sexta-feira, 20 de outubro de 2017

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Desconheço a paixão. Nunca me apaixonei por ninguém. Meus olhos nunca brilharam por ninguém. Nunca me interessei por ninguém a ponto de querer algo a mais. Bem, claro que já senti aquele friozinho na boca do estômago como se estivesse numa montanha russa. Aquele nervosismo antes do primeiro encontro. Aquelas perguntas que não me deixam dormir no dia anterior. Será que ele vai? Como vai ser? Ele vai me beijar? Será que finalmente vou me apaixonar?
Eu só não sei se é meu signo, meu ascendente ou minha lua em aquário que me bloqueiam de sentir algo além de atração por alguém. Me sinto um alienígena perto das outras pessoas que já amaram. As vezes até penso em procurar um psicólogo para tratar esse bloqueio amoroso (e eu deveria mesmo). As pessoas com quem me relacionei simplesmente passaram na minha vida por passar, para eu ter alguma experiência ou alguma esperança de me apaixonar. Aquelas atrações físicas que viraram amizade. Aqueles amores rasos que não eram nenhum oceano para eu me afogar.
Quero um amor com que eu possa contar nos sufocos da vida. Quero alguém para ser meu melhor amigo, companheiro de Netflix e ficante eterno. Alguém que goste da minha personalidade. Goste de mim apesar de acordar toda descabelada. Que eu olhe para a pessoa e admire quem ela é, só por ser quem ela é.
Vejo casais andando na rua de mãos dadas, observo os meus pais e seu casamento duradouro de 25 anos e penso: como é possível? Como as pessoas conseguem simplesmente se apaixonar umas pelas outras? Devo estar carente ou só de TPM mesmo, porque não gosto de acreditar que tenho a necessidade de ter alguém comigo. Gosto da minha solidão e do meu espaço. Da minha privacidade mantida em segredo.
Mas pensar que nunca me apaixonei parece estranho, anormal, algo de outro mundo. Queria saber algum dia como é a paixão verdadeira e avassaladora. Aquela que eu leio nos livros de Nicholas Sparks. Aquela que te deixa sem ar. Aquela paixão tão profunda que nunca acaba.  
Bom, dizem que quando você para de procurar por algo, você acha. Então, eu simplesmente parei de procurar me apaixonar pelas pessoas. Tenho uma fechadura, que pode ser aberta a qualquer momento. Eu não sei como vou abrir sem a chave, mas se eu achar alguém que tenha uma, eu pego emprestado, abro a porta e me desbloqueio para ela.

 V. P. Laurie

Um comentário:

  1. Em geral gostei do texto, porém acho que é cercado de muitos clichês, como em "aqueles amores rasos que não eram nenhum oceano para eu me afogar". Achei o início impactante e me fez continuar a ler a crônica, além do texto ser emocionante, pois da pra perceber/entender a angústia que existe dentro dessa pessoa.

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