sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Por quê?



Por que não paro?
Por que prossigo?
Por que insisto?
Por que lamento?
Por que reclamo?
Por que ajo?
Por que me omito?
Por que desabafo?
Por que levanto?
Por que indago?
Por que questiono?
Por que respondo?
Por que este infindável
Por quê?

Não consigo. Porque parar de me sentir poderoso na minha querência de infância. Que razão teria para isso? Não, não sonhei que meus passos me diriam que seria rei de um povo, foi o tombinho de uma dama, e a realidade da minha própria sorte que me levou ao trono. Será que não foi?
Prossigo sem me importar. Não fui em quem quis, me deram poder, eu adorei, aguentem.
Estou trabalhando dia após dia para construção de uma nova Nação, não aquela popular vermelha e preta, mas as de um arco-íris tremendamente viável, sustentável de grandes realizações.
As revezes das ações acontecem naturalmente, não preciso me importar, o futuro que me julgue campeão ou vice, não importo, importa é o momento.
 Mudando de assunto, quando é que vai haver novas investigações, pois dessa, saio facinho, facinho. Os grupos me sustentam, as casas me temem, temer o que?

Que massa de fogueteiros falantes essa, não? Todos na minha mão: “cai, cai balão, cai aqui na minha mão! “Vou lá sim comer, meu caviar e beber meu uisquinho 50 anos.
Passa quatro, não a cidade literária, que esqueceu meus poemas debaixo das tendas abarrotadas de cultura, mas passa 8 anos de espera, e olha a sorte me dando outra oferta. Porque não aproveitar mais?
Não fui eu que insisti, repito, me deram de lambuja essa peleja. A mesma sorte que deu uma daminha jovem 40 aninhos a menos que eu. E um principezinho lindo, que vou alimentar com danoninho dourado, cheirando a papel moeda. Oxalá o Michelzinho também goste da sorte como eu, e suba ao trono como tantos subiram, mas sem a sorte como a minha? Duas vezes? Acho difícil. Alavancando multidões pelo voto, ensandecidas como o novo, o belo e as promessas de sempre, com ares milagrosos e bastante artistas a enfeitar a festa com uma imensa nuvem plúmbea e suporte midiático de coloração marrom.
Santa sorte, poder de rei, não se indaga se obedece, se aproveita e jamais se questiona a divindade. Obedece-se.
Lava-se a jato tanta coisa: a honra, a briga, a ofensa, a moral, a ética, menos a política. Mas porquê? Porque? Ah, deixa pra lá a sorte que responda, não foi ela que que me elegeu? Agora aguentem súditos.
Julinho da Adelaide

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