiba que os momentos que você passou com

seu avô foram suficientes para ele ter a certeza de que você o amou verdadeiramente, e para

guardar na sua memória um bocado de saudade.

- CAMÉLIA.

Amor e suas ambiguidades

 Amor e suas ambiguidades


O amor é um sentimento ambíguo, às vezes é algo maravilhoso mas também pode te corroer por dentro, creio que no seu caso o que ocorre é a segunda opção. Eu te entendo em alguns aspectos, sei o que é encontrar alguém incrível, se tornar amigo, perceber que está apaixonado, fantasiar uma reciprocidade e no fim sequer ser correspondido. Pior que o simples fato do seu amor ser unilateral é o afastamento, perder o contato com uma amizade considerada especial já é horrível e piora quando é alguém que você ama. Nunca sabemos o que fazer, apenas ficamos parados esperando ela dizer o que achou dos versos escritos por nós e depois de muito tempo percebemos que a resposta talvez nunca chegue.

 É difícil seguir em frente, quando a ficha cai o pessimismo toma conta, a ferida demora para cicatrizar e às vezes sequer sara, porém precisamos seguir em frente e superar. Superar a tristeza, superar o choque, superar o medo de amar novamente. Não podemos tratar o amor, um sentimento tão complexo, como algo indesejável. O amor pode nos destruir mas ao mesmo tempo ele é reformador, o amor que nos derruba é o mesmo que nos coloca de pé novamente. As feridas causadas pelo amor são curadas pelo mesmo, apesar de se apresentar de formas diferentes.

-James Clarkemann

Resposta a Taylor Swift da Cantareira

 Taylor Swift do Cantareira, tenho que dizer fiquei embasbacado com o sentimentalismo em

seu texto, assim como você já perdi pessoas em minha vida em um momento que nem se

quer cogitava imaginar. Tudo isto é muito desesperador, porém não jamais estaremos

sozinhos neste mundo.

Mais pessoas passaram por tais coisas, quando eu souber quem é você irei lhe dar um

abraço , pois essa situação é muito dura de lidar. Ninguém merece perder quem tanto

importa em nossas vidas que já é imensamente complicada.

Sim, eu também já perdi alguém para essa malévola doença e sei a tribulação que é ter a

expectativa da melhora do quadro de uma pessoa tão querida e assim frustra-se, mas não é

o fim, você ainda passará a contornar esse baque tão doído.

- Giorgio Armani

Resposta ao Meu Primeiro Fake

Gostaria de começar falando que eu sinto muito, pela sua dor e pela sua perda. O amor é algo muito complicado, porque ele é uma coisa que não pode ser entendida e nem explicada, ele só simplesmente existe. Como você falou: ele nos leva lá em cima e quando menos esperamos a gente cai, porque não só o amor, mas a vida é igual uma roda gigante: uma hora a gente está lá em cima, mas em outra a gente está lá embaixo, é um eterno equilíbrio.  

De verdade queria muito te abraçar agora, acredito que muitas vezes um abraço diz mais que muitas palavras, mas como não é possível queria te dizer que tenho certeza de que você é uma pessoa muito forte, até porque passar por essa situação e mesmo assim ainda manter um sorriso no rosto não é para qualquer um. Eu ouvi uma frase uma vez que talvez possa te confortar: Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós”. Muitas vezes temos que seguir em frente, independentemente do quão difícil for a situação temos que lutar e viver, não é fácil, mas é necessário. 

Então se eu pudesse conversar agora com você e te dizer uma palavra, eu te diria pra sorrir. No final não importa quando tempo nós vivemos, mas sim a forma como vivemos, então aproveite a vida ao máximo e sempre leve ele no seu coração. 

Assinado: Joelma do Calypso 

Resposta a Artubou Da Lua - (Sobre)viver

A vida nos surpreende completamente. Um dia você está vivendo normalmente, indo

para escola encontrar os seus amigos, seguindo sua rotina que tanto você gostava. No

outro, tudo que você conhecia virou um mar de incertezas. Isso foi a pandemia pra mim.

Período mais difícil da minha vida e essa é a uma das poucas certezas que eu levo

comigo.

No meu caso, eu já entrei nesse período com muitas questões na cabeça. Eu já não

estava mentalmente saudável e tudo piorou. Para além de todas as questões que a

sociedade estava enfrentando, como os dilemas da ciência e as inseguranças pelo futuro,

foi muito difícil enfrentar isso tudo tendo representantes políticos tão desrespeitosos.

Conviver diariamente com um profissional da saúde foi exaustivo. Lidar com o medo

durante esse tempo todo foi exaustivo. Ver aquele que você tanto ama sair de casa para

exercer uma função tão nobre, mas tão arriscada e perceber o descaso e a falta de

empatia de tantas pessoas foi exaustivo.

É, imagine o que a minha casa se tornou. Tudo era tão assustador. E os dias foram

passando, os meses, o ano.... Ainda tive que lidar com a escola e um “novo normal”, um

ensino à distância feito às pressas. Passei dias e mais dias olhando para uma tela de

computador, olhando para a parede, preso em meu quarto, me sentindo sufocado e

tentando estudar e aprender alguma coisa. Foi muito difícil atravessar isso bem. Eu não

consegui. Assim como você, Artubou Da Lua, também precisei de acompanhamento

psiquiátrico. É tão triste saber que eu passei por tudo isso tão novo. Que perdi pessoas

que amava. Que perdi momentos da minha vida que jamais irão voltar. A vida me levou

pra longe de tudo aquilo que eu tinha certeza. Me perdi e precisei de ajuda.

Aos poucos, me reencontrei em mim. Quanta coisa mudou. Quanta coisa mudou em

mim. Eu sei que muita coisa mudou pra você também e tá tudo bem. A nossa vida

continua e façamos jus a isso! Foi duro entender, mas me orgulho do meu caminho.

Desejo que você também tenha orgulho do seu. A vida nos surpreende o tempo todo, se

permita ser surpreendido. Saibamos lidar com esse “mar de incertezas”. Uma hora a

calmaria vem. Ela sempre vem.

- Oblíquo e Dissimulado em resposta ao texto de Artubou Da Lua, “Meu Trauma”.

Resposta a James Clarkemann

Já começo isso aqui dizendo que você não pagou mico nenhum. Em algum

momento desde aquela época você já parou pra pensar e percebeu que fez nada mais

nada menos que o certo? Decidir pedir a Patrícia em namoro é uma atitude normal que

qualquer um de nós toma quando nutre sentimentos por alguém. Mas pelo que parece

você era novo e de alguma forma acho que tinha feito errado, o que é normal também.

O mundo é cruel, a realidade em que vivemos no geral é, e muitas vezes, as

pessoas pensam só no próprio umbigo e por isso não se dão o trabalho de pensar no que

dizer em situações como essa, já que não se importam com o que o ouvinte vai pensar.

O fato de você achar que pagou mico nessa situação diz muito mais sobre ela. Foi você

que se preparou, que se arrumou e se preocupou com o momento e no fim, na hora de

colocar a cabeça no travesseiro, é a cabeça da Patrícia que vai estar mais pesada. Ela

distratou alguém que olhava pra ela de um jeito que poucos olhavam e isso não tem

volta, já que quem tinha mais coisas a perder era a “mal amada”.

E a questão é que todos nós somos rejeitados uma hora ou outra. Se nem o

homem mais foda que já pisou nesse planeta, Jesus Cristo, agradou ou foi aceito por

todos, não seremos nós que vamos fazer isso, certo? E digo mais, se mesmo depois

dessa época a sua confiança ainda estiver no limbo (espero muito e torço pra que não

esteja), você não precisa confiar em você também, beleza? POR QUE EU CONFIO. A

única pessoa que perdeu alguma coisa nessa história e está no limbo é essa tal de

Patrícia aí. Essa fulaninha poderia estar com uma pessoa foda agora mas ela escolheu o

caminho dela. Show. E se você não achou, vai achar alguém muito melhor que ela (o

que não é muito difícil, já que de todas as formas que existem de se negar um pedido de

namoro, ela com certeza usou a pior).

Então eu to contigo nessa e se de alguma forma ainda continua remoendo essa

memória, pode ir parando!!. Essa garota não merece que você gaste nem um segundo

sequer do seu tempo pensando nela. E no final de tudo, você ganhou foi um livramento!

- Taylor Swifit da Cantareira

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Meu trauma


        A palavra trauma significa uma experiência emocional intensamente desagradável, que deixa marcas duradouras na mente do indivíduo. É exatamente isso que aconteceu comigo. Durante a pandemia, boa parte da sociedade ficou mentalmente doente e eu fui um dos que não conseguiram escapar disso. Sempre fui uma pessoa acostumada com a convivência, a falar com os amigos e ter uma rotina muito ativa. Já tinham se passado quase 1 ano de pandemia e pouco havia mudado.

       Durante esse período eu sempre estive recluso em casa. As exceções eram aos Sábados de manhã, quando eu saia para caminhar em frente à praia com meus pais. Em uma dessas caminhadas, comecei a me sentir mal, ficar com falta de ar, coração acelerado, agitação excessiva. Decidimos voltar para casa mas o sintomas não diminuíam, só aumentavam e o medo dentro de mim também. Medo talvez de perder o controle, medo de ter uma parada cardíaca e acabar tudo. Todas essas questões estavam na minha cabeça.

         No percurso até minha casa, aquela situação foi me deixando mais nervoso. Comecei a bater minha própria cabeça no banco do carro. O medo e o desconhecimento em cima do que estava acontecendo piorava tudo. Saí do carro e comecei a correr no meio da rua. Meu pai que estava no carro, largou tudo para correr atrás de mim. Ele foi em minha direção e me deu um abraço. Aquilo não mudou em nada a crise que eu estava tendo mas foi um gesto muito significativo para mim. Meu pai que não é um homem muito carinhoso, largou o carro no meio da rua para correr atrás de mim e me dar um abraço.

         Voltei para casa e respirei um pouco. Aos poucos fui me acalmando. Infelizmente isso aconteceu outras vezes mas nunca tão ruim como essa primeira. Um tempo depois comecei a terapia e o acompanhamento psiquiátrico, hoje fazem quase 2 anos que tomo remédios contra ansiedade e já comecei a diminuir as doses. Felizmente, hoje sei lidar muito melhor com isso, mesmo assim, constantemente o medo de se repetir aquela situação vem e minha luta é para pôr em prática as técnicas que aprendi na terapia e saber que aquilo nunca mais vai acontecer, já que agora eu sou uma pessoa totalmente diferente que sabe o que é uma crise de pânico e sei lidar com isso.
-Artubou Da Lua.