Você já se sentiu um intruso? Não só de um lugar ou
ocasião, mas da vida. Como se sua existência fosse dispensável, como se
você não estivesse realmente vivo.
A visão fica
turva, o coração bate mais forte e vem o desespero. Ah, o desespero.
Parece que nada mais importa e nada mais te diz respeito, você não está
lá. Nunca esteve. O terror, o pessimismo; tudo sem motivo, tudo de
surpresa. Surge do nada mas te faz querer rasgar cada centímetro da sua
pele. É como se você tivesse caído de paraquedas em uma realidade que
não é sua.
É sensação forte o suficiente pra te
fazer querer parar de sentir. E você sabe como é ruim não sentir. São
todas as emoções do mundo dentro de você e você não sabe lidar com
nenhuma delas. É a dor que você não pode controlar, mas que faz questão
de te visitar. Você não sabe onde está, nem o que aconteceu, mas sabe
que não vai aguentar. Seu quarto não se parece seu quarto, seu namorado
não se parece com seu namorado, suas preocupações não são, de fato,
suas.
É como se tudo que te faz bem tivesse sumido.
Você sabe que não tem mais nada, porque você agora é o nada, que é o
tudo também. Você é o emaranhado daquilo que você mesma nunca pôde
suportar. Tudo que um dia você negligenciou: cada tristeza, cada mágoa,
cada frustração. É o tudo te inundando e te puxando para todos os lados.
A existência te cobrando todas as vezes que você ousou se afastar da
realidade.
E não adianta pedir que pare, não
adianta se agarrar no seu mais amado ser, nada vai fazer isso parar. Só o
tempo. O tempo que nunca passa e faz com que você conte cada segundo na
sua cabeça enquanto você só sabe sentir. Dor. Os afagos e as palavras
não surtem mais efeito e você afunda cada vez mais. Um buraco negro
dentro de você. Onde você mesma se enfiou. E, no final, parece que nada
aconteceu, porque você foi o nada. Mas agora você é você de novo.
Até a próxima.
Sylvia Plath
Nenhum comentário:
Postar um comentário