Querida nova amiga,
Quero te contar que estou gostando muito da nossa aproximação e da amizade que estamos
construindo desde aquele rolê na praia de Icaraí. Aquele dia eu te observei o suficiente para
perceber suas características físicas e a partir disso compreender seu estilo, alguns gostos e julgar
rasos traços de personalidade. Que bom que nos encontramos mais vezes depois e eu pude te
conhecer de outra forma. Por favor, não pense que eu tenho alguma obsessão em traçar sua
persona, até porque te escrevo para contar as suas neuroses, que são impossíveis de não reparar.
Vamos começar por aquele dia na Cantareira que você não parou de balançar a sua perna enquanto
arrumava todos os guardanapos da mesa repetidamente por minutos. Seu tom de voz que oscilava
em baixo e alto simplesmente do nada e você fugia do assunto toda hora. Uma das nossas colegas
não se aguentou e gritou com você. Senti seu gatilho sendo acionado na hora. É como se o céu
fechasse em segundos e a tempestade começasse. Você odeia que gritem com você, porque você
grita mais ainda e seu lapso verbal surge. Você não consegue completar uma frase porque pretende
dizer uma palavra, mas fala outra e se irrita com isso também. Foi uma confusão. Você saiu
chorando, é claro, porque na tempestade que você criou tem que chover. E choveu por dias, não
foi?
Você explicou que é como se os seus pensamentos viessem de fora e roubassem a sua consciência. É
incontrolável. Desde pequena você não parava quieta e todo mundo reclamava. Na escola te
reprimiam por falar demais. Em casa seus pais gritavam com você e um com o outro pra saber quem
ia fazer essa menina fechar a boca. Na rua seus colegas pediam "por favor, fala mais baixo"; e "ou,
menos, você tá falando demais já". Seu primeiro namorado, aquele que você projetava todas as
expectativas de príncipe da Disney, várias vezes ameaçou terminar porque era muito difícil de lidar
com sua ansiedade, seus tocs e o seu "chororô" pra tudo. Eu entendo, Estrela, o choro é seu
mecanismo de defesa. Sua vontade sempre foi de ignorar os comentários e continuar sendo si
mesma, de bater de frente com todos e se aceitar, mas você recalcou esse sentimento. Deixou que
outros te moldassem e hoje paga um preço alto por isso.
Você se cobra muito, amiga. Quero que se lembre que essa conta não é sua. Essa conta é a soma dos
seus traumas, lembranças e medos. É injusto você ter que pagar ela dessa forma. Não se maltrate
assim. Quero que se enxergue de outra forma. Tenta olhar pra si com mais admiração e respeito. O
mundo dos seus pensamentos intrusivos não existe. O mundo é aqui e agora, para de fugir dele. É
passageiro, amiga, vamos aproveitar essa viagem. Pode ser?
Beijos, Elipse
Elipse, adorei seu texto. Foi inevitável imaginar a Estrela do Mar exatamente desse jeito. Você a descreveu de uma forma muito bonita e sincera. Achei incrível!
ResponderExcluirSensacional Elipse. Mais um crônica digna de Jornal. Parabéns!!!
ResponderExcluirElipse, você fez seu texto se tornar tão real em mim, que estou com pena da Estrela. Escritor(a) de mão cheia!
ResponderExcluirElipse, que show. Você compreendeu a dinâmica dessa semana como ninguém. Conseguiu, em diversos momentos do texto, mixar ótimas metáforas com a proposta que o professor pediu. Achei sua crônica incrível, de coração. A melhor que você fez na minha humilde opinião, e olha que eu já era fã.
ResponderExcluirQue texto lindo, Elipse! Muito sentimento e muita sinceridade, dá pra ver em cada palavra que foi um texto que veio, antes de tudo, do coração. Achei tudo impecável! Parabéns mil vezes pra você!!!!
ResponderExcluirOi, Elipse! Ameii seu texto! Adorei a forma que escreveu, texto cheio de sentimentos! Parabéns!
ResponderExcluirMano eu achei bem emocional sua crônica, a própria Estrela deve se sentir honrada em ler isso!
ResponderExcluirIncrível, Elipse! Amo seus textos e esse não foi diferente, cheio de emoções e pensamentos bem narrados. Parabéns!!
ResponderExcluirElipse, com certeza esse é um dos textos que mais gostei! A fluidez do seu texto, juntamente com as criações das neuroses de Estrela ficaram impecáveis! Parabéns!
ResponderExcluirOi Elipse, amei seu texto, bem leve de ler. Sua construção da narrativa foi bem emotiva e convincente, tb vejo a cobrança que vc fala da Estrela nela mesma. Parabéns!
ResponderExcluirFiquei imaginando toda a cena, devido a riqueza de detalhes. Clarice Lispector chora ! Muito bom, Elipse.
ResponderExcluirElipse, que texto lindo! Gostei demais. Achei que a ideia de um formato carta contribuiu muito para a narrativa e para criar um ar de intimidade entre vocês! Além disso, eu adorei o jeito que você explicou os conceitos que o professor ensinou! Ficou perfeito.
ResponderExcluirParabéns! Milhares de beijos <3
Achei linda a aproximação que você trouxe no texto!
ResponderExcluirElipse, eu diria a mesma coisa a você, esperava que pudéssemos ter mais trocas valiosas aqui com os nossos textos, mas pelo visto este foi o ultimo mesmo :(, mas enfim...foi bom enquanto durou, obrigada por essa interatividade, foi maravilhoso!
ResponderExcluirBeijos, Estrela!