sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Decisão

A manhã é saudável e agitada. As louças repletas de frutas aglomeram-se sobre a mesa. A balanceada dieta inicia o movimentado dia que está por vir. No luxuoso hotel, as roupas dão inicio aos rituais. A blusa. Os tênis. A bandana. Os repetidos símbolos do patrocinador. As vestes próprias situam o atleta. É dia de jogo decisivo. As enormes bolsas já estão prontas. Os músculos alongados. As crenças e transtornos tomam os minutos finais da preparação. Lá fora, o carrinho de golf aguarda a demorada aparição do competidor. É hora de embarcar em mais uma partida. As câmeras disparam flashes. Os fãs acenos. Os telespectadores torcem de seus assentos. O vestiário serve apenas de passagem. A superstição não pode ser abandonada. Os pulos contados, os movimentos de braço, a repetida rotina de jogo. Ovacionado, entra em quadra um dos maiores esportistas da atualidade. As palmas. Os gritos. Os vocativos. A aparência que antecede o duelo é impecável. Imergem-se na clamorosa recepção da Philippe Chatrier os atletas. O “tic tac” dos relógios esquenta a Final. Os incontáveis cacoetes se apressam, em agonia paranormal. O rito deve ser completo para que se ganhe o jogo. As garrafas que apontam. O não pisar das linhas.  A toalha que seca. Os fios de cabelo. O nariz. A incômoda cueca. O silêncio toma conta da arena. A concentração faz cessar a angústia. O quicar das bolas. O tempo. O jogo começa e tudo se resume às consecutivas e repetidas onomatopeias de esforço.

Zé Zepilim

2 comentários:

  1. Amei sua crônica, me fez sentir vergonha da minha. Não sei quem é mas está bela.

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  2. Adorei a forma como escreveu, gostei muito da crônica.

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