Metrô lotado. Ruas repletas de sons. Crianças com suas fantasias
de mini odaliscas, super-heróis e princesas, preocupadas apenas em gastar seus
confetes e espumas. Calor. Taj mahal. E uma boemia muito conhecida digna do
cenário no qual se encaixa. É um pouco óbvio o que está sendo descrito nesse
jogo de palavras; Carnaval, mais especificamente O carnaval do Rio de Janeiro,
é o protagonista de todas essas situações, essas que causam euforia e ansiedade
o ano inteiro, que nos fazem querer emendar o feriado de 7 de setembro com
fevereiro, afinal, quem nunca?
Tenho uma
teoria, de que o carnaval nos escolhe, como uma entidade, talvez eu esteja
romantizando um pouco demais a festa da carne, mas quem vive de corpo e alma
esse momento sabe do que eu estou falando. Não existe época em que as pessoas
estejam mais abertas umas às outras, entregues aos ritmos tão nacionais, de
raízes, que durante o ano são esquecidos e principalmente com a mente mais leve
e despreocupada, dispostas a encarar os tão temidos perrengues do dia a dia.
Sei por
experiência própria, que entrar em um ônibus lotado na segunda-feira de manhã
de um dia qualquer e ter que empurrar incontáveis braços e pernas mal-humorados,
sim, essa personificação é possível, é comparável a tortura. Mas também,
lembro-me muito bem do meu último carnaval, no qual sai de casa exatamente às
5:40 de uma terça-feira, recebi um aviso, sobre ser possivelmente assaltada no
ponto de ônibus, de uma senhora amigável que olhou um pouco assustada para
minha fantasia improvisada de cigana, me espremi em um ônibus sem limites de
passageiros e um ar condicionado defeituoso. Tortura? Nem um pouco. Posso recordar
todas essas coisas com perfeição, mas o que fica marcado é a felicidade que
conseguimos emanar mesmo nessas situações, são as pessoas cantando músicas
conhecidas de forma sincronizada na estação de metrô lotada, casais se
formando, um em cada ponta do ônibus, e todos os outros piratas, zorros e as
princesas Léia vibrando um pelo outro. Isso só pode significar uma coisa: O
carnaval tem magia. Afinal, só magia para fazer uma pessoa que se irrita com
outro cidadão falando alto no telefone no transporte público, se juntar com
pessoas alcoolizadas cantando “Você partiu meu coração” 7 horas da manhã. Já
dizia Chico Buarque, “Carnaval, desengano, deixei a dor em casa me esperando, e
brinquei e gritei e fui vestido de rei”
Didico Imperador
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