Existe
os viciados em droga, os viciados em dormir, os viciados em sexo e
existe eu: a viciada em me apaixonar. Meu coração sempre cedeu muito
fácil para o amor. Não tem um momento,
que eu pare pra pensar no passado, no qual meu coração não esteja se
partindo por alguém. Sinto-me numa solidão sem fim se não tenho um nome
por qual lutar ou existir. Preciso de alguém pra dar um objetivo a minha
vida. Eu nunca me bastei. Isso é triste. Amores
precisam te transbordar e não te completar. No meu caso, é me encher,
porque sou completamente vazia. Porém, se você pensou que foram amores
concretizados, quando falei em ter um nome me preenchendo, está muito
enganado. Meus amores são ilusórios, irreais
e surreais. Nunca chegaram a ser correspondidos ou mesmo ouvidos.
Sempre silenciados. Eu tenho uma mente apaixonada, embora minhas ações
demonstrem desapego e liberdade. Ora, eu sou um mix de me ama e me
solta. Culpe o meu signo, não a mim.
Em
um momento da minha vida, depois de tanto baleada, eu desisti de amar e
de me amar - se é que um
dia isso aconteceu. Sai me atirando em braços sem abraços e em bocas
sem promessas. Corpos que se conversam, mas não querem dizer nada.
Olhares vazios e tão plurais que me fizeram sentir menos que um nada. Do
que adiantou dar um pedacinho pra cada esquema
se no final eu fiquei sozinha? Prossegui e aceitei essa condição. Por
muito tempo, me permiti negar a minha essência e meus princípios. Olhei
aquele latão de lixos e joguei meu último pedaço de amor próprio ali,
sem dizer adeus. Procurei no álcool uma forma
de ocupar esse vácuo, de me fazer esquece-lo. Desde então, venho de bar
em bar tentando me ocupar e morrendo cada dia um pouco mais.
Entretanto, assim como todo cão vira-lata precisa de amor, eu pulsei por
amar novamente. Esgotei-me desse copo cheio e alma
vazia.
Dizem que o amor surge quando a gente para de procura-lo. Então, dessa vez, ele me encontrou. Meu muro
já estava erguido. Meu coração - nem sei se poderia chamar assim um "troço" tão
deformado - já
estava dopado de sedativos. Minha vida já havia se perdido na boemia,
mas, ainda assim, ele continuou. Ele chegou de mansinho e
devagarinho foi tentando romper minhas barreiras. Com paciência, foi
demolindo cada montanha que me protegia de amar novamente. Cada uma das
minhas estruturas foram caindo, foram cedendo. Meu coração, ainda
deformado, começou a pulsar com vida outra
vez. Eu não sabia que dentro de mim a tempestade ia cessando aos
poucos. Não queria admitir ou tomar consciência disso. Pra mim, ele era
apenas mais uma das minhas diversões que acabam depois do beijo. Porém ,
depois do primeiro, ele quis o segundo, o terceiro,
quis mais um, depois mais outro, e eu fui me entregando aos poucos.
Surtei! Claro que surtei. Já pus tanto meu coração no meio do tiroteio que tive medo de tentar novamente.
Ser correspondida me assusta. Nunca achei que fosse digna disso. Vocês já devem ter percebido que minha
única pauta é um amor não correspondido, mas agora,
quero um desenrolar diferente. Estou no
meio dessa situação e tenho medo de prosseguir. Nas minhas antigas
decepções, sempre fui a primeira a entregar as cartas do jogo e dizer
que estava apaixonada. Agora foi diferente. Eu
ouvi isso da boca dele. Ainda ouço um eco de “eu
estou apaixonado por você”, várias e várias vezes sendo repetidas na
minha cabeça. Eu não quero me precipitar novamente e acabar
com algo sem antes ter começado. Já disse que sou uma máquina de
destruição? Estrago com todas as coisas boas na minha vida por me
antecipar. Dessa vez, quero um final feliz pra minha história de amor.
Espero, na próxima, poder revelar a vocês, um final diferente
da decepção. Enquanto isso, coloco uma reticências nesse texto, pois
não quero que o meu amor tenha um fim.
Capitu Fiel
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