sexta-feira, 31 de agosto de 2018

A família do andar de baixo

Quando eu era pequeno, morava com meus país e meu irmão no segundo andar do meu prédio, logo a abaixo da gente, no primeiro andar, morava tia Karla com o tio Léo e seus três filhos; Laís, Talíta e João. Por eles morarem exatamente em baixo da gente, nós conseguíamos ouvir tudo o que acontecia na casa deles, as brigas, as discussões, as comemorações, enfim, tudo. Eu, Laís e Talíta eramos muito amigos, tínhamos mais ou menos a mesma idade e costumávamos brincar juntos no play do nosso prédio, isso faz com que a história que vou contar para vocês se torne mais horrível para mim, do que ela já é naturalmente.
Um belo dia das férias eu estava em casa com a minha família, não lembro o que estava fazendo, provavelmente alguma coisa de criança, como brincar com bonecos ou ver desenhos na televisão, de repente começo a ouvir gritos, não soube na hora de onde vinham, mas logo percebi que eram gritos das minhas amigas que moravam no apartamento de baixo. Naquele momento meu coração acelerou, olhei para os meus pais tentando entender o que estava acontecendo, minhas amigas estavam desesperadas por algum motivo. De repente, depois de muitos gritos, ouço tia Karla gritar soluçando "Leonardo para, por favor, para", logo depois barulhos de vidro quebrando e mais gritos, nesse momento eu entrei em desespero, o que estava acontecendo na casa das minhas amigas ??? O que tio Léo estava fazendo para sua família estar tão desesperada??? Os gritos continuaram, e comecei a ouvir minhas amigas gritando "Pai, para pai, pelo amor de Deus para" seguido de barulhos que pareciam ser de tapas. De repente me dei conta do que estava acontecendo, tio Léo, o homem de família, o bom moço que todos no prédio conheciam, estava batendo na sua mulher e nos seus filhos, sem a menor pena. Comecei a chorar e implorar aos meus pais para irmos la ajudar, minha mãe só me abraçou e tampou meus ouvidos para que eu não ouvisse o que estava acontecendo. Infelizmente não adiantou tampar meus ouvidos, continuei ouvindo os gritos de desespero, os socos, os tapas e as coisas quebrando.
Aquele dia me traumatizou para sempre, não tem como descrever o sentimento que é ficar ouvindo uma mulher e seus filhos serem espancados, pelo próprio pai e marido, sem que você possa fazer nada para ajudar, simplesmente ficar sentado no sofá, rezando para Deus que aquilo acabe logo. Infelizmente aquela não foi a única vez que isso aconteceu, quase todo final de semana era comum tio Léo chegar bêbado em casa e agredir sua família, e eu uma criança sem muita consciência do que fazer, ficava parado ouvindo tudo.

Oswaldo do jae

3 comentários:

  1. Triste realidade de muitas crianças, ficou boa a crônica, deu para se envolver com a história, mesmo em poucas linhas

    ResponderExcluir
  2. Percebi alguns desvios gramaticais e acho que a escrita poderia ter tornado a crônica mais dramática. Gostei da história, mas acho que a escrita pode melhorar nas próximas para tornar o texto mais maduro

    ResponderExcluir
  3. Uns erros bobos como "meus país" e o espaçamento no "???", fora isso. Muito boa a crônica

    ResponderExcluir