domingo, 9 de outubro de 2016


Eu nunca mais vi o Billy

Faz um tempo que algo meio estranho aconteceu lá em casa. Eu tinha um amigo que morava comigo, mas ele sumiu de repente. 
A gente morava em um apartamento e eu tinha um quarto só meu. Além disso, tinha play, parquinho, brinquedoteca e piscina. Nas férias, eu e meus amigos do outro bloco passávamos o dia inteiro lá embaixo e só subíamos quando a mãe mandava jantar. 
Dentro de casa, o meu amigo Billy me esperava. Minha pai dizia que ele era poodle, minha mãe que ele cresceu demais. Eu nem ligava, quanto maior ele ficava, melhor pra brincar. 
A gente tinha que levar ele na rua pelo menos duas vezes por dia. Era a parte mais legal. Quando ouvia o barulho da coleira, ele corria de qualquer lugar da casa até a porta. Billy ficava tão feliz que fazia xixi antes de sair do prédio. Minha mãe ficava pra morrer. Eu morria de rir. 
Meus pais ficavam meio irritados. As meias, tênis e qualquer coisa que ficavam no chão serviam pro Billy comer. Mesmo com a gente comendo junto o meu almoço. Eu dividia com ele as minhas carninhas, mas de vez em quando ele vomitava e mamãe brigava comigo.
E quando vinha visita, o Billy ficava tão feliz que queria brincar com todo mundo. Meu pai prendia ele no meu quarto, mas não adiantava muita coisa. Ele chorava bem alto. Meus pais ficavam muito irritados.
Cada vez ele crescia mais e a varanda lá de casa ficou pequena. Eu queria dividir meu quarto com ele, mas mamãe disse que eu podia pegar alguma doença. Aí meus pais ficaram estranhos. Eu só sei que um dia acordei e o Billy não tava mais lá. Achei que ele tivesse ido tomar banho, mas minha mãe falou que ele tinha ido ficar com uma família onde ele ia estar mais feliz. 
Eu não entendi. Ele era feliz com a gente. Ela disse que ele ia ter mais espaço. Eu também não entendi porque eu deixava ele ficar no meu quarto escondido. Só sei que chorei e não adiantou nada. Minha mãe ficou fazendo carinho na minha cabeça, mas nunca mais vi o Billy.


Valdea Bennet

12 comentários:

  1. Tive empatia com o narrador, sacanagem separarem ele do cachorro. Não usou definidores primarios.

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  2. Concordo, fiquei com pena... Gostei de como o tema foi usado na relação entre cachorro e dono, afinal, é uma das separações que mais doem na vida

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  3. Achei meu confuso, falta "concordância" nas palavras. Apesar disso, captei a essência do texto. Achei ótimo que saiu do clichê do romance e abordou uma separação diferente do cotidiano

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    1. Enquanto eu tava escrevendo tb senti um pouco isso, acho que foi por estar tentando criar um novo ponto de vista que eu nunca tinha escrito. obrigada pela crítica :)

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  4. Ai, que triste. Achei bem legal o jeito que foi escrito, com uma linguagem mais infantil e tal. Deu pra se relacionar com a situação, também. Dar adeus pros bichinhos é ruim demaisss

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  5. Me lembrou marley e eu agora. Quase choro kkkkkkk. Diferente dos textos clichês de amor, e gostoso de ler. Bom demais

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  6. Me lembrou marley e eu agora. Quase choro kkkkkkk. Diferente dos textos clichês de amor, e gostoso de ler. Bom demais

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  7. que lindo...gostei bastante, é muito facil de se identificar com o garoto.

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  8. que lindo...gostei bastante, é muito facil de se identificar com o garoto.

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  9. Muito bom a separação ter sido entre cachorro e dono, e não entre duas pessoas. Primeiro porque isso torna seu texto um pouco diferente dos que vemos aqui, segundo porque essa relação (humano-cão) é muito forte. Muito bom! Só tome cuidado com a concordância.

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  10. Que texto! Uma história comovente e que abordou o tema nesse sentido. Foi bem escrito.

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  11. Não achei original, mas é bem escrito, não gostei do final porque parece que acaba de repente com um final muito comum. Podia ter valorizado mais o final.

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