sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Um vício: me apaixonar

Existe os viciados em droga, os viciados em dormir, os viciados em sexo e existe eu: a viciada em me apaixonar. Meu coração sempre cedeu muito fácil para o amor. Não tem um momento, que eu pare pra pensar no passado, no qual meu coração não esteja se partindo por alguém. Sinto-me numa solidão sem fim se não tenho um nome por qual lutar ou existir. Preciso de alguém pra dar um objetivo a minha vida. Eu nunca me bastei. Isso é triste. Amores precisam te transbordar e não te completar. No meu caso, é me encher, porque sou completamente vazia. Porém, se você pensou que foram amores concretizados, quando falei em ter um nome me preenchendo, está muito enganado. Meus amores são ilusórios, irreais e surreais. Nunca chegaram a ser correspondidos ou mesmo ouvidos. Sempre silenciados. Eu tenho uma mente apaixonada, embora minhas ações demonstrem desapego e liberdade. Ora, eu sou um mix de me ama e me solta. Culpe o meu signo, não a mim. 

Em um momento da minha vida, depois de tanto baleada, eu desisti de amar e de me amar - se é que um dia isso aconteceu. Sai me atirando em braços sem abraços e em bocas sem promessas. Corpos que se conversam, mas não querem dizer nada. Olhares vazios e tão plurais que me fizeram sentir menos que um nada. Do que adiantou dar um pedacinho pra cada esquema se no final eu fiquei sozinha? Prossegui e aceitei essa condição. Por muito tempo, me permiti negar a minha essência e meus princípios. Olhei aquele latão de lixos e joguei meu último pedaço de amor próprio ali, sem dizer adeus. Procurei no álcool uma forma de ocupar esse vácuo, de me fazer esquece-lo. Desde então, venho de bar em bar tentando me ocupar e morrendo cada dia um pouco mais. Entretanto, assim como todo cão vira-lata precisa de amor, eu pulsei por amar novamente. Esgotei-me desse copo cheio e alma vazia. 

Dizem que o amor surge quando a gente para de procura-lo. Então, dessa vez, ele me encontrou. Meu muro já estava erguido. Meu coração - nem sei se poderia chamar assim um "troço" tão deformado - já estava dopado de sedativos. Minha vida já havia se perdido na boemia, mas, ainda assim, ele continuou. Ele chegou de mansinho e devagarinho foi tentando romper minhas barreiras. Com paciência, foi demolindo cada montanha que me protegia de amar novamente. Cada uma das minhas estruturas foram caindo, foram cedendo. Meu coração, ainda deformado, começou a pulsar com vida outra vez. Eu não sabia que dentro de mim a tempestade ia cessando aos poucos. Não queria admitir ou tomar consciência disso. Pra mim, ele era apenas mais uma das minhas diversões que acabam depois do beijo. Porém , depois do primeiro, ele quis o segundo, o terceiro, quis mais um, depois mais outro, e eu fui me entregando aos poucos. Surtei! Claro que surtei. Já pus tanto meu coração no meio do tiroteio que tive medo de tentar novamente.

Ser correspondida me assusta. Nunca achei que fosse digna disso. Vocês já devem ter percebido que minha única pauta é um amor não correspondido, mas agora, quero um desenrolar diferente. Estou no meio dessa situação e tenho medo de prosseguir. Nas minhas antigas decepções, sempre fui a primeira a entregar as cartas do jogo e dizer que estava apaixonada. Agora foi diferente. Eu ouvi isso da boca dele. Ainda ouço um eco de “eu estou apaixonado por você”, várias e várias vezes sendo repetidas na minha cabeça. Eu não quero me precipitar novamente e acabar com algo sem antes ter começado. Já disse que sou uma máquina de destruição? Estrago com todas as coisas boas na minha vida por me antecipar. Dessa vez, quero um final feliz pra minha história de amor. Espero, na próxima, poder revelar a vocês, um final diferente da decepção. Enquanto isso, coloco uma reticências nesse texto, pois não quero que o meu amor tenha um fim.

Capitu Fiel

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