quinta-feira, 8 de abril de 2021

A pulga atrás da orelha dos pensamentos

Na madrugada de uma quarta-feira qualquer, a misteriosa Estrela Teté pensa no que escrever sobre o pseudônimo definido para aquela semana. Já estava nervosa para fazer desde que ouviu o professor comentar na aula, pois acha difícil fazer uma análise de uma pessoa - cheia de sentimentos, pensamentos, emoções, falhas - tendo como base apenas textos. Muito complexo, é um pré-conceito de um outro ser humano praticamente desconhecido para ela.

Começa a fazer o escrito com o maior cuidado, tentando ao máximo conciliar o apontamento de algumas características que percebeu ao ler os textos dele, e, ao mesmo tempo, não parecer invasiva ou arrogante ao citá-las. Pensa muito sobre uma palavra, apaga. Volta, clica na setinha do Word, muda de ideia. "Será que posso dizer isso?", se pergunta frequentemente. Às vezes fica até desconfortável com a hipótese do julgamento alheio ao lerem o texto. Fica com medo. Pera aí, medo! É isso!

O ser humano frequentemente é movido pelo medo, não seria uma coisa muito arriscada de falar dos outros. Redige o parágrafo a todo vapor e, ao terminar, toma até um pequeno susto. Ao reler, se vê naquelas linhas específicas. Consegue se enxergar naquele trecho. Se recorda de seu próprio texto lá do primeiro mês de aula, quando o tema foi "autossabotagem". Decide fazer uma pausa e, paralisada pelo medo, faz um esforço razoavelmente grande para pegar um copo d'água. Medo de não estar bom o suficiente. Medo de se identificar em escritos inicialmente pensados para outra pessoa. Ah, a tal da psicologia. "É um sentimento comum, todo mundo tem medo. Tá tudo bem.", pensa ela ao colocar a água em seu copo favorito lá da infância.

Volta para o computador para finalizar o texto. Leva alguns minutos para conseguir pensar em exemplos pessoais, principalmente na parte da música. Com a indecisão reinando, entra em seu Spotify para se inspirar e acaba ficando mais tempo do que esperava lá, mas consegue recuperar seu foco. Depois de algum tempo, apesar de todos os pensamentos negativos que pairaram sua cabeça durante a escrita, consegue terminar. Mas ela não sente apenas alívio ao concluir (já que o BBB estava prestes a começar), sente orgulho. Sabe que fez um bom texto. Respeitoso, mas sincero. Detalhista, mas sem ser intrusivo. Metafórico, mas objetivo.
A pulga atrás da orelha dos pensamentos chamada psicologia a ajuda e amedronta simultaneamente.
Creio que a todos nós.

Rosto Fosco 

11 comentários:

  1. Rosto, achei muito interessante você escrever o seu texto nessa estrutura de narrativa. Gostei demais, parabéns!

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  2. Uau, Rosto! Mais um texto impecável. A análise que você fez da Estrela me fez perceber ela exatamente desse jeito. Parabéns!!

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  3. Rosto, gostei muito do texto! Adorei que você desenvolveu uma resposta para a Estrela usando uma narrativa do dia dela ao escrever um texto. Acho que nós conseguimos ver e entender mais o que ela sente assim!
    Parabéns! Milhares de beijinhos <3

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  4. Oi, Rosto! Adoreeeei o texto, acho que foi muito bem na proposta! Acho que analisou muito bem os textos e a estrela! Parabéns!

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  5. Ótimo texto, Rosto! Amei a narrativa.

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  6. Mais um texto extremamente bem feito! Absurdo a sua capacidade de escrita, Rosto! Muito bem feito e sutil. E, sim, creio que em todos nós...

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  7. Simplesmente brilhante! Amei seu texto, usou bem o texto que escrevi. Uma bela resposta e cheia de referências. E ainda digo, acertou em vários momentos.

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  8. Rosto Fosco, adorei o seu texto! E devo admitir que a psicologia tanto me ajuda como as vezes me incomoda, ela esta constantemente querendo me tirar da minha zona de conforto. Enfim, achei seu texto muito bem elaborado e escrito, então, foi uma boa leitura. Obrigada por isso!

    Beijos, Estrela!

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  9. Adorei seu texto, Rosto. Achei muito bem elaborado. Parabéns!

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