sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Meio do caminho

 Aos amantes de Rock N’ Roll: já perceberam que os “Deuses do Rock” lhes presentearam com dois clássicos, entoados por grupos históricos, e que perfeitamente se balanceiam? Um, chamado por muitos de hino, é a Escadaria para o Paraíso – ou Stairway to Heaven – do Led Zeppellin, lançado em 1971. O outro, seria a Autoestrada para o Inferno – ou Highway to Hell – do ACDC, de oito anos depois. São duas obras-primas.

 

Mas, afinal, se há dois caminhos, para Inferno e Paraíso, simétricos entre si, onde é o ponto 0 de cada um e, necessariamente, dos dois? Onde fica o meio do caminho? Na vida, é o Mundo? Na “pós-vida” o Purgatório? Afinal, não estão sobrepostos? Façamos, pelo menos, uma metáfora entre ambos e não discutiremos fé alheia.

 

Purgar seria uma forma de pagar seus pecados. Muito disseminado pelo Catolicismo, esse pensamento perdurou e perdura na mente de muita gente. Difícil desdizer que a vida de muitos outros já não é um purgatório diário. Quantos já não sofrem diariamente pagando por pecados até não-cometidos e ainda em vida? Já não excluiria, talvez, a noção ou grau do seu purgar? É de se pensar.

 

E esse sofrimento de muitos me incomoda. É uma das minhas motivações pelo progressismo, pela justiça social, em defesa da classe trabalhadora. É motivador acabar com essa contemporânea dialética de Senhor e Escravo de Hegel no Século XXI, onde há a necessidade mútua, como uma relação trófica, de existência entre poucos muito ricos e muitos muito pobres.

 

Uma pena é ser “engolido” pela rotina cotidiana, com a faculdade por exemplo, e perder a luta das pequenas causas. Pior ainda é me autossabotar de lutar por todas as causas que compactuo por medo do outro em um país fragilmente democrático, em situações com quando não se faz mais nada além de esperar que, por dar sua opinião diferente, haverá a profusão de palavras de baixo-calão ou até mesmo perseguições armadas. E olha que são situações comuns no Brasil de 2022!

 

E, talvez, minha maior autossabotagem é essa. É estar, por conta de um contexto pessoal, vivido, por mim, socialmente, deixando minha veia manifestante se erguer e passar a ser uma pessoa sóbria nas opiniões que tenho. Doses das duas coisas – sobriedade e efusividade – são boas, só não podem ser desidratadas. E eu tenho escolhido desidratar uma delas por puro comodismo. Talvez essa crônica tenha me feito repensar.

 

Afinal, onde pagarei os meus pecados?

 

Por Dante Alighieri II

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