Desconheço a paixão. Nunca me apaixonei por ninguém. Meus
olhos nunca brilharam por ninguém. Nunca me interessei por ninguém a ponto de
querer algo a mais. Bem, claro que já senti aquele friozinho na boca do estômago
como se estivesse numa montanha russa. Aquele nervosismo antes do primeiro
encontro. Aquelas perguntas que não me deixam dormir no dia anterior. Será que
ele vai? Como vai ser? Ele vai me beijar? Será que finalmente vou me apaixonar?
Eu só não sei se é meu signo, meu ascendente ou minha lua em
aquário que me bloqueiam de sentir algo além de atração por alguém. Me sinto um
alienígena perto das outras pessoas que já amaram. As vezes até penso em
procurar um psicólogo para tratar esse bloqueio amoroso (e eu deveria mesmo).
As pessoas com quem me relacionei simplesmente passaram na minha vida por
passar, para eu ter alguma experiência ou alguma esperança de me apaixonar. Aquelas
atrações físicas que viraram amizade. Aqueles amores rasos que não eram nenhum
oceano para eu me afogar.
Quero um amor com que eu possa contar nos sufocos da vida.
Quero alguém para ser meu melhor amigo, companheiro de Netflix e ficante
eterno. Alguém que goste da minha personalidade. Goste de mim apesar de acordar
toda descabelada. Que eu olhe para a pessoa e admire quem ela é, só por ser
quem ela é.
Vejo casais andando na rua de mãos dadas, observo os meus
pais e seu casamento duradouro de 25 anos e penso: como é possível? Como as
pessoas conseguem simplesmente se apaixonar umas pelas outras? Devo estar
carente ou só de TPM mesmo, porque não gosto de acreditar que tenho a necessidade
de ter alguém comigo. Gosto da minha solidão e do meu espaço. Da minha
privacidade mantida em segredo.
Mas pensar que nunca me apaixonei parece estranho, anormal,
algo de outro mundo. Queria saber algum dia como é a paixão verdadeira e
avassaladora. Aquela que eu leio nos livros de Nicholas Sparks. Aquela que te
deixa sem ar. Aquela paixão tão profunda que nunca acaba.
Bom, dizem que quando você para de procurar por algo, você
acha. Então, eu simplesmente parei de procurar me apaixonar pelas pessoas. Tenho
uma fechadura, que pode ser aberta a qualquer momento. Eu não sei como vou abrir
sem a chave, mas se eu achar alguém que tenha uma, eu pego emprestado, abro a
porta e me desbloqueio para ela.
V. P. Laurie
Em geral gostei do texto, porém acho que é cercado de muitos clichês, como em "aqueles amores rasos que não eram nenhum oceano para eu me afogar". Achei o início impactante e me fez continuar a ler a crônica, além do texto ser emocionante, pois da pra perceber/entender a angústia que existe dentro dessa pessoa.
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