NHAMANDU JOGWERU
O sol nasce. Desperto e meus irmãos já estão a postos
para iniciar o ritual de pintura. Hoje é dia de celebrar à mãe Terra, agradecer
ao pai Sol por toda diversidade e ao sucesso da colheita. Desde de curumim
aprendi que o bicho homem veio do verde e o verde dissolverá sua carcaça quando
seu universo singular vier a findar-se. Aprendi também que a prática de duas palavras
é fundamental para a nossa permanência nesse espaço físico: respeito e
equilíbrio.
A cerimonia sagrada se inicia e com ela
nosso ritual pulsado. Todos em ordem com seus maracás chocalhando. Um pé
batendo mais forte no chão em um compasso binário para marcar o ritmo da dança
e da música. O uso do corpo como barulho e a voz feminina em consonância com a
voz masculina concede um contraste musical que nos basta. A fogueira
complementa o culto à natureza, juntamente com os curumins da tribo, signo máximo
de perpetuidade.
Me sinto mais uma vez vivo. Vivo por
respirar desse ar purificado. Vivo por beber dessa água ungida. E vivo,
principalmente, por todos aqueles ao meu redor que me permitem transcender do
meu jeito próprio, longe de toda aquela poluição e deturpação de valores que eu
vi na cidade grande, longe do homem branco. Enquanto reflito sobre o quão
abençoado sou, continuo a dançar. Bato o pé direito com mais leveza, depois o
esquerdo cm maior força, em minha mão o maricá soa. Me sinto parte da natureza.
A natureza, minha tribo e eu somos um só.
Por isso a necessidade de agradecer por esse vínculo tão refinado. Tudo que eu
tenho veio da mãe terra, e tudo que eu emito vai para mãe terra. União
agraciada pelo pai sol que emana sua energia para selar essa ligação. A
fogueira continua a queimar e o maricá a soar.
Nina Meneses
Interessante o POV apresentado. Achei que cumpriu bem a proposta do texto com a escolha das palavras e situações.
ResponderExcluirBem criativa a abordagem ao tema. Gostei da linguagem utilizada também.
ResponderExcluirO texto é bem ilustrativo. Dá pra imaginar-se na mata, a fogueira queimando, o barulho dos pés no chão. A linguagem, a descrição dos elementos, tudo isso contribui. E deixa uma sensação muito gostosa.
ResponderExcluirPra mim foi o pov mais interessante abordado. Surpreendente e gostoso de se ler! Adorei a descrição e como não ficou um texto enjoativo pois não houve repetições desnecessárias. O caráter antropológico e psicológico podem ter sido arriscados, mas foram marcantes e é como se fosse um relato realmente de um índio e foi o que mais gostei nessa crônica. Talvez o que possa vir a ser um ponto negativo é que não haverá uma conexão íntima na qual o leitor poderá se identificar. No mais, ótima crônica! Parabéns pela ideia inusitada!
ResponderExcluirMuito obrigada! A ideia é justamente trazer uma reflexão sobre o pq de hj não haver essa conexão e ate mesmo empatia com as questões indígenas e da natureza. Pq um texto sobre cachorro me comove e pq um sobre os índios e a natureza não? Ambos os temas são e total relevância, mais um é mais empático que o outro. Cabe o questionamento.
ExcluirO gratidão de nossos nativos é linda e foi muito bem utilizada. É simples e com uma mensagem bonita. Talvez caberia uma referência que explicasse o titulo (caso tenha me desculpe, passou despercebido). Gostaria de ter visto um pouco mais de descrição por parte do POV em alguns parágrafos. É muito boa de ler e deveria ser de maior apreço entre os leitores, pois a temática é muito interessante.
ResponderExcluirO título é traduzido no primeiro período do texto. Quanto à descrição do pov vou refletir um pouco mais sobre como sanar essa carência. Grata pela comunicabilidade.
ExcluirAcho que o POV é muito bem feito por utilizar palavras indígenas, pela maneira que se refere à natureza e pela descrição muito bem detalhada. Gostei bastante do texto. A gratidão é bem simples, mas muito comovente pela maneira que você construiu o texto. Acho que além disso, esse texto é perene porque fala sobre a relação do índio com a natureza e exerce a cidadania por falar sobre respeito e equilíbrio nas relações do homem com tudo a sua volta. Parabéns.
ResponderExcluirMuito bom o texto!O POV é muito interessante e foi muito bem escrito. Acredito que conseguiu atingir muito bem a proposta. Gosto também do contraste feito entre o que se vive em uma tribo e o que se vive nas cidades.
ResponderExcluirMuito bom o texto!O POV é muito interessante e foi muito bem escrito. Acredito que conseguiu atingir muito bem a proposta. Gosto também do contraste feito entre o que se vive em uma tribo e o que se vive nas cidades.
ResponderExcluirO POV foi utilizado de forma muito bonita, quase poética. O contraste entre formas de sociedade deu um toque especial. Além disso, como regra em seus textos, a escrita é muito bem elaborada. Parabéns!
ResponderExcluirBem poético e fotográfico, da pra enxergar cena por cena do que foi descrito
ResponderExcluirGostei bastante da abordagem meio que intercultural que você fez no POV, mostrou que apesar de práticas culturais diferentes ao redor, o ser humano pode sim alcançar a plenitude. Só achei que faltou algo surpreendente ou uma interação mais externa do narrador com o ambiente, mas gostei.
ResponderExcluirAchei interessante a escolha do pov,a abordagem e o uso de palavras foram bem utilizadas. Para mim foi cansativo algumas repetições, mas no geral foi um otimo texto.
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