Imutável.
Eu estava sentada na mesa da cozinha. Meu irmão e minha mãe me olhavam com um certo
receio.
- Então, filha, o seu pai tá internado.
- Ele tá a dois dias, mas já tá estabilizado.
- O que aconteceu?
No dia seguinte, tive que levantar e pôr um sorriso no rosto. A festa estava paga e os parentes
tinham vindo de longe para participar. Mas enquanto todos comiam, eu reprimia os
pensamentos que me lembravam o quão péssima filha eu fui ao homem que, mesmo passando
mal de uma dor insuportável, ainda fazia o banner para aquela minha festa de 15 anos.
Pensava “e se ele tivesse morrido?” A verdade é que eu sempre fui uma filha negligente.
Nunca ligava pra ele e demorava para responder suas mensagens, Naquele momento, eu só
pensava que deveria ter ido mais a casa dele, deveria ter dito um verdadeiro “eu te amo”.
Mas a realidade é que, mesmo se eu voltasse no tempo, eu traçaria a mesma rota. Eu não
saberia o que sei hoje e nem sentiria o que sinto, e, portanto, não faria o que tento fazer.
Procuro compreender e perdoar a Cecília do passado, porque ela agia com os conhecimentos
e emoções que ela tinha. Então, Sargento Santiago, tente se perdoar também por não ter feito
aquela visita. Você não poderia saber que era a última.
E lembre-se que o tempo que passamos com nossos entes queridos sempre parecerá
insuficiente porque desejamos que seja eterno. Saiba que os momentos que você passou com
seu avô foram suficientes para ele ter a certeza de que você o amou verdadeiramente, e para
guardar na sua memória um bocado de saudade.
- CAMÉLIA.
Camélia, sinto muito pela situação que você passou.
ResponderExcluirGostei que você inciou o texto com uma conversa, introduzindo o acontecimento. Obrigada pelas palvaras de consolo!