Acordo atrasada. Na noite de ontem fui dormir pelas tantas. Sigo quebrando
religiosamente as promessas que me faço. As outras costumo honrar com louvor.
Pago em dia ou com juros, o que preciso for. Falo das outras, claro. As minhas,
adio. Dia a dia, pontualmente. Assisto o tempo passar bem na minha frente mas
tenho dificuldade em alcançar.
Os encontros do tempo e do espaço diariamente me chamam e eu sempre
quero ir. Quero estar! Em um gerúndio regular. Estar estando. Invés disso arrasto
minhas promessas por aí feito bolas de ferro que crescem progressivamente, presas
ao meu calcanhar. Deixo meus quereres mais profundos e genuínos em estado
sabático. Saboto-me sem pressa e sem hora pra parar. Estou exausta e parada no
mesmo lugar. A carga é pesada demais, machuca. O tempo não faz caminho de
volta. Nem a melhor reviravolta traz de volta o cronos que já foi. Já era. Eu que
ainda não fui. Revolta é a única volta que me sobra e me cobra urgência para
chegar.
Difícil apagar a dor de promessas que pontualmente já não cumpri. Mais
difícil ainda seguir não sendo, colecionando bolas de ferro que me soterram os pés
no chão. Preciso caminhar. Caminhando e cantando, seguindo a canção. Pra falar
de flores, assumo a dívida de deixar minhas águas me guiarem. A imensidão que
reside em mim teima em confiar. Confia porque precisa, porque é a única saída
precisa para deixar jorrar. Preciso acatar. Prometo não mais só prometer, prometo
ser e estar. A pagadora de promessas se atrasou mas mandou avisar que chegará
para ficar.
Estrela Maria
Gostei muito da forma que você escreveu!
ResponderExcluirExcelente texto!!!
ResponderExcluiradorei seu texto, acho que representa muitas pessoas
ResponderExcluirgostei muito do texto!
ResponderExcluirAdorei o seu texto! Muito bom o desenvolvimento
ResponderExcluirImpecável!!!
ResponderExcluirPerfeito
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