quinta-feira, 1 de abril de 2021

Toda Roja!

 “Somos los de Independiente

De pierna fuerte y templada

Guapos para una jornada

Dignos de un team muy valiente” Hino do Club Atlético Independiente 

Avellaneda, Província de Buenos Aires. Dia 12 de Junho de 2019

Hoje não é um dia comum na cidade de Avellaneda. A cidade está tensa, ninguém consegue trabalhar direito. Não, ninguém importante morreu nem tão pouco ocorreu uma tragédia. Mas, sim, é dia do clássico da cidade: Independiente X Racing disputariam o título do campeonato argentino no Estádio Libertadores da América. Dentre diversas famílias argentinas apaixonadas, a família Martínez não é diferente, o Racing, para eles, é uma religião. Cantam, vibram, torcem e sofrem pela Academia e, nesse domingo, estão todos prontos para ver a grande paixão de perto. Mas, a caçula Iris não é tão fascinada assim pelo time azul da cidade. Viveu seus 20 anos de vida, até então, guardando pra si um amor pelo time vermelho.

No dia anterior ao jogo, Iris não conseguiu dormir. Sozinha na cama com seus pensamentos, imaginava o que iria fazer pra esconder seu amor pelo “rojo”. “Não vou poder gritar gol?”; “E se o Racing ganhar? Vou fingir estar feliz?”. Sonhou, naquela noite, com um diabinho, embora, não conseguisse compreender.

E, então, a família chega ao Estádio. Se posicionam no setor destinado a torcida visitante, a do Racing. Estádio lotado, as torcidas cantavam a plenos pulmões. Momento tenso para Íris, afinal, não poderia transparecer seus sentimentos.  E rola a pelota... está iniciada a final. Aos 44 minutos, a família Martinez explode em alegria, numa cobrança de falta magistral, Marcelo Díaz abre o placar para o Racing e, assim, terminou o primeiro tempo.

Mas, os diabos vermelhos, para fazer jus ao apelido, voltaram para o segundo tempo encapetados. Aos 3 minutos, Sebastian Palácios dribla dois adversários e chuta no canto esquerdo do gol, explodindo de alegria o lado rojo da cidade. Porém, após o gol, o jogo ganhou aspectos de briga, muitas faltas, mas, aos 47 minutos, surgia um herói, o capitão Silvio Romero desempata o jogo para os vermelhos e o juiz encerra a partida. O Independiente, depois de 17 anos, volta a ganhar o campeonato.

A família Martinez chorava muito, mas, Íris Martinez, ao contrário de seus familiares, não chorava de tristeza, mas sim de raiva. Raiva por não ter tido a coragem de gritar, comemorar e se juntar aos seus, a torcida do Independiente. Teve medo. Nunca mais se perdoou por não ter enfrentado seu pai, sua família. Nunca se perdoou por ter recalcado aquele sentimento tão lindo de amor pelo “Rojo”. Queria, naquele momento, gritar, no meio da torcida vermelha, para o mundo inteiro ouvir: “Hurras al Independiente Del pueblo de Avellaneda!” 

O medo é , e continua sendo, o maior inimigo de Íris M.

Vamos, Rojo! Te amo, Independiente!,

Jubiabá

11 comentários:

  1. Quanta criatividade falar sobre a Íris num senário argentino?? Brilhante!

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  2. Sensacional! Como amante do futebol argentino, estou maravilhado! Muito criativo você inserir a Íris nesse cenário, Jubiabá! Mais uma semana em que você se destaca com uma excelente crônica!

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  3. Oi, Jubiabá! Que texto incrivel, adorei a forma como decidiu contar a história! Parabéns!

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  4. Jubiabá, quanta criatividade! Difícil achar escritores com tamanha facilidade para criar narrativas como você. Mais um texto impecável. Parabéns!

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  5. Jubiabá, me encanta a sua criatividade! Seus textos me prendem! Parabéns!

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  6. Incrível a sua criatividade, parabéns pela maestria em fazer essa crônica perfeita!

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  7. Muito bom, Jubiabá! Amei a forma como decidiu contar a história dela e o resultado final. Muito original e bem feito! Parabéns!

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  8. Jubiabá, mais um texto sensacional! Achei de uma criatividade única o contexto do clássico argentino e como os medos de Íris foram relacionados a ele!

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  9. Jubiabá, Achei cativante a ambientação que você criou pra representar a Íris. Deu pra sentir a emoção e a vibração da torcida. Parabéns!

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  10. Jubiabá, gostei muito do texto! A ambientação do futebol nunca me passaria pela cabeça para falar sobre as neuroses, psicoses, atos falhos,...
    Parabéns! Abraços <3

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  11. Jubiabá, quanta criatividade! Gostei do seu texto e da sua habilidade em criar tantos detalhes para Iris e sua família. A imaginei naquele estádio ansiosa e depois triste pela sua própria covardia, mas todos nós temos os nossos próprios medos ne, admito que não cabe a mim aqui, julga-la.

    Beijos, Estrela!

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