Domingo de Manhã
Caminhando na praia comecei a pensar nele, como sempre
fazia quando estava ali, afinal, a praia era nosso lugar. Era pra onde íamos
aos domingos de manhã e nos momentos de tédio.
E pensar nele significava lembrar de cada detalhe seu, pois eu os tinha
guardados num cantinho feliz do meu
cérebro. Seu sorriso largo, o cheiro de cigarro misturado à marca de perfume a
qual era fiel, e até mesmo seu assovio, que me fazia virar e procurá-lo aonde
quer que eu estivesse, porque tinha certeza de que seria ele me chamando.
Com ele fiz passeios, vivi aventuras e conheci novos
lugares. Com ele tive inúmeras “primeiras vezes”. A primeira vez que andei,
falei e fui à escola. A primeira vez que perdi um dente, amarrei um sapato e
pedalei minha bicicleta (com e sem rodinhas). A primeira vez que amei, e a
primeira que tive meu coração partido. Sim, “ele” é o meu pai.
Eu não me separei dele, minha mãe sim. E eu não a
culpo, nem a ninguém, na verdade. O amor romântico acabou, e o que restou foi
amizade. Eu entendia isso, já era crescida. Mas não quer dizer que foi fácil,
foi zero fácil. Ele se mudou, e isso significava não estar mais com ele todos
os dias. Foi um processo um tanto doloroso, mas eu me acostumei. Pelo menos os
domingos de manhã ainda eram nossos.
Eu queria que nossa história terminasse aí, para que o
filme congelasse com nós dois sentados na areia. Mas nem tudo nessa vida é
final feliz, e a segunda separação veio. Ele se mudou de novo, mas já não era
mais para outro apartamento, para outro bairro, nem para qualquer lugar que eu
pudesse encontrá-lo. Ele se mudou e eu não estaria com ele mais dia nenhum. Foi
um processo um tanto doloroso, mas eu me acostumei. Os domingos de manhã ainda
são nossos.
Greta
Confesso que me emocionei com o texto! Teve empatia pois trouxe exemplos do cotidiano como "amarrar o sapato" e "andar de bicicleta" e além disso humanizou o relato. Gostei de como a separação foi retratada tanto no que diz respeito aos pais quanto à morte.
ResponderExcluiramei a quebra de expectativa por ser o pai. O texto tem profundidade e é triste, mas ao mesmo tempo conseguiu ser leve! Parabens
ResponderExcluirGostei dessa repetição do final, como uma maneira de se acalmar, afirmando certezas. E sim, teve empatia e foi bem emocionante. Amei a delicadeza da escrita. E fiquei feliz de ler por aqui um texto sobre separação, mas não de casal!
ResponderExcluirTipo, enjoei de ler tanto clichê de amor kkkkkkkk bom texto
ResponderExcluirTipo, enjoei de ler tanto clichê de amor kkkkkkkk bom texto
ResponderExcluirAi que lindo, gostei bastante. Muito bonita a forma que o "Domingo de Manhã" seguiu pelo texto. Também tem empatia pq a maioria de nós passa por essas situações enquanto crescemos com nossos pais.
ResponderExcluirno inicio achei que fosse mais um texto comum de romance entre homem e mulher... mas quando percebi que a temática era outra me animei e achei muito bom. Parabéns!!
ResponderExcluirno inicio achei que fosse mais um texto comum de romance entre homem e mulher... mas quando percebi que a temática era outra me animei e achei muito bom. Parabéns!!
ResponderExcluirLegal o texto, o enredo foi criativo muito bem feito. Parabéns!
ResponderExcluirMuito legal a quebra de expectativa por ser o pai e não algum namorado, mostrou um outro tipo de amor. Bom título e bom trabalho por ele se relacionar tão bem com o texto.
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