quinta-feira, 1 de abril de 2021

Um pouco mais sobre esse Carioca

 Levanta cedo, acorda num pulo. Apanha suas havaianas, debaixo da cama, e olha para janela. Imediatamente, uma grande angustia dilacera seu peito, não sabe bem o motivo. De seu quarto, avista crianças brincando de bola na calçada, junto a sons de buzinas de carro escutadas ao longe. A Cidade maravilhosa mais uma vez acordava. Lembra que havia sonhado com uma bola de futebol caindo sobre escadas escuras, não entende muito o motivo, mas se recorda de seu amigo de infância Rodrigo, das tardes em que brincavam juntos. Droga! Aquelas sensações novamente batem à porta: uma incompreensão, uma revolta, uma tristeza, ele tentava tanto evitá-las de vir à tona.

Sentir, se torna doloroso demais.

Rapidamente fecha as cortinas da janela e procura invadir sua cabeça com outros afazeres, evitando sempre a todo custo se lembrar. Decide ligar a televisão. Está mostrando os resultados das partidas do brasileirão. Se interessa, e com isso, consegue o que quer: acaba caindo no esquecimento o que havia sentido naquela manhã.

O sol já está se pondo, senta-se confortável com um copo de café com leite em uma das mãos.

Preparado, se veste de uma outra persona para escrever: agora mais séria, dedicada, pronta para nos mostrar através de palavras, tão minuciosas, suas diversas experiências passadas. Espera que seus leitores se sintam imersos, procura transmitir um pouco desse amor que tem pela sua cidade, pelo seu time e pela vida.

Termina com sucesso seu texto, estica as pernas e aproveita para relaxar. Passeia na orla da praia de Copacabana. Olha ao seu redor, e vê uma roda de samba. Sente uma imensa raiva. É revoltante ver o descaso de tantos frente a atual situação de pandemia. Lembra, com preocupação, de sua vó Maria.

Volta para sua casa, se deita e adormece. Acorda com o som do telefone tocando. Era uma mulher. Se lembra dela com carinho, mas de repente seus pensamentos caem sobre seu antigo amor. Que irritante. Não perde tempo, e faz questão de enumerar diversos defeitos nela, afastando os pensamentos, anteriores, carinhosos. Com isso, se acalma. Sente que seu coração está seguro assim. Ainda não está pronto para se entregar sem medo, não se sente pronto para um novo relacionamento. Mas quem sabe, mais para frente, ele se permita.

Esse texto foi escrito tentando imitar a forma de escrever do Rato, dando mais detalhes e uma tentativa de me aproximar da sua escrita e por conseguinte, tentar entender, de forma mais profunda, a sua persona. Ao longo do texto, tentei abordar os seguintes temas por mim observados respectivamente: deslocamento, conteúdo recalcado, persona e autossabotagem. Espero ter conseguido com minha análise, alcançar um pouco do seu inconsciente.

Íris M

13 comentários:

  1. Muito bom texto, Íris! Adorei a forma que você escreveu tentando imitar a escrita do Rato. Entretanto, achei o comentário final desnecessário, não de uma forma muito ruim, mas acho que faz parte o leitor compreender sua intenção com o texto sem o autor ter que explicar

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    1. Oi Ellis, fico feliz que tenha gostado! Fiquei em dúvida mesmo, se colocava ou não o último comentário. Como a temática era atos falhos, trauma, etc... quis dar um destaque mais "didático" no final. Ficaria melhor sem né! Obrigada pelo toque e grata pelo seu comentário!

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  2. Oi, Iris! Gostei bastante do texto, mas acho que poderia ter se aprofundado mais nas questões, ter uma interpretação mais pessoal delas! Concordo com a Ellis sobre a parte final também, mas ainda sim, adorei a leitura, parabéns!

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    1. Oi letra, q bom que gostou do texto, grata por comentar! Tento sempre fazer o melhor... Poxa, pensei que tinha conseguido colocar mais sobre minha opinião acerca das questões através das situações que tinha criado no texto... Quanto ao comentário final, talvez sem ele ficasse melhor mesmo, tinha ficado em dúvida. Obrigada pelas dicas!

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  3. Íris, gostei muito do texto. Você passou pelos textos antigos do rato e construiu a narrativa do dia e a análise por meio disso. Achei uma marca estilística muito interessante!
    Parabéns! Mil beijos <3

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    1. Obrigada Tessa, fico feliz que tenha gostado do texto, e por ter percebido: a parte da construção da narrativa de um dia pelos antigos textos do Rato. Obrigada, por comentar!

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  4. Adorei o texto, Íris! Mais uma pessoa que usou bem as informações dos outros textos para abordar o tema e, por isso, acho que não era necessário o comentário no final, já que seu texto estava completo. Tirando isso, achei muito bom, de verdade! Parabéns!

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    1. Obrigada Elipse, tão feliz q tenha gostado do meu texto! Tb achei desnecessário vendo agora o comentário final, tinha ficado na dúvida se colocava ou não! Obrigada pela dica e por comentar!

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  5. Usou muito bem a essência do Rato, adorei!!!

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    1. Oi Sarah, fico feliz que tenha gostado do meu texto, e que compartilhe da mesma visão que tenho da essência do Rato. Obrigada!

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  6. Ficou bom demais, Íris. Gosto muito dos seus textos, e vejo que está sim evoluindo e se "soltando" cada vez mais. Parabéns !

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    1. Oi Renascida, fico feliz que esteja gostando dos meus textos! Os comentários sempre me ajudam pontuando no que preciso melhorar, me incentivam muito. Grata pelo seu comentário!

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  7. Íris M, gostei muito do seu texto! Acredito que tenha relatado muito bem o pseudônimo do Rato guaraná. No entanto, como os outros colegas, senti que o último parágrafo possa ter ficado um pouco deslocado, mas a obra conjunta continuou muito linda e harmoniosa. Acontece, ne? Enfim...

    Beijos, Estrela!

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