O que estou fazendo? Essa deve ser a pergunta que mais
me faço. Geralmente, não sei a resposta. Não é uma atitude inteligente e não me
traz nenhum amparo, mas continuo a fazê-la. Por que faço isso? Por que me faço
sofrer com esses pensamentos profundos e aleatórios? Aqueles pensamentos que
surgem antes de dormir, numa noite que eu devia dormir cedo e simplesmente não
consigo, pensamentos que aparecem quando estou olhando pela janela do ônibus,
num devaneio tão profundo que perco meu ponto, surgem quando estou caminhando
numa rua onde deveria estar mais atenta, eles surgem enquanto eu choro por não
aguentar mais pensar tanto, quando o que só queria era não pensar em nada,
porque tais pensamentos resultam em conclusões. Conclusões que, na maioria, me
assustam e me entristecem.
O que poderia deixar uma garota de 20 anos tão triste?
Minha família insiste em dizer que não tenho porque me sentir assim. “Apenas
pare com isso, garota!”. Amigos dizem como sou especial e querida, aquele
discurso genérico e vazio que damos a quem precisa de uma força. Nada ajuda,
não ajuda porque as crises existenciais voltam, mesmo quando acho que está tudo
bem. O quão triste é o maior desejo de uma pessoa ser ser feliz? Porque é esse
o pedido que faço toda vez que apago minhas velinhas de aniversário, quando uma
joaninha posa em mim ou quando faço uma oração mesmo sem fé num momento de
angustia extrema quando já não sei o que fazer.
A realidade não é tranquila, não é tudo que imaginei
quando era criança. Eu sempre tive grandes sonhos. A diferença é que hoje falta
fé em mim mesma para acreditar que algum dia alcançarei algo. É loucura como
sou tão desacreditada e ao mesmo tempo tenho tanta esperança de que tudo vai
dar certo no final. Mas que final? Eu não tenho que ser feliz “no final”, eu
tenho que ser feliz agora, tem que dar certo agora. Minha melancolia vem disso,
das conclusões negativas que resultam dos meus pensamentos. Pior que elas não
são negativas à toa, eu sou realista. Eu não faço por onde. É isso. É impressionante
como desejo tanto e faço tão pouco. É ridículo como tenho esperança na
felicidade mas sou tão improducente na corrida atrás dela. Eu sei da minha
tendência depressiosa mas tem coisas que eu poderia fazer pra completar algumas
das minhas metas e não faço. E tudo isso fica claro, quando paro pra pensar. É
contraditorio, é confuso, é insano. Essa aí é minha mente.
As possibilidades me assustam, a possibilidade de
nunca ser feliz, de nunca fazer a diferença no mundo ou na vida de alguém,
nunca ser compreendida ou, a pior, continuar sendo invisível. E é como dizem:
quem não é visto, não é lembrado. E eu quero muito ser lembrada. Meu medo é não
ser importante, ser esquecida. Não sei por quais motivos sou assim, talvez eu
seja depressiva ou apenas pessimista, talvez eu tenha passado por coisas que me
fizeram essa pessoa. A grande questão é que não sabemos quem seremos daqui a
alguns anos, não sabemos nem mesmo se continuaremos tendo os mesmo desejos
daqui a alguns meses. Mas nós podemos decidir quem somos hoje, ainda podemos
decidir fazer o que nos faz bem ou acreditamos que nos fará bem um dia.
Continuo na minha confusão, sem fé em mim mas com fé no futuro. Mas garrada à
minha esperança, porque no fim do dia é essa esperança por dias melhores que me
mantém em pé. Aguardando. Impacientemente.
Marie Brown
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